Grêmio

Especialistas alertam para o perigo de interferências de fora do campo nos jogos do Brasileirão

Nova rotina do VAR para as últimas rodadas do Campeonato e medida da procuradoria do STJD em relação aos cartões dos jogadores do Grêmio são questionadas

Ramon Abatti Abel apitou o clássico São Paulo x Palmeiras
Ramon Abatti Abel apitou o clássico São Paulo x Palmeiras Foto : ETTORE CHIEREGUINI/AGIF - AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO/CP

A última rodada do Brasileirão antes da parada para a data Fifa pode ser considerada emblemática. Não pelo Palmeiras tomar a dianteira na tabela de classificação, mas também pelas circunstâncias em que isso ocorreu.

É que a partir dos erros de arbitragem do clássico entre São Paulo e Palmeiras e do jogo entre Bragantino e Grêmio que CBF, Fifa e STJD se movimentaram. E as consequências dos movimentos destas siglas trazem preocupação para o restante do Campeonato.

Horas depois das imagens com os lances dos confrontos rodarem o Brasil, a CBF afastou os árbitros Ramon Abatti Abel e Lucas Casagrande. A pressão dos clubes para saber a postura do VAR também em jogadas sem a ida dos juízes até o monitor foi grande. A Fifa foi acionada e, de forma inédita, os áudios dos “lances não protocolares” ganharam publicidade.

"A única coisa que eu acho ruim é mudar a regra no meio do jogo. Deveriam esperar o término do campeonato e implementar no ano que vem. E os jogos que já passaram e geraram dúvidas? Esse tipo de mudança não é benéfica para a competição", avalia o ex-árbitro gaúcho Márcio Chagas.

A coisa não parou por aí. Se sentindo recorrentemente prejudicado ao longo da temporada, o Grêmio foi além. Se mobilizou e protestou a ponto de ser ouvido pela Promotoria do Superior Tribunal de Justiça Desportiva. Em caráter emergencial, está em trâmite o pedido de Medida Inominada requerendo a suspensão dos cartões vermelho recebido por Kannemann e amarelo, por Marlon, ambos suspensos para encarar o São Paulo na quarta-feira.

"A partir do momento em que você tem uma interferência externa ou uma possível interferência no Tribunal para tentar anular um cartão que foi decidido dentro campo você corre o risco de mexer em toda a competição. Isso é uma questão extremamente delicada e perigosa porque começa com essa situação, mas pode ganhar uma proporção enorme", alerta o advogado João Henrique Chiminazzo, especializado em direito esportivo.

No texto no próprio site do STJD são detalhados os lances envolvendo os jogadores gremistas, assim como é reproduzido trecho da conversa entre os árbitros de campo e da cabine, o que para quem trabalha com isso não faz sentido.

"No meu entendimento essa questão envolve a discussão de erro de fato e erro de direito. Erro de fato é o equívoco em relação ao fato, ou seja, a interpretação se um lance específico foi falta ou não. Já o erro de direito é quando há o equívoco em relação à regra do jogo. Exemplo de erro de direito seria se houvesse uma falta dentro da área e o árbitro dissesse que não é pênalti, mas sim lance de dois toques dentro da área. Se o STJD acatar essa tese levantada, corremos o risco de ter um precedente muito perigoso", afirma Marcelo Amoretty, também especialista no tema.

O fato é que a mudança no VAR e, dependendo a resposta do presidente do STJD até amanhã sobre o caso, dão maior alcance à lupa sobre os homens do apito e do ar condicionado das cabines. "A arbitragem brasileira respira sob oxigênio e não é de hoje", completa Chagas.

Confira a programação de esportes na TV desta terça-feira, 23 de abril

Opções incluem eventos de futebol e outras modalidades esportivas em canais abertos e por assinatura







Placar CP desta terça-feira, 23 de abril: confira jogos e resultados das principais competições de futebol

Acompanhe a atualização das competições estaduais, regionais, nacionais, continentais e internacionais