Onde está a diversidade na moda?
Marina Käfer reflete sobre a pluraridade de estilos e corpos no mundo da moda
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A moda está mais conservadora? Falta de inovação nas modelagens, cores mais neutras, modelos desfilando as tendências nas passarelas com características iguais. Tudo isso está trazendo à tona o quanto a moda está revivendo um conservadorismo, muito visto nos anos 40, pós-guerra. Esse movimento, que estava mais velado até pouco tempo, mostra como estamos vivendo alguns padrões antigos de comportamento.
Isso se reflete também no número de pesquisas em grandes redes de fast fashion on-line pelo termo “moda conservadora”, trazendo esse estilo recatado e discreto para o guarda roupa de milhares de mulheres.
Essa persistência em seguir padrões rígidos e retrógrados não só limita as opções de estilo, mas inibe a representação de uma população diversa, com corpos reais e histórias únicas. É como se a moda estivesse presa em uma cápsula do tempo, resistindo à ideia de que a autenticidade, com todos os seus diferentes tamanhos, texturas e cores pode e deve ser o novo padrão.
As passarelas já vêm trazendo esses aspectos acima, com roupas mais recatadas, modelagens mais amplas e mais discretas, em tendências como o “quiet luxury”, (luxo silencioso, na tradução). Esse estilo traz cores sóbrias em peças tradicionais e de boa qualidade, deixando o guarda roupa mais enxuto, prezando a qualidade e não a quantidade, formando um guarda roupa que combina tudo entre si.
Seria essa uma reflexão sobre o consumo de tendências, forçando um consumo exagerado e sem necessidade, ou a necessidade de impor algumas “regras” na sociedade como um todo?
Moda é o reflexo do mundo, é comportamento. Tudo que usamos e consumimos é expressa algo. Se a moda está trazendo para as vitrines e os looks do dia a dia de blogueiras algo mais recatado e discreto, isso reflete o nosso comportamento como sociedade. Será que é isso que buscamos e procuramos? Algo coletivo sem unidade?
Para quebrar essa barreira, a moda precisa olhar para fora de seu círculo restrito e abraçar a pluralidade. Cada corpo, cada estilo individual e cada característica que desafia os padrões enraizados é uma chance de ressignificar o que é belo, interessante e autêntico. É hora de mudar o foco, de um ideal de perfeição conservador para uma expressão que celebre a verdadeira diversidade e autenticidade. Fica a reflexão. Até a próxima.
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Marina Käfer é formada em Design de Moda e pós-graduada em Comportamento do Consumidor e Moda, Mídia e Mercado. Já foi professora consultora de varejo em instituições como Senac e Sebrae. Tem especializações em styling, jornalismo de moda e visagismo, com experiência no mercado plus size.