Êxodo urbano renova o turismo rural

Êxodo urbano renova o turismo rural

Impulsionados pela pandemia de Covid-19, empreendedores aproveitam o gosto ou a ligação familiar com o campo para fabricar iguarias artesanais diferenciadas e inaugurar novas opções de lazer em todo o Estado

Por
Patrícia Feiten

Especializada em queijos autorais, a Queijaria Canto está instalada dentro de uma área de sete hectares na Estância São Miguel, em Barra do Quaraí. Criada em 2019 por Paulo Ceratti, filho dos donos da propriedade, e pela esposa, Mariana Rosa (foto acima), a agroindústria produz em média 4 mil quilos da iguaria por mês a partir do leite fornecido por 30 vacas da raça Jersey, alimentadas no sistema a pasto. Uma de suas criações mais curiosas é o Jarau, um queijo em forma de morro – em homenagem à cadeia de colinas homônima localizada no município – que recebe uma infusão de chá de guabiroba. Desde o início da atividade, o turismo rural foi planejado como um dos pilares do empreendimento. Atualmente, já responde por 25% da receita gerada na porção da fazenda administrada pelo casal.

Para receber visitantes, eles desenvolveram diferentes experiências, todas centradas na degustação dos queijos da marca. Nessas atividades, conduzem grupos de turistas em passeios de carreta pela fazenda e, dentro da queijaria, mostram todas as etapas da produção dos queijos, que passam por maturação de até 90 dias e agregam mofos naturais. “A gente conta um pouquinho da nossa história, falamos do Pampa, da riqueza de solo, do que a gente planta em cada época do ano e como isso vai impactar no sabor do queijo”, detalha Mariana. Outra modalidade de visita, chamada de Mãozinhas na Massa, é focada em famílias. Pais e crianças participam da ordenha das vacas e, sob a orientação dos anfitriões, fazem um queijo que depois podem levar para casa. O projeto foi estendido a escolas e, no ano passado, mais de 500 crianças de instituições de ensino locais visitaram a propriedade.

Segundo Mariana, o projeto da queijaria resultou de uma guinada profissional. Ela antes atuava como estilista de moda, e o marido, como publicitário no segmento de varejo. Após um período “sabático” em Nova York, nos Estados Unidos (EUA), onde frequentaram feiras livres e se inspiraram em casais jovens que haviam migrado para pequenos sítios, eles foram amadurecendo a ideia de investir na produção artesanal e decidiram abandonar suas carreiras no setor privado. “O queijo foi o meio que a gente encontrou de mudar de vida. Então, a gente vai alinhavando serviços em torno dele, e o turismo rural entra por aí”, diz Mariana.

Segundo o diretor técnico da Emater/RS-Ascar, Claudinei Baldissera, Paulo e Mariana são exemplos de uma tendência de “êxodo” urbano que vêm contribuindo para impulsionar o turismo rural em pequenas propriedades rurais no Estado. Embora o segmento ainda atraia, na maioria dos casos, agricultores já estabelecidos no campo como uma forma de diversificação de renda, o cenário começa a mudar. “O que se tem percebido é um perfil novo dos empreendedores, de pessoas do meio urbano que têm alguma ligação familiar (com o meio rural) ou alguma vocação voltada a turismo e acabam apostando também”, afirma. 

Iniciativas

No ano passado, a Emater/RS-Ascar atendeu mais de 2,6 mil famílias de produtores com ações voltadas ao turismo rural, como o desenvolvimento de roteiros turísticos. Por trás do crescimento desses negócios, avalia Baldissera, estão as mudanças acarretadas pela pandemia de Covid-19, que, nos últimos três anos, estimulou a migração para as áreas rurais. “As pessoas que antes faziam viagens mais longas enxergaram, no entorno da sua região e até do próprio município, opções para buscar contato com a natureza e buscar alimentos que (remetem) ao artesanal. Por isso, as agroindústrias vêm como uma peça importante na prospecção do turismo”, observa Baldissera.

Se antes as iniciativas eram mais concentradas na região da Serra Gaúcha, hoje, estão espalhadas por todo o território gaúcho e se inserem em demandas cada vez mais diversificadas. Entre essas propostas, o diretor técnico cita o Circuito de Cicloturismo Raízes Coloniais, realizado pelo Santa Cruz Bikers Club. O projeto busca incentivar o uso da bicicleta e fomentar a cadeia do turismo na região, o que inclui o consumo de produtos da agricultura familiar ao longo do percurso. “Cada região tem os seus cenários. O turismo se molda no entorno dos cenários e das culturas étnicas”, destaca Baldissera.

