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A banda Fresno vai se apresentar dentro da programação do Festival Turá em Porto Alegre

O vocalista Lucas concede entrevista sobre o que esperar do show e sua relação com a cidade, incluindo as ações solidárias realizadas no período das enchentes

Fresno é uma das atrações do sábado no festival Turá
Fresno é uma das atrações do sábado no festival Turá Foto : Camila Cornelsen / Divulgação / CP

A banda Fresno vai se apresentar em Porto Alegre dentro da programação do Festival Turá, que vai ser nos dias 25 e 26 de outubro no Anfiteatro Porto Sol. O show do grupo será no sábado, por volta das 18h10min.

O vocalista da banda Fresno, Lucas Silveira, concedeu entrevista para a jornalista Adriana Androvandi, do Correio do Povo.

CP: Oi, Lucas, prazer falar contigo desde Porto Alegre do estúdio do Jornal Correio do Povo. Como você está?

Lucas: E aí, tudo bem? Tudo bom? Tudo bem. Estamos agora nos preparando para esse show bem massa aí que vai ter em Porto Alegre. Mando um salve aí para todo mundo que tá assistindo a gente.

CP: Que ótimo. E a banda também está comemorando 25 anos de estrada. E vocês estão com a turnê ‘Eu Nunca Fui Embora’, que foi apresentada ano passado aqui, mas como agora vai ser dentro de um festival e vai ter outros artistas, vai tem alguma mudança no formato? O que podes adiantar para a gente sobre o show no Festival Turá?

Lucas: A gente procura enxergar cada show como uma unidade. Apesar de a turnê seguir um esqueleto bem definido, a gente procura sempre pensar cada show como uma oportunidade de fazer algo diferente, algo especial. Por ser um festival, acaba que não é um tempo assim... com duas horas para explorar todo o repertório da banda.

É um show que acaba sendo mais conciso e ao mesmo tempo ele acaba sendo mais forte, porque são as músicas que causam mais impacto, ao mesmo tempo para não dispersar nossos fãs, mas tem pessoas ali que são fãs de outros artistas esperando outros shows. Então a gente leva tudo isso em consideração, o fato de ser um festival que musicalmente é muito diverso, então isso também traz um pouco de uma diversidade sonora que a gente tem. O que as pessoas podem esperar é, como tu disse, que a gente tá na turnê do álbum ‘Eu nunca fui embora’, que é o nosso álbum mais recente, mas a gente também revira muitas coisas do nosso repertório já de catálogo, que são mais de dez discos, com muitas músicas que têm muito a ver com a cidade, com Porto Alegre. Então, acho que a gente dá um pouco essa atenção, esse carinho por ser um show que é feito em casa.

CP: Lucas, também queria conversar um pouquinho sobre o ano passado. Nós aqui no Rio Grande do Sul passamos por uma enchente que foi traumatizante. E eu achei muito emocionante o show ‘Recomeço’, que vocês fizeram em junho e conseguiram reunir vários artistas de diferentes gerações em um show beneficente. Acredito que isso trouxe alento a muitos gaúchos. Posso até falar por mim como porto-alegrense, eu me emocionei ao assistir ao show. E pergunto como esse espetáculo reverberou em vocês, ao longo do tempo, ou se foi naquele momento mesmo a troca com o pessoal aqui de Porto Alegre? Enfim, se tu puder nos contar um pouquinho daquela experiência para vocês.

Lucas: A banda ainda tem uma ligação com Porto Alegre muito forte, né? É onde a gente tem nosso maior público, se for pensar pelo tamanho em relação ao tamanho da cidade. É uma cidade em que a gente tem uma popularidade muito grande e vendo as imagens do que estava acontecendo e percebendo uma espécie de delay que existe entre o negócio acontecer e o Brasil inteiro entender a gravidade daquilo, a gente percebeu que a gente poderia usar a plataforma que a gente tem para trazer a atenção das pessoas, né? Assim como vários outros artistas fizeram esse tipo de coisa.

E a gente percebeu que o maior poder que a gente tem como artista e como freestyler no caso é o poder de mobilizar a gente de tudo quanto é estilo, de amigos e outros artistas com quem a gente tem contato e quem a gente tem alcance de chegar.

Com muita pressa, sim, fizemos uma live aqui em São Paulo ainda, que a gente conseguiu uma quantia meio absurda de dinheiro, foram mais de 2 milhões de reais que a gente arrecadou e distribuiu bem rápido para todas as iniciativas que a gente estava vendo. Então a gente também fez esse direcionamento do que estavam precisando, também com base numa rede muito grande de amigos que a gente tem em Porto Alegre.

E e aí surgiu uma coisa que fez esse show do Recomeço existir, é porque a gente estava com um show marcado para cidade, bem no auge dos alagamentos. E esse show precisou ser adiado, né? E ao mesmo tempo a gente percebeu também um drama muito grande das pessoas que trabalham com cultura, com os shows, com os teatros, com as casas de show, com os artistas.

E como a gente tinha uma data que era um pouco assim... era cedo para voltar com o nosso show, mas talvez era ainda era possível de pegar pessoas que estão na cidade e mobilizar quem ficou ali na cidade, né? E aí a gente fez o Recomeço, a gente contou com a ajuda da galera do Opinião e do Brisa, que é um produtor, que é amigo nosso, que mobilizou muitos artistas que estavam em Porto Alegre para fazer e o negócio tomou uma proporção enorme, né?

