Angra 1 teve vazamento de água radioativa em setembro do ano passado

Angra 1 teve vazamento de água radioativa em setembro do ano passado

Notificação foi feita com atraso, segundo Ibama

AE

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A Eletronuclear demorou 21 dias para informar a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) de um vazamento de material radioativo da usina nuclear de Angra 1 na Baía de Itaorna, em Angra dos Reis (RJ). A estatal, que administra as plantas de energia nuclear do Brasil, foi autuada pelo lançamento no mar de água contaminada por radiação e vai recorrer.

As informações sobre o incidente foram divulgadas pelo jornal O Globo e confirmadas pelo Estadão. De acordo com a empresa, em 16 de setembro do ano passado, Angra 1 fez a liberação não programada de um pequeno volume de água. O material continha substâncias de baixo teor de radioatividade. "Como os valores da liberação se encontravam abaixo dos limites da legislação que caracterizam a ocorrência de um acidente, a empresa tratou o evento como incidente operacional e informou o assunto nos relatórios regulares previstos", disse a estatal, em nota.

"Inicialmente, por conta própria e depois sob demanda do Ibama, a empresa intensificou a monitoração radiológica no local de despejo das águas fluviais sem encontrar nenhum resultado significativo", completou a empresa. Na semana passada, a Eletronuclear recebeu do Ministério do Meio Ambiente os relatórios de fiscalização e autos de infração, mas disse que vai recorrer. Ao comentar a acusação de falta de transparência sobre o ocorrido, a empresa afirmou que os comunicados sobre o assunto foram publicados em seu site.

A pedido do Ministério Público Federal (MPF), a Justiça Federal em Angra determinou que a empresa Eletronuclear realize, em até 30 dias, avaliação completa dos danos causados. Segundo a decisão, a Eletronuclear deve fazer a análise completa da possível contaminação de água, solo e ar, bem como de eventuais impactos na saúde humana e na vida das pessoas.

Também deverá divulgar, em 30 dias, informações objetivas sobre o acidente e possíveis impactos, além de seguir as normas e licenças estabelecidas pelos órgãos regulatórios. O MPF questiona a postura da empresa e aponta evidências de que teria havido tentativa de esconder o vazamento.

Segundo o órgão, a demora do comunicado "levanta dúvidas sobre a transparência e a seriedade com que a Eletronuclear trata a questão da segurança e a comunicação de incidentes". O órgão destaca ainda a importância de responsabilizar a Eletronuclear em relação ao acidente, com o objetivo de compensar eventuais danos.


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