O assessor de Política Agrícola e Agroindústrias da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag-RS), Jocimar Rabaioli, também vê um bom potencial para o crescimento desses negócios, especialmente aqueles que já têm algum grau de agroindustrialização. Reforçada pela pandemia, a curiosidade em descobrir de onde vem a geleia ou o doce de leite encontrado no supermercado, afirma Rabaioli, é um dos motores dessa expansão, que possibilita a empreendimentos com vendas restritas à sua região uma visibilidade maior para os seus produtos. “É uma grande oportunidade. Agricultores familiares que não têm agroindústria também têm aberto as portas das propriedades para oferecer os mais diversos serviços, seja uma hospedagem ou um piquenique”, afirma Rabaioli.

Mas ainda há barreiras a superar, como a falta de políticas públicas, para democratizar o acesso dos interessados em trilhar esse mesmo caminho. Pela legislação em vigor, somente podem ser incluídos no Cadastro de Prestadores de Serviços Turísticos (Cadastur), do Ministério do Turismo, os produtores rurais que atuam como pessoas jurídicas. “Não é possível fazer cadastro como pessoa física, isso tem sido um entrave. Muitos agricultores não querem constituir CNPJ, porque acabam perdendo a condição de segurado especial (prevista na legislação previdenciária)”, explica Rabaioli.

Turista colhe uva e degusta vinho na Serra

Vivências práticas nas agroindústrias atraem crianças e adultos, que conhecem as vinícolas, realizam piqueniques em meio à natureza e, em época de safra, pisam a uva 

Associadas a bons vinhos, chocolate e estradas floridas, as cidades da Serra Gaúcha compõem um dos mais belos cartões-postais do Rio Grande do Sul. Não por acaso, a região marcada pelas tradições italianas e alemãs foi pioneira em iniciativas de turismo rural. O presidente do Sindicato Rural da Serra Gaúcha (SRSG), Elson Schneider, diz que o interesse em explorar o ramo partiu das grandes vinícolas da região e os bons resultados estimularam também os pequenos vitivinicultores.

Mesmo produtores de uva que não tinham indústrias instaladas seguiram a tendência, criando pequenas pousadas para acomodar visitantes que, com a pandemia de Covid-19, passaram a buscar refúgio em atividades ao ar livre longe da área urbana. “Está muito difícil o produtor se manter somente com a comercialização da uva in natura. Então, ele está buscando outra alternativa para agregar mais valor e ter mais renda na propriedade”, destaca Schneider. Segundo o dirigente, muitos produtores vêm fazendo investimentos para valorizar a história familiar, como a restauração de casas antigas que pertenceram aos avós, onde instalam pousadas, a criação de restaurantes e oferta de passeios de tuk tuk pelas propriedades.

Casa Zottis, de Bento Gonçalves, é um dos empreendimentos familiares do Rio Grande do Sul que abriu as portas em função das mudanças provocadas pela pandemia de Covid-19. Na propriedade, Juliano e Daniela Zottis recebem os turistas, que podem passear pelos vinhedos, provar os vinhos e fazer refeições ao ar livre | Foto: Arquivo pessoal / CP.

E há potencial para expandir o turismo rural explorando atividades ao ar livre, como caminhadas, ciclismo e práticas de aventura, diz Schneider. Para fomentar o setor, ele destaca que o sindicato vem inserindo o tema nas missões técnicas internacionais organizadas pela entidade. Nas viagens a cidades europeias e latino-americanas, os produtores participantes visitam vinícolas e conhecem as experiências de turismo rural das propriedades. 

Localizada no Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves, a Casa Zottis é um dos empreendimentos que se abriram ao público motivados pelas mudanças da pandemia. Daniela Chesini Zottis, que comanda a vinícola com o marido, Juliano Zottis, conta que a empresa foi formalizada em 2019. Até então, desde 2015 a família se dedicava apenas ao cultivo de uvas de mesa destinadas a outras indústrias, mas já elaborava vinhos para consumo próprio. “A gente abria a propriedade em janeiro e fevereiro, vendia a uva, as pessoas levavam o nosso vinho e retornavam durante o ano para adquirir mais vinho”, explica Daniela.

A família trabalha com mais de 10 variedades de uva e produz vinhos, espumantes e sucos, num total de 15 mil litros por ano. Em 2020, em parceria com outras agroindústrias da Serra, integrou o projeto Agro em Casa, plataforma de vendas online montada pelo Sebrae para possibilitar negócios durante a pandemia. Na sequência, buscou uma consultoria de turismo e começou a montar planos de visitação à propriedade, com atendimento de quarta-feira a domingo.

No período de safra, em janeiro e fevereiro, na opção básica, os turistas fazem caminhadas pelos parreirais e participam da colheita das uvas, podendo comprar as quantidades desejadas e fazer piqueniques. “A gente explica todo o processo de cultivo, o sistema de condução, a poda, e eles provam em torno de cinco variedades de uva”, detalha Daniela. Sob agendamento prévio, o cliente pode vivenciar também a tradicional pisa da uva.

