Agentes de saúde enfrentam resistência no combate à dengue em Porto Alegre

Agentes de saúde enfrentam resistência no combate à dengue em Porto Alegre

Prefeitura reforçou a pulverização de inseticida nos bairros Vila São José, Vila João Pessoa, Mario Quintana e Glória

Felipe Samuel

Agentes de saúde atuam em locais com maior número de pacientes com a doença

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Com pelo menos 13 casos registrados de dengue autóctone em Porto Alegre, a prefeitura reforçou nesta quinta-feira a pulverização de inseticida nos bairros Vila São José, Vila João Pessoa, Mario Quintana e Glória, locais com maior número de pacientes com a doença. Apesar dos riscos envolvendo a transmissão da dengue, as equipes que participam da iniciativa enfrentam resistência de parte da população.

A médica veterinária Gabriela de Oliveira Santiago, que atua na Vigilância Ambiental do Núcleo de Roedores e Vetores, explica que os agentes precisam superar a desconfiança das pessoas. “Tem muita casa fechada, as pessoas não querem que passe inseticida. Essa é a maior dificuldade, avisar com antecedência. A gente está priorizando o foco dos casos, porque tem quatro casos autóctones que a gente tem conhecimento até agora. Pode ser que tenham mais, tudo depende das pessoas notificarem na unidade de saúde”, afirma.

Mesmo debaixo de sol intenso, na rua Maria Aparecida, no Campo da Tuca, no Partenon, Gabriela se desdobrava para convencer os moradores da importância da pulverização de inseticida nesses locais. “O problema é que as pessoas têm que ficar um período dentro de casa, deixar os animais dentro de casa também, tirar a roupa do varal. Então esse processo dificulta. Às vezes as pessoas não querem”, observa. 

Até o começo da tarde, a sua equipe já tinha aplicado o produto em 25 imóveis. “A ideia é passar nos locais que têm mais casos para conter esse alastramento do vírus”, frisa. Apesar da resistência de alguns moradores, o aposentado Pedro Nunes, que reside há mais de 30 anos na região, comemorava a chegada dos agentes. E fez questão de abrir as portas da casa para as equipes. “A minha casa está liberada, não é uma casa boa, é de madeira pré-moldada, mas eles podem entrar a hora que quiser”, destaca.

Três meses atrás, ele e a esposa Maria Celoi Nunes perderam todos os móveis por conta das chuvas. “Nunca deixamos água parada. Estamos sempre cuidando”, garante, lembrando que em alguns pontos da região a presença de mosquitos é frequente. A esposa Maria Celoi afirma que no ano passado a região sofreu com a presença dos insetos e da falta de manutenção dos bueiros da rua, que acabam provocando alagamentos e água parada na via. 

“As bocas de lobo vivem entupidas. Faz 20 dias que ligo para o Dmae, que não resolve nada”, afirma. “Quando o pessoal começa a lavar roupa alaga tudo aquilo ali. E fica um fedor. E quando chove também alaga tudo. Já tive prejuízos três vezes, perdi tudo. A água vem e alaga tudo aqui”, completo. O Dmae informa que o endereço foi incluído para receber manutenções preventivas, com uso de hidrojateamento.


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