Burnout: pesquisa mostra que 90% das mães que trabalham sofrem esgotamento mental
Mais da metade das entrevistadas na pesquisa da B2Mamy já estão diagnosticadas com burnout
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O termo burnout parental ainda é pouco conhecido no Brasil, mas ele pode ser um dos principais impeditivos para que centenas de empresas sofram, ainda mais, com a escassez de talentos nos próximos anos e tenham metas comprometidas.
De acordo com uma pesquisa realizada pela comunidade B2Mamy em parceria com a Kiddle Pass, cerca de 90% das mães que trabalham sofrem esgotamento mental. Das entrevistadas, 54% já estão diagnosticadas, 17% apontam suspeita de doenças emocionais, e o restante já apresenta grandes riscos de desenvolver problemas relacionados no futuro.
“Este cenário é consequência das cargas exaustivas no trabalho das figuras parentais, em especial as maternas, associadas aos cuidados dos filhos e a ausência de rede de apoio especializado por parte das empresas”, explica a CEO da B2Mamy, Dani Junco.
“O risco para o mercado de trabalho é claro: sem mulheres saudáveis e aptas a comporem os times, a perspectiva nos próximos 5 a 10 anos é preocupante”, complementa Lygia Imbelloni, Head de Saúde e Bem-estar da B2Mamy.
Atualmente, apenas 45% das mulheres estão ativas no mercado, e até 2030 a previsão é que esse número aumente para 65%, enquanto a presença masculina deve cair cerca de 8%, segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Além da incidência de burnout parental e esgotamento das mulheres que têm filhos, os números também demonstram baixíssima maturidade das organizações.
Isso se refere principalmente ao despreparo de liderança, políticas pouco sensíveis ao tema, benefícios com baixa adesão e funcionalidade ao público e programas que se limitam à licença. Diante disso, muitas profissionais que são ou sonham em ser mães se sentem pouco pertencentes e deixam o mercado de trabalho.
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Olhando mais de perto: detalhes do estudo
De acordo com o estudo, cerca de 68% das respondentes apontam terem sofrido impacto na sua carreira com a chegada do filho e 59% já foram questionadas sobre maternidade em processos seletivos ou promoções.
Além disso, 4 em cada 10 mulheres que trabalham em empresas revelaram que não possuem segurança psicológica junto ao seu líder e time, tendo que mentir ou esconder necessidades e demandas relacionadas aos filhos.
No que tange à assistência e serviços especializados por parte do empregador, as iniciativas mais presentes são os consideradas básicos e obrigatórias, como: planos de saúde, licença maternidade e auxílio-creche. Tendo ainda 27% das respondentes afirmado não terem nenhum benefício de apoio à maternidade e a família.
Para a CEO da Kiddle Pass, Marianna Espíndola, muitas empresas estão comprometidas com metas de equidade e investindo alto em programas de bem-estar para os colaboradores, mas uma fatia essencial da população corporativa está sendo esquecida.
“O apoio à família e a parentalidade é muito mais que um benefício, é uma competência organizacional associada à cultura que se sustenta. A conta nos próximos anos vai ser cara para as companhias, visto que a demanda por ambientes que proporcionem maior equilíbrio já ocupa o primeiro lugar como critério de escolha e permanência no emprego”, finaliza Marianna.