As trajetórias de Atlético Mineiro e Inter em 2025 têm semelhanças além da proximidade da tabela de classificação do Campeonato Brasileiro: 13º e 15º, respectivamente. Os dois foram campeões estaduais no primeiro semestre, mas oscilaram tanto depois que se obrigaram a trocar de treinador. Enquanto Ramón Díaz busca ainda encontrar um norte no time gaúcho, o também argentino Jorge Sampaoli parece estar achando a mão no Galo.
Eliminações traumáticas também os aproximam. A do Atlético na Copa do Brasil para o rival Cruzeiro deu origem à saída de Cuca. Roger Machado resistiu à quedas nas Copas, mas não a uma derrota no Gre-Nal. Ou seja, o peso dos clássicos fez estrago em ambos.
Domingo os dois se encontram no Beira-Rio em posições similares na tabela, mas com perspectivas diferentes de fim de ano. Em Porto Alegre, vencer e chegar a 38 pontos é fundamental para o Inter. Uma derrota fora de casa seria a 11ª do Atlético e manteria a equipe no bolo de quem vê o Z-4 ainda por perto.
No entanto, a preocupação em BH é outra. Ao classificar para a final da Sul-Americana com o 3 a 1 diante do Independiente del Valle, os mineiros enxergam na decisão do dia 22 de novembro contra o Lanús, em Assunção, a salvação do ano, pois trata-se de um título inédito para o clube.
Por isso, o Correio do Povo procurou saber como chega ao Beira-Rio este 'novo' Atlético Mineiro para encarar um pressionado Inter. Confira abaixo uma entrevista com Mário Marra, comentarista dos Canais Disney e que acompanha de perto o Galo.
O que mudou do Atlético de antes pra esse de terça-feira? Parecia em outra voltagem.
O Atlético já vinha melhorando e dava a sensação de o time estar priorizando alguns jogos. e por isso perdeu algumas partidas recentes. Aos poucos o Sampaoli foi entendendo o nível físico dos jogadores que estava bem baixo. Ele conseguiu preservar alguns nesses jogos que o Galo especulou. O Dudu falou sobre isso inclusive. E aos poucos alguns jogadores se recuperaram de lesão como o Alexander. E é preciso dizer também que o time sentiu a perda dos dois machucados: Lyanco e Cuello. O time está menos previsível e mais flexível.
Aqui, pela situação do Inter, existia uma dúvida antes do jogo da terça-feira. 'Melhor pegar o Galo classificado e com a final da Sul-Americana no horizonte e talvez mais relaxado no Brasileirão ou eventualmente pressionado se fosse eliminado?
Não vejo o time consolidado, vejo um crescimento. Atualmente o pior cenário é jogar contra o Atlético na casa dele. Ali está sendo criada novamente a química com o torcedor. Mas fora de casa tem sido um time que joga para não perder. No entanto, essa não é uma característica do Sampaoli que é mais agressivo. Ele tem feito isso atualmente para evitar maiores problemas. Se fosse jogar contra um time deprimido talvez não fosse o melhor cenário porque teria que ir bem no Brasileiro de qualquer jeito. Por outro lado, do jeito que foi a classificação jogando bom futebol acho que deu uma injeção de ânimo.
A impressão é que o Samapoli recuperou caras desacreditados. Bernard simboliza isso?
Sim e o Bernard é maior símbolo disso. O Dudu é um grande símbolo também e o Arana é outro bem importante. Vivia uma temporada bem abaixo. Ele tinha que marcar, mas sendo o seu forte o ataque. (...) De um tempo para cá o Sampaoli aposta em jogadores de mais qualidade técnica e fortalece fisicamente o time.
O Sampaoli muda sempre a equipe. Para domingo, como imaginas que ele trabalha o jogo contra o Inter? Confronto direto ou não?
Eles entendem como um confronto direto, mas também lembram que o Atlético tem um jogo a menos. (contra o Fortaleza, em Minas Gerais). O Sampaoli falou que o Atlético tem que usar o Brasileirão para se fortalecer para a final da Sul-Americana. Pegar situações de jogo e aprimorar.
Hulk no banco ou com 90 minutos pra tentar o gol 500?
Acho que não começa no banco, mas é um achismo. No Brasileirão ele tem jogado mais. Está tendo uma recuperação dele também, mais tímida é verdade, mas está tendo. (...) Pode ser que o Sampaoli dê algumas chances para alguns jovens da base.