Acervo de Rio Pardo expõe coletânea literária de 1863

Acervo de Rio Pardo expõe coletânea literária de 1863

Obra “Brasilianas”, considerada pioneira do Romantismo no Brasil, integra agora mostra permanente no Arquivo Histórico Municipal

Correio do Povo

Acerto de Rio Pardo expõe coletânea literária de 1863

publicidade

O Arquivo Histórico Municipal Biágio Soares Tarantino, de Rio Pardo, disponibiliza para consulta ao público mais uma obra inédita no seu acervo. Com mais de 100 mil arquivos que acolhem os períodos Colonial, Imperial e Republicano, datados de 1760 até a atualidade, o espaço no segundo andar do prédio da prefeitura tem agora exposição permanente da obra de poesias “Brasilianas”, de 1863, considerada pioneira do Romantismo no Brasil, de autoria do rio-pardense Manuel José de Araújo Porto-Alegre, primeiro e único barão de Santo Ângelo.

Como resultado de 15 anos de estudos sobre o escritor, o pesquisador Emiliano Limberger entregou ao prefeito Rafael Reis Barros cópia digitalizada com os três tomos da coletânea “Brasilianas” e do poema épico “Colombo”. Ele afirma que levou cinco anos para convencer a Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, a ceder o material para ficar disponível no Arquivo Histórico. “São três CDs de uma obra pioneira no país, com 2.550 versos e 1.315 páginas da “Brasilianas”, que agora será possível consultar em Rio Pardo”, disse, lembrando que na última sexta-feira transcorreram os 213 anos de nascimento do autor.

Em uma estante, também doada por Limberger, ficará exposto no Arquivo Histórico o desenho da cruz invertida, emblema da tradicional família Araújo, válido em Portugal e no Brasil. O símbolo ainda aparece no solar da Rua da Ladeira, 242, em Rio Pardo, onde nasceu o escritor. Além disso, os visitantes encontrarão uma cópia do texto “Observação” e reproduções de caricaturas feitas pelo artista.

As principais obras que serviram de base para os estudos de Limberger foram “História do Rio Grande do Sul”, publicada originalmente em 1924 por João Pinto da Silva, e “História da Literatura do Rio Grande do Sul”, escrita em 1956 por Guilhermino Cesar. O pesquisador destaca que os dados do texto introdutório de “Brasilianas”, com o título “Observação”, provam que Araújo Porto-Alegre foi o introdutor do Romantismo Literário no Brasil. Ele nasceu em 1806 e, aos dez anos, mudou-se para Porto Alegre a fim de estudar.

Conforme os estudos de Limberger, Araújo introduziu o estilo romântico na arquitetura brasileira, com o projeto do Cassino Fluminense, onde hoje é a sede do Automóvel Clube do Brasil, no Rio de Janeiro. No alto da construção, há a escultura de um índio com um ramo de pitangueira, substituindo as obras anteriores com símbolos romanos ou gregos. Também inovou com a publicação de charges políticas em revistas especializadas e criou peças de teatro de vários gêneros. É ainda autor do desenho sobre a primeira missa no Brasil, pintada pelo seu genro, Francisco Meirelles. Ele faleceu em 30 de dezembro de 1879, em Lisboa, Portugal.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895