08 de março: mulheres do campo e da cidade participam de manifestações em Porto Alegre

08 de março: mulheres do campo e da cidade participam de manifestações em Porto Alegre

Integrantes de movimentos e organizações sociais esperavam se reunir com o governador do Estado, fato que não ocorreu. Leite pediu desculpas às manifestantes

Rafael Rangel Winch

Manifestantes esperavam se reunir com Eduardo Leite, porém encontro não aconteceu nesta quarta-feira

publicidade

Em Porto Alegre, centenas de mulheres participaram, ao longo desta quarta-feira, de manifestações alusivas ao Dia Internacional da Mulher. Após realizarem atividades e protestos em diferentes pontos da capital, no meio da tarde, as manifestantes se encaminharam para a Praça da Matriz, onde aguardaram lideranças dos movimentos e organizações sociais que se reuniriam com o Governador do estado, Eduardo Leite (PSDB). Às 17h, representantes dos grupos entraram no Palácio Piratini para apresentar suas reinvidicações e por lá aguardaram Leite por um tempo. O governador, no entanto, não se reuniu com as manifestantes, alegando que se atrasou devido à intensa agenda. Ele pediu desculpas às mulheres presentes e propôs um encontro para a manhã desta quinta-feira.

Dois blocos de movimentos participariam da reunião com o governador, o Fórum Estadual das Mulheres e o 8M. Entre as reivindicações que seriam apresentadas ao chefe do executivo estadual estavam o retorno da Secretaria Estadual da Mulher, extinta no governo Sartori e volta das Escolas do Campo, e da garantia de transporte escolar a crianças assentadas. Outra pauta que seria discutida na reunião de hoje é o pedido de medidas para amenizar os impactos da seca para a agricultura familiar no estado.

Uma das representantes do Movimento das Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos, Lurdes Marta Santin, enfatizou os motivos que levaram a realização dos atos. "Nós, mulheres, entendemos que temos um longo caminho ainda para a conquista e garantia dos nossos direitos. E é por isso que nós marcamos o 08 de março como um dia de luta. Pautamos várias demandas, sobretudo, a rede de proteção e enfrentamento da violência contra a mulher porque o estado do Rio Grande do Sul é campeão em feminicídios. Nós também trouxemos como pauta uma questão relacionada à essa crise ambiental. Na periferia está faltando muita água. Temos a expectativa se sermos ouvidas. Queremos, pelo menos, uma negociação para reestruturar as políticas públicas voltadas para as mulheres".  Para ela, participar das manifestações no dia 08 de março significa reconhecer que ser mulher ainda é enfrentar dificuldades e desafios constantes. "Ser mulher é ser resistente. Ao nascer mulher já estamos em risco. Somos nós que produzimos e mantemos a vida. Ser mulher também é defender a vida e os nossos direitos até quando for possível", comenta.

Integrante do Movimento dos Atingidos por Barragens, Alexania Rossato destacou a articulação das lutas de variados coletivos. Segundo ela, todas as causas possuem demandas urgentes para as condições de vida das mulheres do campo e das cidades. "Desde cedo, nossas ações incluem a denúncia da morte da Débora Moraes, feminicídio que ocorreu lá na barragem, na Lomba do Sabão, e a denúncia da própria situação da barragem, que é de responsabilidade do DMAE. Pela tarde realizamos um estudo com todas as mulheres, abordando diferentes temáticas, como privatização da CORSAN e toda questão da água. No caso dos movimentos sociais do campo há uma pauta longa que diz respeito às reivindicações sobre a estiagem no estado. Há também a defesa da construção de uma política pública estadual em benefício das pessoas atingidas por barragem", ressalta.

As ações das mulheres começaram logo cedo pela manhã com um ato ecumênico que denunciou o feminício de Débora Moraes, ocorrido em setembro de 2022, e a ameaça de rompimento da Barragem na Lomba do Sabão. Ainda pela manhã, houve audiência pública no Plenário para discutir a questão da violência contra as mulheres e as políticas públicas. A audiência contou com a presença das Comissões de Cidadania e Direitos Humanos, Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia, e Segurança e Serviços Públicos e Modernização do Estado. Já no início da tarde, ocorreu o Troféu Mulher Cidadã, no Plenário Júlio de Castilhos, na Assembleia Legislativa do RS.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895