Aeroporto Internacional Salgado Filho registra filas no segundo dia da greve dos aeronautas

Aeroporto Internacional Salgado Filho registra filas no segundo dia da greve dos aeronautas

Ao menos quatro voos foram cancelados em Porto Alegre ainda na manhã desta terça-feira, como reflexo da paralisação

Felipe Faleiro

Aeroporto registrou passageiros aguardando voos nas laterais ou no chão do terminal doméstico

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O movimento de passageiros no Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, aumentou na manhã de hoje, na comparação com a segunda-feira, como reflexo da paralisação promovida pelo Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) em oito aeroportos pelo país, incluindo o da capital gaúcha. No segundo dia de paralisação, não houve acordo entre os tripulantes e o Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea), e, por isso, o movimento grevista prosseguia.

Ao menos um voo da Latam, com destino a Congonhas, em São Paulo, sofreu atraso superior a uma hora. Agendado para decolar às 8h25min, ele decolou às 9h40min. Já outro voo da Gol destinado ao Aeroporto Internacional de Guarulhos, que agendado para decolar às 7h05min, decolou às 8h. Conforme o painel de voos do Salgado Filho, aeroporto administrado pela empresa Fraport, quatro voos cancelaram ainda pela manhã: um da companhia aérea Azul com destino a Curitiba às 6h, outro da Gol, que iria a Congonhas às 9h05, um da Latam com decolagem às 10h05min, e destino a Guarulhos, e o último da Gol, com decolagem prevista às 10h20min, e destino a Congonhas.

“Estes voos entre 6h e 8h são, sem dúvida, reflexo direto da greve, enquanto os demais são reflexos indiretos”, afirma o diretor de assuntos técnicos da SNA, comandante Ondino Dutra. O sindicato, porém, observa que os maiores efeitos da paralisação são sentidos nos maiores terminais do país, como Rio de Janeiro e São Paulo. Também de acordo com ele, os efeitos são “maiores do que o esperado” pela categoria. “O movimento está encorpando pelo país.”

O sindicato, que representa cerca de 16 mil tripulantes das empresas aéreas, tem dois pleitos. O primeiro é a recomposição salarial referente às perdas inflacionárias dos últimos três anos, com o SNA argumentando que os aeronautas aceitaram não ter seus salários reajustados durante a pandemia, e inclusive fizeram acordos para redução dos mesmos durante a crise. O segundo é o ajuste nos horários de folga dos tripulantes e a proibição nas alterações nas mesmas.

Na situação atual, argumenta o sindicato, as empresas realizam alterações da forma como bem entendem, diz o sindicato. O Tribunal Superior do Trabalho (TST) está intermediando uma solução, porém, até agora, sem sucesso. Na sexta-feira passada, a ministra Maria Cristina Peduzzi determinou pelo menos 90% dos aeronautas em serviço enquanto durar a paralisação, além de multa diária de R$ 200 mil em caso de descumprimento, o que “não houve”, afirma Dutra. 

No dia seguinte, antes do início da greve, uma proposta foi apresentada, de reajuste de 100% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) sobre salários fixos e variáveis, mais aumento real de 0,5% sobre diárias nacionais, piso salarial, seguro, multa por descumprimento da convenção e vale-alimentação. Além disto, redução das folgas mensais mínimas de dez para nove, recebendo, caso utilize, indenização equivalente a 1/20 de seu salário fixo. No entanto, a medida foi rejeitada pela maioria dos votantes da SNA, que chegou a levar a proposta a plenário virtual. 


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