Água cede, mas cheia segue causando efeitos a moradores de Eldorado do Sul e Guaíba

Água cede, mas cheia segue causando efeitos a moradores de Eldorado do Sul e Guaíba

Quatro colégios de Eldorado continuam sem aulas, e em Guaíba, ocorrem ações solidárias

Felipe Faleiro

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O trabalho de limpeza continua acelerado nesta segunda-feira nos municípios de Eldorado do Sul e Guaíba, na região metropolitana, mais de uma semana após as chuvas e cheias históricas que atingiram as duas localidades. Para esta terça-feira, o prognóstico da MetSul Meteorologia indica novas precipitações, indicando também uma necessidade maior de atenção, especialmente nas localidades mais baixas. No bairro Picada, em Eldorado do Sul, grande parte da água já cedeu em vias como a avenida Martinho Poeta, no braço norte da Ilha da Pintada, mas, assim como em Porto Alegre, a sujeira está presente em diversas ruas. 

Hoje, as aulas retornaram em oito colégios do município, restando as escolas municipais de Ensino Fundamental (EMEF) Professora Luiza Maria Binfaré Cézar, Cônego Eugênio Mees, Flor da Terra e José Gomes de Vasconcelos Jardim. Na praia de Sans Souci, canoístas de velocidade de um projeto social local aproveitam a cheia para praticar atividades, ainda que o ideal é que não haja muito vento nas águas, principalmente o sul, que provoca ondas e atrapalha no desempenho dos esportistas. 

Somando os projetos realizados em locais como este no município, cerca de cem jovens até os 18 anos são beneficiados. “Se não houvesse estas ondas, seria um dos melhores locais do sul do Brasil para a prática da canoagem de velocidade”, afirma o treinador Lucas Gil. A água invadiu locais como uma quadra de areia próxima, e onde ela já desceu, há bastante barro na orla. Já em Guaíba, moradores prosseguem com ações de solidariedade a fim de trazer alento aos habitantes locais.

A professora e orientadora educacional Vivian Lacerda, 30 anos de idade, iniciou uma ação entre amigos na semana passada. Ela conseguiu arrecadar diversos itens de higiene pessoal e limpeza, encaminhados ao município vizinho de Eldorado, onde mora uma colega professora que a informou sobre a situação. Segundo Vivian, a ação tinha como foco principal roupas de cama, porém foi estendida aos demais materiais a partir das necessidades das pessoas que estavam desalojadas nos ginásios. 

“Estava ficando muito angustiada com tantas notícias que estava vendo sobre as enchentes, e indo a Porto Alegre, vi as pessoas acampadas na beira da estrada e nas paradas de ônibus, com carrinhos de bebê e malas. Isto estava me afligindo demais. Aí pensei em direcionar este sentimento para fazer algo que pudesse mudar a vida de alguém”, comentou ela. Em um dia e meio, Vivian obteve R$ 600 em doações, revertidos em escovas e pastas de dente, lenços umedecidos e sabonetes. “Fora outras coisas, como lençóis, toalhas de banho, roupas, travesseiros, cobertores e calçados”. Ela também fez campanha em todas as turmas da escola onde atua como orientadora, o que ajudou a elevar o valor obtido em doações. “Isto está me fazendo um bem enorme”.


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