Ao longo de todo o ano, mesmo fora da época de safra, é oferecida ainda a alternativa de passeio pelos vinhedos com degustação de vinhos. Essa modalidade hoje já representa 50% da receita da propriedade, segundo Daniela. Entusiasmada com os resultados, ela diz que a família pretende ampliar as atividades. “A gente quer ter mais experiências voltadas para o turismo rural, por exemplo, um passeio de trator pela propriedade, mas isso envolve fazer um carreto que tenha segurança para as essas pessoas. Então, são investimentos que a gente pretende fazer no futuro”, diz.

Vinícola guabiju atrai pequenos grupos

Proprietário da Vinícola Guabiju, o técnico agrícola e sommelier Leandro Rasquinha Lopes também trilha o caminho do turismo rural. Há mais de 20 anos, ele se dedica ao plantio de uvas viníferas em uma propriedade de 15 hectares adquirida no final da década de 30 pelos avós, no município de Barros Cassal. No local, as sucessivas gerações desenvolveram diferentes atividades, do plantio de tabaco, milho e feijão à pecuária de corte e leite. A influência italiana, no entanto, acabou definindo os rumos da fazenda. “Do lado da minha mãe, são imigrantes italianos, trouxeram na bagagem aquela coisa de lidar com uva. Meus pais sempre tiveram de 20 a 30 pés de parreiras”, diz Lopes.

Aproveitando o terroir diferenciado do Alto da Serra do Botucaraí, a família cultiva 1,5 hectare com uvas, que rendem uma produção limitada de 3 mil garrafas de vinho por ano. Esse estoque é vendido na própria vinícola, em casas especializadas e em feiras agropecuárias, como a Expointer, em Esteio. E foi ao participar de eventos desse tipo, segundo Lopes, que eles visualizaram um potencial para explorar o turismo rural, já que muitos compradores atendidos manifestavam interesse em visitar a vinícola. “Nossa ideia é que as pessoas, conhecendo o nosso vinho, procurem saber onde fica a propriedade. É (um negócio) bem recente, está engatinhando ainda. É para as pessoas conhecerem e ter bons momentos em família”, destaca o produtor.

Leandro Lopes, de Barros Cassal, investe na Rota do Vale Encantado, lançada há dois anos em parceria com outras propriedades rurais, que estruturam um roteiro para atender grupos de até 30 visitantes | Foto: Arquivo pessoal / CP. 

Com esse mote, a Guabiju gente recebe grupos de oito a de pessoas. Os turistas são levados ao interior da indústria, onde acompanham todas as etapas da produção artesanal de vinhos, da fermentação em tanques ao envelhecimento em barris de madeira e envase. Além, é claro, de saborear as bebidas da marca à sombra de ombrelones instalados na fazenda, cujo nome se deve à presença de um guabiju centenário. “A gente tem variedades (de uva) italianas também. As pessoas percebem quando vêm aqui provam o vinho e veem como é diferente, né?”, orgulha-se o vitivinicultor.

Para expandir o turismo rural, ele aposta na chamada Rota do Vale Encantado. A iniciativa foi lançada há dois anos em parceria com cinco outros empreendimentos rurais, que estruturaram um roteiro conjunto de atividades para atender grupos maiores, de até 30 pessoas. “Já estamos com agendamentos. Fazer uma rota turística aqui no interior é pioneiro. A gente quer que a comunidade entenda que tem muito lugar bonito, muita coisa para fazer aqui. Então, é um trabalho de formiguinha”, comenta Lopes.

Tranquilidade do campo perto da Capital

Empreendedores do Litoral gaúcho aliam o bem-estar proporcionado pela natureza local à elaboração de iguarias pelas próprias famílias para oferecer experiências ao público em sítios e fazendas de fácil acesso e próximos às praias

Turismo em Torres traz à mente a imagem típica de férias à beira-mar, passeios de barco e brincadeiras na areia. Nos últimos anos, porém, cada vez mais pessoas têm viajado para o município litorâneo com um propósito diferente – o de vivenciar o contato com a natureza, o ar puro e a calmaria em destinos rurais longe da movimentada costa da cidade, seja no verão ou no inverno. O agricultor José Carlos de Matos, proprietário do Sítio Vô Inácio, é um dos empreendedores que proporcionam esse tipo de experiência aos visitantes em uma fazenda de 22 hectares herdada dos familiares.

Com uma trajetória ligada às lutas de produtores rurais na região – ele fez parte da diretoria e foi presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Torres –, Matos começou a adaptar o local para receber turistas após o falecimento do pai e da mãe, em 2009 e 2012, respectivamente. A decisão foi motivada pelos cursos de turismo rural oferecidos pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) na região, em parceria com o sindicato. “Minha esposa ficou muito sozinha na propriedade, porque eu estava no sindicato. Muitas pessoas estavam fazendo o curso e eu recomendei que ela também participasse. Ela foi vendo que aquelas coisas feias que a gente tinha lá, se a gente ajeitasse, ficariam bonitas. Começaram a surgir ideias”, explica.

