Pesquisa rural sob a batuta feminina

Pesquisa rural sob a batuta feminina

Mesmo com salários defasados em relação ao mercado, Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária da Secretaria de Agricultura do RS consegue manter um quadro de cientistas reconhecido e altamente qualificado

Por
Nereida Vergara

O governo do Rio Grande, cuja economia está cada vez mais baseada no desempenho agropecuário, tem em seus quadros funcionais um contingente de pesquisadores de alta qualificação dedicados aos estudos que aprimoram as práticas rurais. São estudiosos de todas as vertentes do campo com foco nas particularidades climáticas e tradições produtivas do Estado, passando pelo desenvolvimento de conhecimentos inovadores, que colocam os agricultores e pecuaristas gaúchos, muitas vezes, em vantagem. Esses profissionais, hoje lotados no Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Desenvolvimento Sustentável e Irrigação, ingressaram no Estado pela porta da Fundação de Pesquisa Agropecuária (Fepagro), extinta na reforma administrativa de 2017. Entre eles, chama atenção a predominância de mulheres e, mais que isso, o grau de especialização destas, num contexto em que o feminino é bastante exigido fora do trabalho, com tarefas domésticas, cuidados familiares e com filhos.

O DDPA conta hoje com 89 pesquisadores agropecuários – selecionados por concurso para o cargo. Desse total, 45 cargos são ocupados por mulheres, o que corresponde a 51% do quadro. Entre essas servidoras, 43 fizeram pós-graduação (mestrado, doutorado e ainda pós-doutorado), ou seja, 96% delas. O papel feminino gaúcho nesse ramo da pesquisa foi recentemente reconhecido pela Revista Forbes do Brasil, na lista 100 Doutoras do Agro, revelando no quadro da Seapi a cientista Andréia Mara Rotta de Oliveira . 

Ao mesmo tempo que têm sua capacidade reconhecida, as pesquisadoras revelam preocupação com o futuro incerto da carreira, que cada vez menos atrai jovens em razão do salário tido como defasado e que padece da falta crônica de investimentos. De acordo com a Secretaria de Agricultura, o Estado hoje garante ao DDPA um orçamento anual de R$ 2 milhões, distribuídos em 132 projetos de pesquisa em execução, em 12 áreas. Além disso, contempla 76 projetos de diagnóstico com inserção nas principais cadeias produtivas.

"A pesquisa é importante e fundamental para o desenvolvimento da agropecuária, contribuindo como uma geradora de oportunidades e para a tomada de decisões, melhoria da qualidade dos produtos e também aumento da oferta de alimentos", diz o secretário Giovani Feltes. Conforme Feltes, o Estado reconhece a importância do setor, valoriza o trabalho desenvolvido e tem feito o possível para fortalecer a pesquisa agropecuária dentro das limitações financeiras em que ainda se encontra o Rio Grande do Sul.

O salário de um pesquisador com doutorado na Seapi ronda os R$ 9 mil mensais, cifra que pode ser batida sem grande esforço por instituições privadas e mesmo por entes públicos, como as universidades e a própria Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), reporta a chefe do DDPA, Maria Helena Fermino. Servidora do Estado desde 2004, Maria Helena garante que o interesse das mulheres do departamento por formação tem sido maior que o masculino. Ela reitera que, das atuais 45 pesquisadoras, apenas duas têm somente o título de mestre. “Mas é realmente notória a defasagem salarial, o que demonstra bastante resiliência de quem fica e pouco interesse de novos talentos para a função”, diz ela, lembrando que, depois da extinção do direito à progressão salarial no Estado, a carreira amarga perda superior a 50% e só recebe reposição quando o governo estadual a concede a todo o quadro.

