Exemplo a ser seguido no SUS

Todos sabemos o quanto é difícil a situação da saúde no país, com constante falta de verbas, de profissionais habilitados, com dificuldades para aquisição e reposição de equipamentos e, entre outros pontos, pelo aumento da demanda pelos procedimentos do Serviço Único de Saúde (SUS). Em muitos casos, houve um incremento de demanda por conta da diminuição de vagas no mercado de trabalho, fazendo com que muitos trabalhadores fiquem sem os direitos de quem está formalizado no mercado laboral, inclusive o acesso aos planos de saúde, o que acabou por sobrecarregar o SUS. No Brasil, por força da legislação vigente, tanto em nível constitucional como em leis esparsas, notadamente pela Lei 8.080/90, o acesso é universal aos tratamentos de saúde, sendo também marcado pela gratuidade. Diante das dificuldades orçamentárias, não é difícil intuir as adversidades para cumprir essas determinações legais.

Entretanto, algumas ocorrências mostram que as coisas podem e devem ser diferentes. Dados do Conselho Brasileiro de Oftalmologia, nos últimos cinco anos, indicam que cirurgias feitas pelo SUS beneficiaram pelo menos 1,3 milhão de brasileiros, afastando-os do risco de cegueira por glaucoma. Essa enfermidade é a maior causa evitável de cegueira em todo o mundo. Segundo a entidade, no período entre 2019 e 2022, tratamentos clínicos e cirúrgicos contra a doença fizeram a diferença para, em média, 289 mil pacientes, a cada ano, de todas as regiões brasileiras.

Essas revelações sobre o êxito da luta contra o glaucoma, um mal e que assola entre 1% e 2% da população mundial e que pode ser contido em sua progressão se for combatido a tempo, mostram que é possível, apesar de todos os entraves e obstáculos, obter bons resultados. Para tanto, urge que a população e o poder público estejam unidos para que esses indicadores positivos possam ser estendidos para outras pautas do SUS, como o zeramento das cirurgias eletivas e o combate célere e eficiente contra o câncer nas suas diversas modalidades.