Ação do Instituto Moinhos Social leva alegria e visibilidade à comunidade da Ilha do Pavão

Famílias que convivem diariamente com a escassez de necessidades básicas, a comunidade da Ilha do Pavão, localizada no arquipélago de Porto Alegre, tiveram, neste sábado, um dia diferente, em que, por algumas horas, deixaram de ser invisíveis e puderam ter acesso a situações que não encontram em seu cotidiano. O Hospital Moinhos de Vento, por meio do Instituto Moinhos Social promoveu a Feira de Saúde e Cidadania.

A programação contou com serviços gratuitos, divididos em ações de saúde, orientação jurídica e social, como corte de cabelo e maquiagem, além de brinquedos para o público infantil. A atividade aconteceu junto à Associação Vitória da Ilha do Pavão. A região abriga mais de 750 famílias em situação de extrema pobreza, foco principal da ação, como explica a head do instituto, Monique de Castro Pimentel. “Priorizamos as comunidades com estas características porque entendemos que são as que mais precisam. As ilhas da Capital têm os maiores índices de vulnerabilidade social, por isso começamos a feira por aqui. Mas, logo, estaremos em outras regiões”, adianta.

As ações do Moinhos Social contam com a participação de voluntários e, também, arrecadação de recursos de pessoas físicas e jurídicas. “Queremos trabalhar para oferecer mecanismos para que estas famílias possam aperfeiçoar a qualidade de vida. São meios de cidadania a pessoas que não têm muitas informações sobre saúde, educação e outros temas”, lembrou Monique, acrescentando que a linguagem é adaptada para facilitar a compreensão deste tipo de público. Também foram disponibilizados, durante o evento, testes de glicemia, aferição da pressão arterial e outros serviços, que incluíram a participação do Instituto da Mama do Rio Grande do Sul (Imama), que abordou a questão do câncer às mulheres da comunidade.

Engajada e comprometida, a presidente da Associação Vitória da Ilha do Pavão, Sandra Ferreira, é quem motiva as amigas e vizinhas a não desistirem mesmo após tantos dissabores. Moradora da região há oito anos, lidera com facilidade os integrantes de famílias combalidas pelo esquecimento. “Para nós, que somos ‘invisíveis’, o Moinhos ter nos descoberto é tudo de bom. Esperamos ser atendidos há tempos, queremos mostrar que aqui existem pessoas que têm muitas necessidades”, contou, sem tirar o olho da panela em que preparava uma galinhada, servida a cerca de cem pessoas durante a feira.

Em dias comuns, faltam água, comida e saneamento básico na ilha, mas Sandra persevera. “Começaram a nos escutar”, sorri, enquanto temperava molho de sua receita (“é o nosso carro-chefe, tudo natural”), reconhecida e admirada pela comunidade.