Quando o impeachment é golpe

Quando o impeachment é golpe

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Tenho tentado explicar coisas simples para adultos que voltaram a ser crianças.

De um lado, os birrentos da oposição, que aceitam qualquer negócio para "pegar" Lula e derrubar Dilma.

Transformam ódio em ideológico em certeza jurídica.

De outro, os desesperados petistas tentando ignorar que estão sendo tratados como tratavam seus adversários no passado. Pediam impeachment por qualquer coisa? Aqui se faz, aqui se paga.

Dilma vai ser julgada pelas pedaladas fiscais?

Não é crime de responsabilidade. Tinha jurisprudência. Todo mundo fez. O TCU validou.

Tirar-lhe o cargo por isso é golpe.

Dilma vai ser, na forma, julgada por isso, mas condenada pelo petrolão das denúncias de Delcídio?

É golpe.

Para não ser golpe, ela terá de ser julgada pelo que possa caracterizar crime de responsabilidade, de modo que o acusador seja obrigado a apresentar o prova do que diz. Julgar por delito menor e condenar por crime maior é trapaça. Significa não dar ao réu a possibilidade de defesa sobre o essencial.

Nem se ter o ônus de provar a acusação.

Um impeachment conduzido por um adversário vingativo, réu por corrupção, não tem legitimidade.

É golpe.

Um impeachment aprovado por investigados na mesma operação que atinge a acusada não é sério.

Todos os citados na Lava-Jato deveriam se declarar impedidos de julgar Dilma.

O exemplo poderia ser dado pelo gaúcho Jerônimo Goergen.

Enquanto seu caso não for esclarecido, ele não pode ser juiz de ninguém.

Paulo Maluf não pode jamais ser membro de comissão que avalie desvios éticos e crimes de corrupção.

PMDB e PP, acusados juntos com o PT pelo saque à Petrobras, não podem ser juízes do seu cúmplice.

O impeachment de Dilma pelas pedaladas é golpe.

Pela delação de Delcidio, não poderia ser julgado por PMDB e PP.

O Congresso Nacional não tem  moral para fazer julgamentos sobre corrupção.

O julgamento será sobre as pedaladas para que acusados de corrupção junto com o governo possam atuar como juízes de uma suposta questão técnica. Julga-se pelas pedaladas pressionando a população e a mídia com o petrolão. O réu, sem possibilidade de defesa sobre o principal, é condenado pelo secundário a partir da pressão externa sobre o que não está em julgamento. É golpe.

O cidadão mediano, do alto da sua indignação moral de ocasião, simplifica: "Defendendo essa corja!"

A diferença entre justiça e linchamento passa por aí: devido processo legal.

A OAB, ao entrar com novo pedido de impeachment, incluindo a delação de Delcídio, quer tapar o furo do processo em andamento na Câmara dos Deputados. É tudo que os parlamentares não querem.

Um impeachment presidido por Eduardo Cunha é golpe. Baixo.

Resta o STF.

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