Moda com propósito: empreendedora abriu mão do trabalho CLT para criar um brechó online

Moda com propósito: empreendedora abriu mão do trabalho CLT para criar um brechó online

Caroline Martins, de Gravataí, criou uma marca que incentiva o consumo consciente

Camila Souza
Caroline Martins criou o brechó Coline em março deste ano

Caroline Martins criou o brechó Coline em março deste ano

publicidade

O mercado de moda circular tem ganhado espaço entre os jovens que querem conquistar independência financeira. Enquanto alguns fazem desapego de roupas para ter uma renda extra, outros acabam encontrando um verdadeiro propósito nessa área. É o caso de Caroline Martins, de Gravataí, que criou o brechó Coline.

A jovem de 29 anos teve seu primeiro contato com o empreendedorismo durante a pandemia, em 2021, quando decidiu vender algumas de suas roupas para complementar a renda. Para isso, criou o perfil “Lookinho Novo”, no Instagram, que repercutiu de forma bastante positiva entre a família e suas amigas.

Com as demandas da venda dos desapegos aumentando, Caroline sentiu que o novo projeto estava atrapalhando seu trabalho CLT e deixou de lado o “Lookinho Novo”, o que hoje ela considera como uma autossabotagem. “Eu gostava tanto, mas não conseguia ver ele como uma fonte de renda”, conta. Foi depois de passar por um burnout e perceber o quanto estava infeliz que ela decidiu voltar para o que fazia seu olho brilhar.

Com incentivo da família, a jovem abriu mão do trabalho formal para focar no empreendedorismo e abriu em março deste ano o brechó online Coline (@colinebrecho). “O ‘Lookinho Novo’ era bem desapego mesmo, e como eu queria transformar ele em um negócio para me gerar renda e algo realmente promissor para minha vida, eu pensei: ‘tem que ser algo mais conectado comigo’.”

No mesmo mês da inauguração, Caroline fez sua estreia como expositora em uma das feiras mais famosas do RS: o Brick de Desapegos, evento que já frequentava como consumidora antes mesmo de pensar em ter seu próprio brechó. “Eu queria estar posicionada nas feiras além do online. Gosto disso de estar na cidade, ao ar livre, consumindo de empreendedores locais. Como eu não tenho espaço físico, era uma oportunidade de a pessoa experimentar e tocar na peça”, explica.

A experiência de vender suas roupas na rua, em frente ao Bar Ocidente, foi marcada por desafios e aprendizados. “Eu não sabia como era, levei poucas roupas para vender, minha mãe me emprestou uma arara e peguei todos os cabides que eu tinha no meu roupeiro e outros emprestados. Foi um caos, mas foi maravilhoso”, relembra.

Agora, depois de quase sete meses, conta que participa das feiras e administra seu negócio de uma forma mais preparada, mas ainda sente dificuldades para encontrar capacitações e pessoas que ensinem sobre as especificidades do mercado de moda circular. “Parece que as pessoas não veem esse mercado como oportunidade de ensino”, avalia.

Caroline participa como expositora do Brick de Desapegos, tradicional feira de moda de Porto Alegre | Foto: Arquivo pessoal

Buscando aprender mais sobre esse mercado e para se conectar com outras empreendedoras, Caroline participou do 1º Encontro Nacional de Donas de Brechó, realizado no final de setembro em São Paulo. Ela destaca a importância das palestras para saber como aplicar no brechó as técnicas usadas nos negócios tradicionais.

“O que me chamou atenção foi a palestra de neuromarketing, a questão do controle de estoque e a parte financeira. Eles explicaram como orquestrar os pilares de uma forma que você consiga manter o negócio saudável”, comenta.

Para além das técnicas, Caroline ressalta como o evento foi fundamental para que ela se enxergasse como uma verdadeira empreendedora. “Eu notei que estava tratando o meu brechó ainda como um hobby, que era como eu tratava quando eu tinha outro trabalho. Lá, eles falaram muito sobre ter uma rotina, ter os processos definidos, e eu senti que caramba é realmente um negócio, eu realmente estou nisso.”

Veja Também

Para a jovem empreendedora, seu negócio tem um propósito que vai além da questão financeira. Ela conta que compra roupas de segunda mão desde criança, quando frequentava brechós com a mãe, e manteve o hábito depois de adulta. Por isso, decidiu que um dos pilares de sua marca seria o consumo consciente e criou o slogan “O que você veste causa impacto”.

“Eu quis que meu foco fosse a consciência mesmo, para a gente se divertir com a moda, brincar com isso, ser autêntico, mas sem esquecer do impacto para o planeta, que é o mais importante”, ressalta.

Determinada a tornar sua marca uma referência de moda circular do Rio Grande do Sul, Caroline conta com entusiasmo e brilho no olho seus próximos planos, que incluem ter uma loja física. “Sei que é um desafio, mas sempre penso em crescer. Vejo meu brechó como um grande negócio, dando oportunidade de emprego, incentivando pessoas a saírem de lugares não tão legais e estimulando o empoderamento econômico para as mulheres”, finaliza.


Mais Lidas

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895