João Pedro Milgarejo, de 18 anos, é um dos atletas da Remar para o Futuro que esteve no Rio de Janeiro, nesse mês, competindo no Campeonato Brasileiro. Na mesma disputa, em 2024, ele, assim como seus amigos, ganhou medalha antes de voltar para Pelotas, na trágica noite de 20 de outubro, quando foi o único sobrevivente no acidente que matou sete atletas e o idealizador do projeto, além do motorista da van onde estavam. Agora, no entanto, o desafio também era fora da água.
“É muito difícil estar em uma competição brasileira igual à do ano passado sem meus amigos. Me pergunto como seria se estivessem aqui. Por outro lado, sei que não iam gostar se eu deixasse de competir”, pondera. Para ele, é uma missão chegar ao pódio. “É especialmente por eles. Sigo com minha meta de ser um remador olímpico, representando o Brasil e quem sabe conquistar uma medalha de ouro”, projeta.
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Milgarejo afirma que, além desta meta, há um ano passou a se dedicar ainda mais aos treinamentos pelos amigos que faleceram. “Sei que onde estão, todos torcem por mim e pela Brenda. Além disso, temos a nova equipe do Remar e precisamos ajudá-los com apoio emocional e moral, por sermos exemplo para eles, por não ter parado de remar após o acidente, seguindo firme no propósito da nossa missão”, confirma.
O rapaz confessa que ainda tem medo de viajar de van. “Porém, tenho que enfrentar para participar de competições, em Porto Alegre, por exemplo. Para as maiores distâncias, vamos de avião”, diz. Para ele, as consultas semanais com psicólogo têm ajudado a enfrentar esses e outros receios. “É uma honra estar novamente competindo por eles, que lá de cima me ajudam", diz.
“Sempre que entro em um barco, sinto a força de todos eles, me levantando quando quero cair”, completa.