Alvorada e Cachoeirinha voltam a sofrer com segunda grande cheia em dois meses

Alvorada e Cachoeirinha voltam a sofrer com segunda grande cheia em dois meses

Bairro Americana, em Alvorada, moradores foram retirados com ajuda de barcos do Corpo de Bombeiros

Rodrigo Thiel

A família de Magda Froig foi uma das que foram resgatadas de casa com a ajuda do barco do Corpo de Bombeiros de Alvorada

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Desde setembro, as cheias do rio Gravataí e arroio Feijó causam estragos para os municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre. Apenas em Alvorada, dezenas de famílias já saíram de casa desde sábado. Entretanto, muitos ainda preferem ficar em suas residências, com medo de serem alvo de furtos enquanto estiverem longe.

Segundo a Prefeitura, foram colocados à disposição da comunidade duas retroescavadeiras e quatro caminhões, que já auxiliaram na retirada de mais de 50 famílias. Na tarde desta segunda-feira, uma equipe da Administração Municipal estava distribuindo 250 marmitas para os moradores que ainda seguem em casa. Além disso, há suporte da Secretaria Municipal da Saúde, com uma unidade de serviços móveis, e do Corpo de Bombeiros.

Desde o final de semana, muitas famílias foram retiradas de casa com o suporte de barcos dos bombeiros. Uma destas famílias é a de Magda Froig, que reside na rua Americana, uma das mais atingidas pela cheia. Ela conta que já na sexta-feira havia saído da sua casa, ficando abrigada na residência do filho. Entretanto, o nível do arroio Feijó fez com que todos precisassem de resgate.

Ao todo, nove pessoas foram resgatadas pelo barco do Corpo de Bombeiros. Da casa, só foi possível retirar algumas mudas de roupa e uma televisão. “Mau a cheia foi embora e já veio de novo. Na minha casa, entrou tudo para dentro. Na casa do meu filho, a gente levantou o que deu. Na minha não deu tempo, porque a água veio muito rápido. Vem ano e sai ano e isso não muda”, citou.

Tamirian Souza também mora na rua Americana e decidiu seguir em casa com o esposo e o filho pequeno. “Recém que nós conseguimos comprar algumas coisinhas e veio a enchente de novo. Deu tempo de levantar poucas coisas apenas”, lamentou. Questionada se estava atravessando o local alagado por algum motivo específico, Tamirian contou que “agora eu vou molhada até a escola do meu filho para fazer a matrícula. Não pode deixar sem estudos”, completou.

Já o morador da avenida Beira Rio, Maurício Antunes, contou sobre os estragos desta nova cheia e que ele e seus familiares estão com receio de saírem de casa e sofrerem com alvo de criminosos. “O chão da casa estava secando. Não deu tempo de se recuperar da enchente anterior e já vem outra. E essa veio rápido demais, não deu para erguer os móveis. Na minha casa, a água está na altura da canela e na frente moram os meus avós. A minha avó é cadeirante e meu avô tem mobilidade reduzida, mas eles não querem sair por causa do medo de sermos furtados”, afirmou.

Desabrigados e interdições em Cachoeirinha

Os estragos do temporal em Cachoeirinha vão muito além da enchente do rio Gravataí. Segundo o diretor da Defesa Civil Municipal, Vanderlei Marcos, a Estrada do Nazário, no bairro Meu Rincão, que liga a cidade a Esteio, está interditada em ambos os sentidos. Além disso, um pequeno deslizamento resultou na interdição de duas residências que ficam encosta de um morro, no bairro Parque da Matriz. As famílias já estão abrigadas em casa de familiares e amigos.

Ao todo, 40 famílias estão fora de casa devido à cheia no arroio Sapucaia e no rio Gravataí. Na entrada da cidade, a cheia do rio entre a BR 290 e a ponte causa um bloqueio parcial na pista da direita. Além disso, nove famílias que residem em uma área na entrada de Cachoeirinha seguem monitoradas pela Defesa Civil.

Uma destas famílias é a de Renildo Zair da Fonseca. Ele conta que a água está quase entrando na casa, faltando pouco menos de 10 centímetros para sofrer com os estragos do alagamento. “Estou preocupado com o nível do rio porque ele não dá sinais de que vai baixar. A estrada que dá acesso aqui está submersa em quase dois metros. Eu tenho quatro cachorros e três gatos. Para sair dali, sou obrigado a levar eles juntos”, falou o morador.

Renildo Zair da Fonseca precisa da ajuda de um barco para conseguir chegar até em casa, em Cachoeirinha. A região onde ele mora é monitorada pela Defesa Civil Municipal (Foto: Mauro Schaefer)

Sem desabrigados em Gravataí

Em Gravataí, o nível do rio chegou a 5,17 metros, cerca de 2,50 metros acima do nível normal. Conforme a Defesa Civil Municipal, não houve registro de desabrigados nem de desalojados, mas os bairros ribeirinhos Mato Alto e Caça e Pesca possuem locais com acúmulo de água. A tendência é de declínio gradual e lento no nível do rio Gravataí.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895