Acidentes com motocicletas correspondem a quase 50% das mortes no trânsito em Porto Alegre

Acidentes com motocicletas correspondem a quase 50% das mortes no trânsito em Porto Alegre

De janeiro a maio, 25 pessoas perderam a vida em acidentes de trânsito, dos quais 12 com envolvimento de motos

Felipe Samuel

Operação Duas Rodas, na avenida Nilo Peçanha abordou 77 veículos, dos quais 18 tinham irregularidades

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Embora represente apenas 12% do total da frota de veículos em Porto Alegre, as motocicletas têm envolvimento em quase 50% dos acidentes fatais registrados pela Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC). De janeiro a maio, 25 pessoas perderam a vida em acidentes de trânsito. Desse total, 12 vítimas fatais com envolvimento de motocicletas (dois pedestres atropelados e dez condutores). Entre os modais com maior envolvimento, a motocicleta registrou 445 acidentes.

Para tentar reverter esse cenário, a EPTC realiza algumas ações de conscientização e fiscalização nas vias da cidade. Conforme dados de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Porto Alegre tem uma frota de 900.168 veículos, dos quais 103.079 são motocicletas. Nesta quarta-feira, durante a Operação Duas Rodas, na avenida Nilo Peçanha, na Zona Norte, agentes abordaram 77 veículos, dos quais 18 com irregularidades. Quatro motos e um automóvel foram apreendidos, além de uma Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e oito Certificados de Registro e Licenciamento de Veículos (CRLV) .

Gerente de Fiscalização de Trânsito da EPTC, Leandro de Moura Coelho explica que o foco da operação visa fiscalizar os motociclistas. “A questão de acidentes envolvendo os motociclistas sempre foi o nosso maior problema. Se a gente pegar uma média dos últimos anos, a maioria dos acidentes envolvem motociclistas até pela questão de ser um veículo que tem uma fragilidade maior dentro do nosso trânsito”, afirma. Em função da pandemia, Coelho diz que aumentou o número de profissionais que trabalham com tele-entrega. “Com isso também infelizmente aumentou os condutores não habilitados”, frisa. Em maio, o balanço de acidentalidade contabilizou cinco vítimas fatais no trânsito da Capital, um a mais do que no mesmo mês de 2022, quando foram quatro vidas perdidas. 

Coelho alerta para um dado preocupante. “A grande maioria dos condutores que se envolvem nos acidentes com morte, principalmente, eram pessoas não habilitadas. E a gente vê no dia a dia das nossas operações que grande parte dos abordados não têm habilitação, ou possuem algum problema ou estão com habilitação suspensa ou caçada”, reforça. Entre os problemas verificados nas motos estão: falta de retrovisores, sinalização inadequada e sinaleira e luz de freio com defeitos. “Também aumentou muito a reclamação para EPTC de barulho por conta de escapamento não adequado, que muitas vezes são alterados”, explica.

Agente Fiscalização de Trânsito e Transporte, Rodrigo Vargas de Souza, que atua na Escola Pública de Mobilidade da EPTC, afirma que as operações visam orientar e reforçar a importância de redobrar os cuidados tanto no equipamento mecânico quanto dos equipamentos de segurança para o próprio motociclista. “Porto Alegre tem um número alto de acidentes fatais envolvendo motociclista. Embora tenha uma frota pequena, que represente em torno de 12% da frota total, esses 12% são responsáveis por quase 50% dos acidentes fatais. Então é um público bem exposto aos riscos do trânsito”, completa.

 


Correio do Povo
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