Ação em Porto Alegre conscientiza sobre uso ilegal de fogos de artifícios com ruídos

Ação em Porto Alegre conscientiza sobre uso ilegal de fogos de artifícios com ruídos

Cidade já conta com lei que proíbe a utilização de artefatos barulhentos

Christian Bueller

Cidade já conta com lei que proíbe a utilização de artefatos barulhentos

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Quando se fala sobre os danos dos ruídos causados por fogos de artifícios, a preocupação habitual é com os animais, principalmente cães, que sofrem com os altos decibéis provocados, principalmente, nas festas de fim de ano. No entanto, pessoas também enfrentam situações delicadas por conta dos estampidos. Uma lei, de autoria da deputada Luciana Genro (Psol) proíbe a utilização deste tipo de artefatos barulhentos e uma série de ações buscam chamar atenção da população para o problema.

Angelina Luz, 6 anos, possui hipersensibilidade sensorial auditiva e sofre muito com o som alto dos fogos. A menina teve uma crise grave após a última vitória do Brasil na Copa do Mundo devido aos estrondos, que causam muito sofrimento às pessoas com autismo. Ela dá nome ao projeto social desenvolvido pela mãe, Érika Rocha, que esteve, nesta quarta-feira, na Esquina Democrática, no Centro de Porto Alegre, em uma mobilização para informar a população sobre a proibição dos fogos com ruído e os problemas acarretados por eles.

A ação se repetirá na próxima segunda e terça-feira, dias 19 e 20, no mesmo local, a partir das 11h, e no domingo, dia 18, no Parque Farroupilha (Redenção), a partir das 10h.

Segundo Érika, é uma questão de cidadania, civilidade e respeito. “A lei já existe, mas a fiscalização é complexa e grande parte da população não a conhece. Precisamos que as pessoas entendam o sofrimento que os fogos com ruído causam para as pessoas autistas, além de para alguns idosos e pessoas com deficiências”, afirma. Ela lembra que, justamente em dias de comemoração, que predominam os momentos de alegria, é quando os autistas mais sofrem. “A festa de uns não pode ser a dor do próximo”, aponta Érika Rocha. A Lei n.º 15.366/19, aprovada em 2019, foi elaborada pensando nessa população, além de também ser uma demanda trazida por tutores de animais.

Luciana Genro também propôs para os últimos sete dias do ano a Semana de Conscientização sobre a Lei dos Fogos, que se tornou lei no mesmo ano após ser aprovada pela Assembleia Legislativa, parceira nas ações ao lado da parlamentar, do Projeto Social Angelina Luz e da Associação de Familiares e Amigos das Pessoas com Autismo (Afapa). Durante as mobilizações, é colocada uma cadeira e fones de ouvido para que a população experiencie a forma com que o som é recebido por pessoas sensíveis ao barulho, ao lado de um banner explicativo sobre os danos causados pelos fogos de artifício com estampidos, além de um abaixo assinado solicitando efetiva fiscalização e entrega de folheto explicativo.

A lei não proíbe os espetáculos de fogos apenas visuais, que seguem permitidos e podem ser utilizados para comemorar. No dia 22 de dezembro, ocorre a abertura oficial da Semana em evento institucional na Assembleia Legislativa, ao meio-dia, quando as ações realizadas no Centro de Porto Alegre ocorrerão também no espaço do Parlamento.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895