 

Maria Helena, as gêmeas Fabiane e Adriane, e a filha mais nova, Márcia / Foto: Maria Helena Fermino/Arquivo Pessoal

Maria Helena é um exemplo da resiliência que ela mesma cita e dos desafios que a mulher pesquisadora vive, numa atividade que exige alto nível de dedicação em estudo e tempo. Mãe de três filhas – as gêmeas Adriane e Fabiane, cadeirantes e com necessidades especiais, de 22 anos, e Márcia, com 21 anos –, trabalha no Estado em regime de meio período e viu sua produção científica diminuir quando adotou as três irmãs, juntas, com dois anos e oito meses (as gêmeas) e um ano. "Este é um privilégio que foi possível para criar as minhas filhas", ressalta, revelando que as gêmeas são hoje paratletas, e, a mais nova, estudante de Jornalismo.

A chefe do DDPA observa, entretanto, que pelo fato de o Estado não ser mais uma carreira cobiçada como antes, é necessário o governo olhar para esse problema ou, no futuro, não encontrará peças para repor. “O futuro se apresenta ruim, temos dificuldade até para concorrer a bolsas com nossos projetos (na Fapergs e no CNPq). Desidratar a pesquisa é deixar de construir políticas públicas consistentes e que são fundamentais para o desempenho do produtor e para a produção de alimentos”, completa.

 

Estudos da olivicultura em destaque na Forbes

Andréia Mara Rotta de Oliveira, que em outubro figurou na lista 100 Doutoras do Agro publicada pela revista, trabalha há 12 anos no Estado, com intensa produtividade, mas consciente das limitações impostas à carreira pela conjuntura

Pesquisadora destaca a homenagem da revista como um dos grandes momentos de sua carreira / Foto: Fernando Dias/Ascom/Seapi/Divulgação CP

Tradicional na publicação de rankings, a Revista Forbes, no último dia 15 de outubro, Dia Internacional da Mulher Rural, publicou a lista 100 Doutoras do Agro. No seleto grupo, figura a pesquisadora do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA) da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) Andréia Mara Rotta de Oliveira.

Responsável técnica pelo Laboratório de Fitopatologia do DDPA, graduada em Ciências Biológicas, doutora em Fitotecnia e pós-doutora em microbiologia agrícola, Andréia disse ter se surpreendido com o reconhecimento, principalmente por ser ela uma profissional que faz parte do quadro de pesquisadores de uma instituição pública. O trabalho destacado pela Forbes foi o que ela desenvolve na área de olivicultura, com foco no desenvolvimento sustentável de um dos cultivos que mais cresce no Rio Grande do Sul.

Aos 56 anos, a gaúcha de Erechim explica que o estudo voltado à produção de olivas é integrado por 21 pesquisadores e inclui temas como os solos, fitopatologia e fitotecnia e também cadeia de consumidores. "É muito interessante porque gera dados sobre um assunto que as pessoas estão lendo e que explicam as diferenças sensoriais de experimentar um azeite de oliva importado, às vezes velho, e o frescor do azeite gaúcho", detalha. Andréia também se dedica à pesquisa de identificação de patógenos e bioprospecção de bactérias de controle biológico, para produção de bioinsumos.

Há 12 anos como servidora do Estado (ela e as demais pesquisadoras lotadas no departamento ingressaram originalmente na Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro), extinta em 2017), Andréa Oliveira revela que foi um momento muito importante de sua carreira quando assumiu o posto de pesquisadora na fundação, cujo processo de extinção ela não deixa de considerar um contrassenso por parte do governo que o concretizou. 

"Com o fechamento da fundação, o Estado ficou para trás em relação a outros estados do Brasil que mantêm suas instituições de pesquisa, que se empenham em manter seus pesquisadores bem valorizados (ela cita São Paulo e Minas Gerais como exemplos). Veja que a Forbes nos encontrou e, por vezes, o Estado não nos enxerga", comenta.

Andréia ressalta que a situação da pesquisa pública no Brasil é uma consequência de como é visto o servidor pela população. "Quando os estados estão em dificuldade, sobra para o servidor", pontua. Ela admite que é bastante frustrante o profissional investir em qualificação, em anos de estudo e, em alguns casos, não ter nem condições de sobrevivência. "Precisaria de mais investimentos", completa.

