Andradas é porta para uma boemia particular, com legado histórico e cultural de Porto Alegre

Andradas é porta para uma boemia particular, com legado histórico e cultural de Porto Alegre

Ao longo das décadas a “rua da Praia”, se tornou referência para o trabalho e o lazer noturno do Centro da Capital

Vitória Fagundes

Noite boêmia na rua dos Andradas.

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Uma rua conhecida a todos que frequentam Porto Alegre – que já foi moradia do escritor e jornalista Mário Quintana -, abriga prédios históricos como o Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa, além de edificações importantes como o jornal Correio do Povo, o Comando Militar do Sul e também o Museu do Trabalho. A rua da Praia é uma das ruas mais antigas de Porto Alegre e com história e agitação noturna criou sua boemia particular.

Apesar de ter como denominação oficial rua dos Andradas, o antigo nome ainda é muito falado e persiste na voz dos porto-alegrenses. Se durante o dia a rua é conhecida pelo legado histórico, à noite é palco de uma vida noturna lotada; com bares, restaurantes, atrações gastronômicas e serviços. Ao longo das décadas, tornou-se um ponto de referência do Centro Histórico, que já foi ponto de migração de quem frequentava o bairro Cidade Baixa, um dos mais boêmios da Capital.

Por volta das 18h, rapidamente o movimento de fim de expediente se transforma em lotação dos bares e restaurantes. Ao anoitecer, a atmosfera clássica, por volta das 20h, com as ruas iluminadas pelos postes rústicos e as calçadas tomadas por pessoas em mesas de bares, rodeadas por amigos, familiares para beber e jogar conversa fora.

“Frequento desde sempre. Aqui tem todos os estilos de bares. A Andradas sempre foi um ponto de encontro também”, destaca o administrador David Brites, 33 anos, que morou por quase 12 anos no Rio de Janeiro e destaca que nas férias vinha para Porto Alegre, e a rua da Praia era ponto de encontro com os amigos.

O sociólogo Kenny Bastos, de 41 anos, destaca que os espaços culturais na região influenciam a vinda boêmia da rua. “Acho que esses pontos de cultura sempre foram importantes, porque quem vem e faz alguma atividade aqui, ou vai usar a biblioteca no Mario Quintana, ou vai ver alguma exposição, pode aproveitar os bares.”

A gerente de relacionamentos Cristiane Ismael, 35 anos, moradora de Guaíba, na região metropolitana avalia que a região sempre foi um ponto de encontro dos amigos. Ela ressalta que o ambiente é mais favorável a Cidade Baixa. “Sempre foi um ponto de encontro. É mais segura e mais tranquila. A gente consegue conversar. E tem muitas opções novas de bares aqui nesse trecho.”

A região possui um comércio aquecido, com opções para todos os gostos. O proprietário de um bar e restaurante da região Flávio Silveira Leal afirma que houve uma redução do público por conta da pandemia, mas nota que os frequentadores da região são fiéis. Há sete anos no comando de um dos bares mais tradicionais da rua, ele destaca que nos finais de semana grande parte dos clientes vêm do interior para conhecer os principais pontos turísticos da Capital.

“A maioria do público tem entre 20 e 30 anos. É uma zona bem eclética e bem variável. O pessoal que vem passear e vem andar por aqui tem relação com a Orla do Guaíba, ou que passeia na Casa de Cultura Mário Quintana. A região não vai mais tão tarde que nem ia antes da pandemia”, destaca.

A auxiliar de recursos humanos Laura Garcia, 21 anos, acompanhada da tia, a farmacêutica Cláudia Garcia, 54 anos – que mora há sete anos no Centro Histórico de Porto Alegre - acredita que a região da rua dos Andradas é uma opção de happy hour misturado com os espaços históricos e culturais que o Centro oferece. “Quando eu quero um rolê mais tranquilo para conversar e tomar uma cerveja, eu venho para cá. O ambiente cultural influencia, também, nessa calma, diferente da Cidade Baixa. Lá, às vezes, é muito a ‘zoeira’, dependendo da rua que está. Aqui, eu acho que, por conta dos moradores, é uma parte histórica. O Centro Histórico geralmente é mais tranquilo que a Cidade Baixa.”

Uma das particularidades da boêmia Rua dos Andradas é que depois da meia-noite, os estabelecimentos já estão fechados. Para a designer Priscila Czuka Guaglianoni, 27 anos, a rua dos Andradas pode ser considerada como uma extensão da Cidade Baixa para quem quer curtir os famosos “rolês” depois da meia-noite. “Na minha opinião, a Cidade Baixa é uma extensão do centro. A galera vem aqui até meia-noite, depois segue para a Cidade Baixa porque é onde a noite continua, sabe? É mais ou menos o que eu faço com meus amigos, acaba sendo essa dinâmica. Vir mais cedo para Andradas em algum um lugar para passear, no geral, e depois ir em direção à CB.”


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895