Manipulação no esporte

Há uma frase atribuída ao escritor George Orwell em que ele define o esporte como uma guerra que se trava sem armas. E nisso reside sua nobreza, pois os atletas dão o melhor de si de forma lícita na busca pela vitória, o que envolve muita superação, aprimoramento técnico e, como não poderia deixar de ser, uma postura ética no respeito ao adversário e ao público que prestigia as modalidades. Infelizmente, apesar de a esmagadora maioria da coletividade esportiva observar as regras, as leis e os costumes e agir licitamente no seu cotidiano, não é incomum que haja uma minoria inescrupulosa que se deixa levar pelo desejo do lucro fácil. Um exemplo é a atividade criminosa no futebol brasileiro, que está sendo apurada pelas autoridades na Operação Penalidade Máxima.

Tudo começou a partir de investigações surgidas em Goiás acerca de manipulações em partidas da Série B envolvendo atletas daquele estado e se estendeu pelo país a partir do surgimento de novas denúncias em que apostadores em redes sociais e em portais de apostas estariam subornando jogadores visando acertar dados estatísticos da partida, como gols, expulsões, pênaltis, finalizações, escanteios, cartões amarelos, entre outras ocorrências. Até agora já cerca de três dezenas de investigados, envolvendo corruptores e integrantes de times de várias séries do campeonato brasileiro, que estão sujeitos a sanções previstas no Código Penal, no Estatuto do Torcedor e o Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD). Entre várias punições, os culpados estão suscetíveis à condenação de dois a seis anos de prisão e multa para aqueles que solicitaram ou aceitaram vantagem patrimonial.

O futebol, assim como o esporte em geral, mexe com a paixão dos espectadores, com o patrimônio de clubes e patrocinadores, gera emprego e renda e não pode ser aviltado pela ganância de gente vinculada ao crime organizado. Há que se apurar com rigor os fatos e devolver a ele sua magia e o espírito esportivo que lhe é intrínseco e imprescindível.