Paixão pelo que faz e rede de apoio para tocar a vida

Com rede de apoio, Gerusa conseguiu manter trabalho presencial na pandemia e preservou cepas selecionadas de microrganismos / Foto: Gerusa Steffens/Divulgação

Mais do que ser uma apaixonada pela pesquisa agropecuária, Gerusa Pauli Kirst Steffen, do Centro Estadual de Diagnóstico e Pesquisa Florestal da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), em Santa Maria, é empenhada em fazer a comunidade reconhecer o valor desta atividade. Focada na microbiologia agrícola, as investigações científicas de Gerusa buscam identificar as interações entre as plantas e os microrganismos existente no solo, conhecimento que tem cada vez mais relevância para otimizar a fertilização das áreas de plantio e como informação técnica para empresas que produzem bioinsumos.

Gerusa, 40 anos, faz parte do quadro de pesquisadores do Estado desde 2013, quando ingressou na extinta Fundação de Pesquisa Agropecuária (Fepagro). Com dois filhos, de 12 e sete anos, não reclama de sobrecarga e nem de dificuldades de dedicação à carreira que escolheu. Afirma ter contado com rede apoio desde que os filhos nasceram e com o marido, também pesquisador, que considera um grande "parceiro". 

Doutora em ciências do solo e pós-doutora em ciências biológicas, reconhece que a pandemia foi um tempo desafiador para conciliar família e trabalho. "Pela natureza do trabalho, não pude ficar todo o tempo em home office, pois os microrganismos, cepas selecionadas, precisam de cuidados para não morrer. Então foi um período mais difícil", recorda.

Quanto à situação profissional, Gerusa considera-se privilegiada. Ela lembra que dentro da própria secretaria há profissionais que auxiliam a pesquisa com situação salarial bastante inferior e que tudo é uma questão de como cada um se vê no sistema. Em Santa Maria, a pesquisadora ressalta que o empenho dos servidores do Centro Estadual de Diagnóstico e Pesquisa Florestal é também dar visibilidade ao trabalho científico, se aproximando dos jovens e das crianças. “Nós procuramos incentivar os estudantes a seguirem a carreira científica e produzimos livros infantis para que entendam melhor a atividade”, comemora.

Gerusa chama atenção ainda para a importância de se fazer chegar os conhecimentos produzidos pela pesquisa agropecuária a quem mais interessa: o produtor. “Nós conhecemos a força do produtor gaúcho e entendemos que ele sabe que o solo é seu bem maior. Não há agricultura eficiente que não passe pelos cuidados com o solo. Levar as descobertas ao produtor é imprescindível”, completa.


Ciência agropecuária convertida em estatística

Carolina Bremm, ainda em licença maternidade, planeja como voltar às atividades como pesquisadora e cientista de dados da Seapi

 

Trabalho como cientista de dados requer dedicação e Caroline terá de rever rotina em razão da filha Martina / Foto: Carolina Bremm/Arquivo Pessoal

Pesquisar é um ato muito importante para o desenvolvimento da agropecuária no Rio Grande Sul, tanto quanto transformar em dados as descobertas que são feitas nas bancadas dos laboratórios e no campo. Este é o trabalho principal de Carolina Bremm, pesquisadora da área de estatística do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa em Agropecuária (DDPA) da Secretaria de Agricultura do Estado. Com pós-doutorado na França em modelagem de dados, Carolina ingressou no Estado em 2012, tendo pouco mais de 30 anos.  

