Adaptação e reprodução de Cervos Exóticos em Guaíba causam sérias consequências à biodiversidade

O resgate de um cervo macho exótico asiático, da espécie chital (Axis axis), encontrado na piscina de uma residência no bairro Chácara das Paineiras, na cidade de Guaíba, na quarta-feira (22) de cinzas, pôs as autoridades ambientais em alerta. Imobilizado pelas equipes do Corpo de Bombeiros, o animal foi encaminhado para o Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS), do Rio Grande do Sul, através da Patrulha do Meio Ambiente da Brigada Militar, e posterior, para o IBAMA, em Porto Alegre, que deu a destinação correta. Depois disso, novos relatos chegaram às autoridades de que mais dois animais da mesma espécie estariam circulando pela extensa mata nativa entre os bairros Chácara das Paineiras e Santa Rita. 

“Recebemos um vídeo. Seria uma fêmea e um filhote. Os animais teriam sido avistados por ciclistas”, disse o soldado Anderson Ferreira Bandeira, bombeiro que atendeu a ocorrência do cervo na semana passada. “A principal orientação à comunidade, caso se depare com o animal, é ligar imediatamente para o 193 e informar a localização correta. A equipe que estiver de serviço vai fazer a captura. Nunca o morador deve tentar resgatá-lo. Ele é silvestre. Todo animal que não é domesticado vai fugir ao se sentir ameaçado e o risco de machucar alguém que estiver no caminho é muito grande”, comenta o soldado Bandeira.   

A bióloga da Secretaria Municipal de Planejamento, Gestão Territorial e Meio Ambiente de Guaíba, Lisiane Becker, diz que esta espécie chegou em nosso País vindo pela Argentina e Uruguai. “Foram importados para a caça. Chegaram aqui em 1930 de países asiáticos, como a Índia, Sri Lanka e Nepal, e foram se adaptando ao nosso clima. São bons nadadores. Eles não se deslocam apenas por áreas terrestres, mas também por hídricas. Em 2009 se estabeleceram no Brasil e em 2013 foram reconhecidos no Rio Grande do sul como uma espécie silvestre, exótica e invasora.” De acordo com Lisiane, não há motivo para a comunidade entrar em pânico. Entretanto, é preocupante como ele chegou e a rapidez como ele se adaptou e também se reproduziu aqui.  

“Este é o momento certo de frear isso, de modo que não seja uma ameaça ao nosso meio ambiente, pois uma explosão demográfica da espécie teria sérias consequências para a biodiversidade da fauna e da flora. Problemas econômicos, problemas no pasto, doenças no gado, medidas sanitárias, condições inadequadas. O predador do cervo é a onça pintada que está em ameaça de extinção, ou ainda a onça parda, que está em declínio. Portanto, estamos diante de um problema crescente e extremamente grave.” Ele ressalta que caso o animal seja avistado, as autoridades devem ser acionadas. “Busque auxílio nos órgãos públicos competentes ou de profissionais habilitados. Eles saberão como proceder. Informe a localização e procure um local seguro, fique monitorando. Não tente capturar, para sua segurança e saúde do mesmo.” 

Nesta quarta, uma reunião deverá ser realizada envolvendo todos os setores para que uma ação força-tarefa seja planejada e executada. “É importante ressaltar que esta problemática não é realidade apenas de Guaíba. Existem outros casos em cidades vizinhas. Precisamos de um grupo que faça um monitoramento permanente.”