Indicação de Zanin e novas relações com o Congresso provam que Brasília não é para amadores

Indicação de Zanin e novas relações com o Congresso provam que Brasília não é para amadores

Após aprovação da MP dos Ministérios, articulação política do governo Lula deve tomar novos rumos

Taline Oppitz

Após aprovação da MP dos Ministérios na Câmara, Lira disse que governo "terá de andar com as próprias pernas"

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Está cada vez mais difícil explicar para alguém que não vive ou não acompanha a política brasileira a situação instaurada no país, que é de causar inveja a tramas ficcionais como a famosa House Of Cards. O Senado aprovou nesta quinta-feira, de forma ágil, a MP de reestruturação do governo. Na véspera, o dia foi marcado pela queda de braço na Câmara, que levou o presidente Lula (PT) a entrar em campo para articular politicamente e distribuir cerca de R$ 1,7 bilhão em emendas para garantir a aprovação da MP. Após o aval, o presidente da Casa, Arthur Lira (PP), deixou claro que a partir de agora o governo terá de andar com as próprias pernas e que a liberação de emendas a cada votação mancha a imagem do Congresso.

A aprovação da MP ocorreu depois de conversa entre Lula e Lira, envolvendo temas de interesse pessoal do progressista, protagonista nos episódios de derrotas recentes impostas ao Planalto. Apesar do desfecho, a formatação no governo não ficou como Lula planejou. Alterações nas áreas do Meio Ambiente e da Fazenda contrariam os planos originais do petista e já deflagraram crises no primeiro escalão, especialmente com Marina Silva.

Coincidentemente, se é que isto é possível em Brasília, Lira acordou nesta quinta-feira vendo a deflagração de operação da Polícia Federal que teve como alvo alguns de seus aliados. Horas antes, o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, havia liberado para julgamento recurso da defesa de Lira contra denúncia oferecida pela PGR por corrupção passiva. 

Tranquilidade

Como esperado, o presidente Lula (PT) confirmou, nesta quinta-feira, a indicação de seu advogado e amigo pessoal Cristiano Zanin para suceder Ricardo Lewandowski no Supremo Tribunal Federal. O anúncio foi precedido de conversa pessoal com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), que indicou tranquilidade no processo de aprovação de Zanin. 

Interesse pessoal

O tema não é tratado abertamente, mas nos bastidores em Brasília não é segredo que Rodrigo Pacheco, que já presidiu a CCJ, tem interesse em integrar o Supremo. Com a indicação de Zanin, a próxima vaga será aberta em outubro, com a saída de Rosa Weber, mas haverá pressão para que ela seja substituída por uma mulher. 

Descontentamento pode ser facilmente resolvido

Parlamentares de oposição, independentemente de quem está no poder, fazem uma chiadeira e críticas incisivas todas as vezes em que o presidente da República, seja quem for, faz uso de sua prerrogativa de escolher nomes para o Supremo Tribunal Federal. Ora, é esperado que os escolhidos tenham algum grau de relação pessoal ou, no mínimo, afinidades ideológicas com o presidente. Os descontentes têm uma opção simples para acabar com a situação. Há inúmeros projetos já em tramitação acabando com as indicações políticas para a Corte. Basta aprovar um deles. 

 


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