Atualmente, aos 41 anos, está em licença maternidade, cuidando da pequena Martina, de quatro meses e meio. Além de compilar dados de pesquisas realizadas em todo departamento, a cientista tem linhas pessoais de investigação, entre elas a que propõe o monitoramento de pastagens nativas do Bioma Pampa por sensoriamento remoto.  
A pesquisadora relata que sempre precisou para execução de seu trabalho de muita concentração e foco e que sempre teve apoio dos colegas, sem nunca ter experimentado o preconceito pelo fato de ser mulher. Agora, porém, com a chegada de Martina, Carolina reconhece que algumas mudanças em sua dinâmica de trabalho terão de ser feitas para atender as necessidades da pequena. "Sempre fui muito privilegiada com a minha família e tenho todo o apoio do meu esposo, mas é claro que a dinâmica vai mudar, porque o bem-estar da Martina é a primeira coisa que interessa", diz.

Carolina Bremm, assim como as colegas, reclama da escassez de recursos destinados à pesquisa e da dificuldade em concorrer a editais da Fapergs e do CNPq. "É difícil concorrer e seria interessante ter mais verbas para privilegiar pesquisas de relevância para o Estado, como é o caso das que envolvem o Bioma Pampa, único no mundo", reflete.


Revelando o papel das sementes no desempenho da agricultura familiar

Para Liege, investimentos na pesquisa agropecuária são fundamentais para a pequena propriedade / Foto: Liege Costa/Arquivo Pessoal

Liege Camargo da Costa, 46 anos, exerce suas funções de pesquisadora no Centro de Pesquisa em Sementes do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa da Secretaria de Agricultura do Rio Grande do Sul, em Júlio de Castilhos, há 12 anos. Doutora em Agronomia e Melhoramento de Plantas, dedica sua atenção às sementes de grãos, como soja e feijão, e especialmente aos consórcios entre culturas que favoreçam a agricultura familiar, como feijão e mandioca.  

Mãe de dois filhos, um rapaz de 24 anos, e uma adolescente de 13, os quais se orgulha de ter criado sozinha, Liege é chefe do centro e já foi professora universitária. Menos presa à bancada e ao microscópio, pratica muito das atividades de pesquisa em campo, monitorando o desenvolvimento das sementes melhoradas nas parcelas experimentais da unidade, conduzindo máquinas e conferindo in loco os resultados dos estudos que o centro proporciona. "Nós testamos, além de soja e feijão, culturas como o milho, o trigo e as coberturas vegetais", conta ela, que recentemente publicou o trabalho "Consórcio entre mandioca e feijão como incremento na agricultura familiar".

"As vantagens do sistema consorciado incluem aumento na produtividade por unidade de área, proteção vegetativa do solo contra a erosão, controle das plantas daninhas, redução da incidência de pragas e doenças nas culturas consorciadas, além de diversificar as fontes de renda e oferecer diversidade de produtos para o agricultor. Além disso, o cultivo de culturas de raízes curtas com outras de raízes profundas mantém a fertilidade do solo e a produtividade, interrompendo a transmissão de pragas e doenças específicas”, explica a pesquisadora. Em razão dos múltiplos problemas climáticos que o Rio Grande do Sul tem enfrentado, Liege acredita que o governo está mais preocupado em aplicar os resultados das pesquisas.  
"Os investimentos podiam ser melhores nas instituições públicas do agro, que têm extrema importância para a sustentabilidade dos cultivos", acrescenta. Na questão salarial, ela também reconhece a defasagem, mas diz que o Estado deve rever a remuneração de todos os envolvidos no setor, do pesquisador aos técnicos que auxiliam o cientista de forma valiosa. "Mas sim, estamos vendo evasão de talentos, porque profissionais mais jovens buscam os salários e as condições da iniciativa privada para trabalhar", pondera.

 
No combate ao carrapato há quase duas décadas

Rovaina Doyle, cientista do Centro Estadual de Diagnóstico e Pesquisa em Saúde Animal Desidério Finamor (IPVDF), acredita que cenário para a pesquisa melhorou no último ano, mas que falta ainda celeridade para chegar ao produtor

Carrapatos de pelúcia produzidos como hobby por Rovaina Doyle dão a dimensão da importância do assunto para a pesquisadora / Foto: Fernando Dias/Ascom/Seapi/Divulgação/CP

Um dos grandes problemas da pecuária, do ponto de vista do bem-estar animal e das perdas econômicas, é o carrapato. O parasita é o foco dos estudos da pesquisadora Rovaina Laureano Doyle, lotada em Eldorado do Sul, no Centro Estadual de Diagnóstico e Pesquisa em Saúde Animal Desidério Finamor (IPVDF). 

