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Prêmios e edital animam final da Mostra 2025

49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo revelou vencedores e celebrou a diversidade rumo ao cinquentenário

Um dos premiados foi o filme "A Natureza das Coisas Invisíveis"
Um dos premiados foi o filme "A Natureza das Coisas Invisíveis" Foto : Marcos Santuario / Especial CP

Em uma noite de celebração e olhares voltados para o futuro, a 49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo encerrou, na noite desta quinta-feira, dia 30, mais uma edição. A cerimônia, realizada na Sala Petrobras na Mostra, na Cinemateca Brasileira, consagrou 15 produções e reafirmou o evento como um dos mais importantes encontros cinematográficos da América Latina. Com 2026 já despontando no horizonte, quando a Mostra completará 50 anos, o clima era de festa e de promessa de renovação.

O júri internacional deste ano, formado pelo produtor sul-africano Atilla Salih Yücer, o brasileiro radicado em Los Angeles Daniel Dreifuss, a cineasta portuguesa Denise Fernandes, a realizadora colombiana Laura Mora e o crítico norte-americano Peter Debruge, da Variety, consagrou o longa “The President’s Cake”, do iraquiano Hasan Hadi, como o Melhor Filme. A coprodução entre Iraque, EUA e Catar emocionou o público ao retratar, com sensibilidade e ironia, o cotidiano de um confeiteiro que se vê envolvido em uma crise política.

O júri também concedeu um Prêmio Especial a “DJ Ahmet”, do macedônio Georgi M. Unkovski, pela ousadia narrativa e pelo olhar inventivo sobre a juventude balcânica. Já “A Luta”, do espanhol Jose Alayón, recebeu menção honrosa pela força poética de seu retrato sobre resistência e memória. O prêmio de Melhor Atuação foi para Doha Ramadan, protagonista de “Feliz Aniversário”, dirigido pela egípcia Sarah Goher, destacando-se pela intensidade e naturalismo de sua performance.

Além dos prêmios do júri, os tradicionais troféus Bandeira Paulista, criados por Tomie Ohtake, a cerimônia distribuiu distinções que revelam a pluralidade do cinema contemporâneo. Entre os destaques, a animação brasileira “Coração das Trevas”, de Rogério Nunes, levou o Prêmio de Distribuição do Projeto Paradiso, voltado a ampliar a presença de obras nacionais nas salas de cinema. Ambientada em um futuro distópico do Rio de Janeiro, a produção transforma a violência urbana em uma reflexão visual sobre poder e corrupção, acompanhando o tenente Marlon em busca de um enigmático capitão desaparecido.

A produção exibida na competição deste ano do Festival de Gramado, “A Natureza das Ciisas Invisíveis “, de Rafaela Camelo recebeu o Prêmio da Crítica de Melhor Filme Brasileiro.

Outro momento marcante foi o anúncio do vencedor do Prêmio Netflix 2025: o longa “Virtuosas”, da catarinense Cíntia Domit Bittar, escrito em parceria com Fernanda de Capua. A produção será disponibilizada em mais de 190 países e traduzida para 30 idiomas, consolidando o compromisso da plataforma com o cinema independente brasileiro. “É uma oportunidade de projetar novas vozes e novos olhares para o mundo”, afirmou Cíntia, emocionada.

A noite também reservou espaço para a política cultural. Joelma Gonzaga, Secretária Nacional do Audiovisual do Ministério da Cultura, subiu ao palco para anunciar o edital Rouanet Festivais, de R$ 17 milhões, em parceria com a BB Asset e a Petrobras. O programa busca democratizar o acesso ao audiovisual e fortalecer a difusão do cinema nacional. “Os festivais são pilares da formação de público. Precisam de amparo de políticas públicas”, destacou Gonzaga, sob aplausos.

Encerrando a cerimônia, foi exibido Jay Kelly, novo longa de Noah Baumbach, distribuído pela Netflix, um fim de festa à altura da Mostra, que reafirma sua vocação de unir a arte ao mercado e o pensamento à emoção.

Entre os dias 31 de outubro e 5 de novembro, parte dos filmes premiados volta às telas na tradicional repescagem, no CineSesc, Cine Satyros Bijou e Cultura Artística. Uma oportunidade para o público revisitar o melhor da safra 2025 antes que as luzes se apaguem de vez, até o próximo ato.

Com um legado de quase meio século, a Mostra segue como farol do cinema mundial em solo brasileiro. Entre a descoberta de novos talentos e a celebração de obras consagradas, o evento caminha firme para o seu cinquentenário em 2026, mantendo acesa a chama de um cinema livre, plural e profundamente humano.

PREMIADOS DA 49ª MOSTRA
Prêmio do Júri | Melhor Filme
The President’s Cake, de Hasan Hadi (Iraque, EUA, Catar)

Prêmio Especial do Júri
DJ Ahmet, de Georgi M. Unkovski (Macedônia do Norte, República Tcheca, Sérvia, Croácia)

Prêmio do Júri | Menção Honrosa
A Luta, de Jose Alayón (Espanha, Colômbia)

Prêmio do Júri | Melhor Atuação
Doha Ramadan pelo filme Feliz Aniversário, de Sarah Goher (Egito)

Prêmio do Público | Melhor Documentário Brasileiro
Cadernos Negros, de Joel Zito Araújo (Brasil)

Prêmio do Público | Melhor Filme de Ficção Brasileiro
Criadas, de Carol Rodrigues (Brasil)

Prêmio do Público | Melhor Documentário Internacional
Yanuni, de Richard Ladkani (Áustria, Brasil, EUA, Canadá, Alemanha)

Prêmio do Público | Melhor Filme de Ficção Internacional
Palestina 36, de Annemarie Jacir (Palestina, Reino Unido, França, Dinamarca, Noruega, Catar, Arábia Saudita, Jordânia)

Prêmio da Crítica | Melhor Filme Internacional
A Sombra do Meu Pai, de Akinola Davies Jr. (Reino Unido, Nigéria)

Prêmio da Crítica | Melhor Filme Brasileiro
A Natureza das Coisas Invisíveis, de Rafaela Camelo (Brasil, Chile)

Prêmio Brada | Melhor Direção de Arte
Jennifer Anti e Pablo Anti pelo filme A Sombra do Meu Pai, de Akinola Davies Jr. (Reino Unido, Nigéria)

Prêmio Netflix
Virtuosas, de Cíntia Domit Bittar (Brasil)

Prêmio Abraccine de Cinema Brasileiro
O Pai e o Pajé, de Iawarete Kaiabi, codirigido por Felipe Tomazelli e Luís Villaça (Brasil)

Prêmio Projeto Paradiso
Coração das Trevas, de Rogério Nunes (Brasil, França)

Prêmio Prisma Queer | Melhor Filme Internacional
Queerpanorama, de Jun Li (EUA, Hong Kong, China)
Prêmio Prisma Queer | Melhor Filme Brasileiro
A Natureza das Coisas Invisíveis, de Rafaela Camelo (Brasil, Chile)
Prêmio Prisma Queer | Especial do Júri
“Morte e Vida Madalena”, de Guto Parente (Brasil, Portugal)

Prêmio Humanidade
Euzhan Palcy
Jafar Panahi
Jean-Pierre e Luc Dardenne
Prêmio Leon Cakoff
Charlie Kaufman
Mauricio de Sousa

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