Direto ao Ponto

Polícia Civil indicia guru e demais líderes de comunidade em Viamão por 12 crimes

Investigações iniciaram após denúncias de ex-integrantes da comunidade, que resultou na deflagração da Operação Namastê em 2024

"Imagem da Operação Namaste, deflagrada por agentes da 1º DP de Viamão
"Imagem da Operação Namaste, deflagrada por agentes da 1º DP de Viamão Foto : Polícia Civil / CP Memória

A Polícia Civil concluiu o relatório parcial, referente à primeira fase da Operação Namastê, apontando indícios de autoria e materialidade de uma série de crimes atribuídos ao líder de uma comunidade e seus dois filhos. O espaço, localizado entre Viamão e Porto Alegre, foi alvo de operação no fim de 2024.

As investigações, iniciadas a partir de denúncias de ex-integrantes da comunidade, revelaram práticas sistemáticas de tortura psicológica, exploração econômica, manipulação emocional e violência simbólica, realizadas sob o disfarce de rituais espirituais e terapêuticos. Segundo o inquérito, os adeptos eram submetidos a rituais coercitivos, isolamento social, humilhações públicas e trabalhos forçados, além de terem sido vítimas de violência sexual mediante fraude e golpes financeiros.

Os líderes foram indiciados por associação criminosa, tortura psicológica, estelionato, redução à condição análoga à de escravo, curandeirismo, charlatanismo, crime contra a economia popular, violência sexual mediante fraude, exposição de crianças a constrangimento, falsificação de produto terapêutico, injúria racial e discriminação por orientação sexual.

Como eram praticados os crimes

De acordo com a Delegada Jeiselaure de Souza, responsável pelas investigações, as ações criminosas envolviam a captação de recursos financeiros de fiéis e simpatizantes, sob falsas promessas de cura espiritual e prosperidade, além da prática de métodos terapêuticos não reconhecidos, com potencial lesivo à saúde física e mental dos envolvidos. Também foram identificadas práticas de isolamento social forçado, inclusive de menores, e atos que configuram tortura física e psicológica.

O inquérito também comprovou o uso de pseudoterapias ilegais, como ozonioterapia retal, e a realização de rituais de “cura gay”, considerados formas de tortura e discriminação. “O inquérito demonstra um padrão de manipulação psicológica e abuso de poder espiritual, no qual os líderes exploravam emocional, sexual e financeiramente dezenas de pessoas vulneráveis, muitas delas com sequelas permanentes”, destacou a Delegada.

Ainda conforme a autoridade policial, as provas reunidas demonstram a atuação sistemática de um grupo organizado que se valia de autoridade exercida na comunidade para dominar, coagir e explorar emocional e financeiramente dezenas de pessoas vulneráveis. A investigação também identificou desvio de recursos estimado em milhões de reais, obtidos por meio de cursos, imersões e “doações forçadas”, com utilização dos valores em bens pessoais, viagens e imóveis.

Os desdobramentos da Operação Namastê seguirão sendo investigados pela 1.ª DP de Viamão.

A Polícia Civil reafirma seu compromisso com a proteção dos direitos fundamentais, a defesa da dignidade da pessoa humana e o combate a práticas criminosas que se utilizam da fé e da vulnerabilidade das vítimas para fins ilícitos.

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