Afluentes do Guaíba entram em estado de alerta por causa da estiagem

Afluentes do Guaíba entram em estado de alerta por causa da estiagem

Enquanto isso, bancos de areia continuam aumentando na orla porto-alegrense, assustando frequentadores

Felipe Faleiro

Aumento de tamanho dos bancos de areia no Guaíba reflete estiagem persistente

publicidade

O espaço aberto dos fundos do Anfiteatro Pôr do Sol, junto à foz do arroio Dilúvio, em Porto Alegre, é um local de descanso e almoço para diversos trabalhadores no horário próximo do meio-dia. Ali, o verde chama a atenção, e, vez ou outra, um incauto animal rasteja, revoa ou caminha pelo entorno. No entanto, a paisagem está seca, o que afasta estas presenças. O Guaíba, neste ponto, aparece praticamente de longe, dada a grande quantidade de bancos de areia e pedras, que igualmente assusta e causa apreensão aos frequentadores locais.

O auxiliar de transporte Jeferson Fontoura estava, na manhã desta terça-feira, na traseira do caminhão da empresa de logística na qual trabalha, almoçando, junto com outros dois colegas, quase na beira do rio. Desolado, observava a areia úmida tomar conta daquilo que outrora foi água. “Passamos aqui na última sexta-feira e, com certeza, não estava assim. Fora o mau cheiro que incomoda bastante. Está bem complicado aqui em Porto Alegre. Estamos vendo na mídia como a seca está afetando também o interior”, observou ele.

A régua do Guaíba no Cais Mauá, no Centro Histórico de Porto Alegre, anotou 33 centímetros. No trapiche da Praia da Pedreira, no interior do Parque Estadual de Itapuã, em Viamão, novamente apenas dez centímetros, assim como no dia anterior, e a marca de 28 centímetros foi registrada no terminal da CatSul, no município de Guaíba. Os rios Gravataí, Caí e Sinos, além do baixo Jacuí, todos afluentes do Guaíba, estão em estado de alerta quanto a seus níveis.

Os dados foram divulgados no mais recente Informativo Especial de Estiagem, no início desta semana, pela Sala de Situação do RS, vinculada ao governo do Estado. Tal situação reflete no próprio Guaíba, que estava em nível seguro no último dia 6, aferindo 66 centímetros, porém reduziu mais da metade de sua altura em sete dias, marcando 30 centímetros. Também na manhã de hoje, a régua do Balneário Passo das Canoas, no rio Gravataí, em Gravataí, mantida pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), marcava 88 centímetros na lâmina d'água.

A falta de chuvas provocou queda do nível desde o início do último dia 5. Em Alvorada, a marcação da Estação de Tratamento de Água (ETA) da Companhia Estadual de Saneamento (Corsan) apontava 1,05 metro. No rio dos Sinos, a régua da Agência Nacional de Águas (ANA) no Centro de São Leopoldo apresentava a marcação de 48 centímetros. Ali próximo, junto à ponte por onde passa a BR-116, o rio já forma bancos de areia visíveis de longe.

A medição do Serviço Municipal de Água e Esgotos (Semae) na Elevatória de Água Bruta (EAB) apontava um metro, considerado baixo, e dez centímetros a menos do que na segunda-feira. Já no município de Campo Bom, a medição foi de 1,07 metro, e na foz do rio Paranhana, em Taquara, 37 centímetros. Em Novo Hamburgo, a medição da Companhia Municipal de Saneamento (Comusa) marcou 1,91 metro no período da manhã.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895