Porque eu acho que é muito triste que precise acontecer uma coisa, uma tragédia, para mobilizar as pessoas, mas esses momentos deixam muito óbvio o potencial que artistas têm de mobilizar pessoas de fazer mudança real no mundo, né? Sem ser só a música que a gente faz, que pode inspirar alguém, mas assim, a mudança real mesmo, aquela mão na roda, mão na massa, no caso.

E foi isso que a gente fez nesse evento, o Recomeço foi muito incrível, a gente conseguiu reunir gente que nem tava em turnê, gente que nem tava fazendo shows, dos maiores artistas do Rio Grande do Sul até várias pessoas que a gente nem conhecia, mas que se disponibilizaram para estar ali e foram 4 horas de evento. E a grana arrecadada foi muito importante para a gente que estava ali sem ter onde dormir, sem ter como dormir, sem ter o que comer.

Então, é um momento dolorido, é triste, teve uma, sabe, existe uma cicatriz desse momento assim, mas também a partir disso a gente conseguiu fazer coisas que foram muito positivas e que eu percebo, às vezes, andando por Porto Alegre ou por cidades do Rio Grande do Sul, como as pessoas viram isso assim e aquele agradecimento e tal que a gente recebe com muita honra, com orgulho, mas que ao mesmo tempo a gente sente que não fez nada mais do que a nossa obrigação enquanto artista, de ter uma responsabilidade artística, né, que não é só fazer show, ser famoso, fazer músicas e tal.

Existe uma responsabilidade social, que o artista tem e a gente procura exercitar ela sempre que é preciso. Ah, mas realmente foi muito legal e suscitou essa onda de solidariedade.

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CP: E falando sobre o momento atual, eu sei que vocês ainda estão com a atual turnê, mas vocês já estão pensando em algum trabalho futuro ou algumas novas canções ou estão mais voltados pro momento mesmo?

Lucas: A gente tem novidades já para o próximo ano. Essa turnê do ‘Eu Nunca Fui Embora’, que também celebra os 25 anos da banda, ela tá chegando ao fim. Esse show de Porto Alegre vai ser um dos últimos, a gente deve ir até o final do ano com essa turnê e a partir do próximo a gente já vai começar a comunicar nossos novos planos, mas obviamente envolve criação de novas músicas, o começo de uma nova fase, novos objetivos que a gente acaba traçando.

Eu tenho certeza de que vai ser um ano muito cheio de coisa nova para quem gosta da banda, para quem acompanha, e a gente está bem ansioso para começar.

CP: E podes nos revelar alguns ritmos ou estilos musicais que estão inspirando esse trabalho novo?

Cara, é muito louco porque uma das coisas que mais fazem o rock do Brasil ser uma coisa especial, é que o brasileiro é uma mistura. O brasileiro ele não é puro de nenhuma forma. Então, o que fez o rock do Brasil ser muito popular, muitas vezes, é justamente a brasilidade que nele existe. As grandes bandas que nos influenciaram do rock brasileiro tinham isso.

Eram releituras, às vezes, de coisas que inspiravam eles lá da gringa, no entanto, feito de uma forma muito brasileira. Eu acho que com o tempo, eu, fazendo músicas e analisando o que a gente fez com a Fresno em todos esses anos, fui percebendo isso também.

E a gente acaba, a cada disco, dando uma viajada para um lado ou para outro. Mas o momento em que eu tô também já garante uma liberdade de olhar um pouco para trás, de se autorreferenciar, de olhar coisas que a gente já fez e talvez procurar fazer aquilo de novo de outras formas.

E a gente às vezes acaba fazendo músicas pensando muito assim como isso vai ser ao vivo. Então, tudo que eu tô escrevendo hoje de música é pensando em como isso vai reverberar no ao vivo, que para mim ainda é a forma mais intensa e mais de verdade de se ouvir música, porque hoje em dia tem até aplicativo aí fazendo música sozinho para gente, mas eu ainda não vi um aplicativo que subiu num palco, fez um show, chorou, fez todo mundo chorar ou rir ou pular.

Tipo, eu acho que essa experiência é a mais viva, é o que nos define muito como banda, é o que a gente mais fez na vida, foi shows. Então a gente tá com esse norte, né, pensando no que a gente venha criar para o futuro.

CP: Que interessante, já aguçou a nossa curiosidade. Lucas, quer deixar um recado pra gente sobre o show do dia 25 no Festival Turá.

Lucas: Fala, galera, de Porto Alegre e arredores. Aqui é o Lucas da Fresno. Eu estou aqui no Correio do Povo para fazer um convite para vocês para o festival Turá, que é uma iniciativa incrível e que é rara na cidade, de fazer um grande festival na cidade que explore a diversidade da música brasileira, com um uma onda de natureza, o festival tem uma onda muito incrível.

A gente tocou já faz uns dois anos e agora tocaremos novamente, então fica com convite, o show da Fresno vai ser no melhor horário, parece um prêmio isso, que é aquela hora do pôr do sol. E a gente vai ter isso em mente também, inclusive na confecção aí desse setlist para brindar aí vocês e também nós mesmos com o melhor show possível. É isso.

CP: Certo, Lucas, muito obrigada e desejo desde já sucesso no show e a gente vai acompanhar daqui.

Lucas: Valeu, obrigado. Valeu. Tchau. Até mais.

Confira a entrevista em vídeo no YouTube:

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