Figueira plantada há quatro décadas pelo pai do agricultorJosé Carlos de Matos, que trabalha com a esposa, Maria de Lourdes, é uma das atrações do Sítio Vô Inácio, em Torres. A propriedade oferece trilha na mata, visitação a um mirante e ao Museu Rural de Torres, criado em homenagem ao patriarca do local. | Foto: Arquivo pessoal / CP.

Aos poucos, o casal foi transformando essas ideias em realidade, valorizando belezas naturais como uma figueira plantada há quatro décadas pelo pai do agricultor – o nome do sítio, aliás, é uma homenagem ao patriarca – e o açude com peixes existente na propriedade. A casa que pertenceu aos pais de Matos e a residência habitada por ele na época viraram ambas pousadas, equipadas com ar-condicionado, televisão e equipamentos de cozinha. “A gente fez um outro galpão, que terminou sendo a minha moradia, fizemos uma trilha na mata e um mirante. Juntamos ferramentas com que o meu pai trabalhava na roça e fizemos o primeiro museu rural de Torres”, conta Matos.

No verão, o Vô Inácio hoje recebe famílias da Grande Porto Alegre e de outros estados, da Argentina e do Uruguai. As reservas podem ser feitas diretamente com os proprietários pelo Whatsapp e pelo site de reservas online Booking. No inverno, o maior fluxo é garantido por grupos de 30 a 40 pessoas, que compram pacotes de uma empresa de turismo parceira para roteiros incluindo visitas a vários sítios na região. Ao chegar à propriedade, diz Matos, eles são recepcionados com música tocada no violão por sua esposa, Maria de Lourdes, e fazem uma caminhada pela mata. Depois, encerram o passeio com um “café rural”, no qual, entre outras delícias, podem degustar licores e chimias preparadas pela anfitriã.

Cursos do Senar são ponto de partida para novatos

Os cursos organizados pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) com conteúdo focado em turismo rural são o ponto de partida de muitos produtores que se interessam em investir na área. Neste ano, até maio, a instituição já havia promovido cerca 90 desses treinamentos em quatro regiões gaúchas – Serra Gaúcha, Região Central, Litoral e Planalto.

O programa inclui atualmente nove módulos independentes de 16 a 32 horas, que contemplam temas diversos e podem ser cursados separadamente. Entre estes assuntos, estão acolhida no meio rural, planejamento e implantação de pousadas e restaurantes rurais, roteiros, trilhas e caminhadas ecológicas, identificação de oportunidades de negócios e implantação de pontos de venda de produtos agroalimentares típicos e artesanato – o programa todo tem um total de 220 horas. “A gente vê o turismo rural como oportunidade para o pequeno produtor, mostrando ações que podem ser desenvolvidas. Cada ano é um ano diferente, e as ações não são as mesmas de um ano para outro”, explica a gestora do programa de Turismo Rural do Senar, Patrícia Carine Hüller Goergen.

Segundo Patrícia, os cursos são ministrados em cada região com base no interesse manifestado pelos sindicatos rurais locais. Independentemente do módulo escolhido pelos produtores, o treinamento é sempre precedido por uma palestra de sensibilização. A demanda pelos temas é bem diversificada. “A área de culinária é bastante procurada, temos vários módulos (com esse foco), assim como a parte de roteiros, trilhas e caminhadas ecológicas”, afirma a gestora.

As iniciativas

Números da Emater/RS-Ascar sobre ações de identificação, criação e comercialização de produtos 
turísticos desenvolvidas em 2022, em parceria com a Seapi:

Bagé

Produtores assistidos: 44
Rotas/roteiros: 3

Caxias do Sul
Produtores assistidos: 160
Rotas/roteiros: 22

Erechim
Produtores assistidos: 70
Rotas/roteiros: 11

Frederico Westphalen
Produtores assistidos: 55
Rotas/roteiros: 11

Ijuí
Produtores assistidos: 43
Rotas/roteiros: 4

Lajeado
Produtores assistidos: 194
Rotas/roteiros: 21

Passo Fundo 
Produtores assistidos: 28
Rotas/roteiros: 6

Pelotas 
Produtores assistidos: 100
Rotas/roteiros: 8

Porto Alegre
Produtores assistidos: 266
Rotas/roteiros: 35

Santa Maria
Produtores assistidos: 48
Rotas/roteiros: 10

Santa Rosa
Produtores assistidos: 49
Rotas/roteiros: 9

Soledade
Produtores assistidos: 105
Rotas/roteiros: 23

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895