Rovaina, com 45 anos, está há pelo menos 18 anos a serviço do Estado, tendo ingressado em 2005 pela porta da Fundação de Pesquisa Agropecuária (Fepagro). Doutora em parasitologia, ela reside dentro do centro de pesquisas, com o marido, Mauro Peres Ferreira, e os filhos João, de 15 anos, e Gabriel, de 8 anos. 

Dedicada à investigação das doenças ocasionadas pelo carrapato − entre as quais a tristeza bovina, com alto índice de mortalidade − e endoparasitoses, Rovaina é o que se define como mãe atípica. João, o filho mais velho, se enquadra em transtorno do espectro autista, exigindo atenção multidisciplinar. “Trabalhar no Estado e morar dentro do centro me permite acompanhar o desenvolvimento dele com mais conforto, já que posso reduzir minha carga horária entre 30% e 50%. Além disso, conto com a parceria do meu marido. Ele é o grande motivo de eu conseguir cumprir minhas atividades no laboratório. Porque ele cuida dos meninos e da casa durante o dia e trabalha à noite”, elogia.

Rovaina , com um bom humor invejável para o que ela diz ser um cotidiano “se virando nos 30”, tem como hobby a confecção de simpáticos carrapatos de pelúcia. Ela avalia que o momento da pesquisa no Rio Grande do Sul e no Brasil começa a dar sinais de melhora, com mais aporte de recursos e abertura de frentes de financiamento. Segundo ela, entretanto, nos últimos anos a atividade foi permeada pelo descrédito, em grande parte fomentado por governos que a consideraram menos importante. ”O resultado disso é que temos cada vez menos profissionais interessados em investir na carreira de pesquisador, pelas dificuldades que se apresentam para conseguir recursos e pela defasagem salarial. Aqui no IPVDF (o centro oferece curso de mestrado), temos visto sobrarem vagas nos processos seletivos”, relata ela.

A pesquisadora ressalta ainda que, mesmo com a ampla dedicação dos cientistas do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa em Agropecuária (DDPA) da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), ainda existe um descompasso entre o conhecimento produzido e a chegada deste a seu destinatário final: o produtor. “Todo o nosso trabalho é feito com o objetivo de melhorar o desempenho das propriedades e da produção, mas ainda demora um pouco para chegar na ponta”, conclui Rovaina.

Preconceito e assédio na vida das cientistas

O levantamento "Perfil do
Cientista Brasileiro em Início
e Meio de Carreira"
, divulgado em
setembro deste ano pela Academia
Brasileira de Ciências (ABC)
, revela que o
cotidiano das pesquisadoras brasileiras é mais
difícil do que o dos pesquisadores, mas mesmo
assim são elas que predominam no cenário
nacional. Responderam o
questionário da ABC 4.111 pesquisadores,
sendo que 52,39% foram mulheres.
A maior parte dos
entrevistados, 73,1%, são brancos;
47,27% têm filhos; e
somente 18,06% dos
pesquisadores estão na Região
Sul do Brasil.
A parentalidade é um componente
de grande impacto na carreira das mulheres,
sendo que 38,7% delas alegam impacto extremo
(num prazo de cinco a seis anos depois do
nascimento), contra 16,6% dos homens
que admitem que a chegada dos filhos
influencia na carreira.
As mulheres são também as que
mais sofrem com assédio sexual, apontando
a situação em 47% dos casos, 99% das
vezes praticado por homens.
Apenas 12% dos homens
reportaram assédio sexual,
o qual foi praticado em 50% das
vezes também por homens. 

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895