Após Guaíba avançar sobre a cidade, sistema de proteção contra cheias é fechado em Porto Alegre

Após Guaíba avançar sobre a cidade, sistema de proteção contra cheias é fechado em Porto Alegre

No Porto de Navegantes, água transbordou e comportas ainda abertas permitiram alagamento de vias no Quatro Distrito

Jonathas Costa

Por volta do meio-dia, Guaíba já alcançava o muro da Mauá

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Porto Alegre voltou a acionar o sistema de proteção contra cheias nesta segunda-feira, pela terceira vez neste ano. A mobilização, que começou por volta das 8h, quando as águas do Guaíba já tomavam ruas e avenidas do Quarto Distrito, na Zona Norte da cidade, foi consequência da rápida elevação do nível verificado junto ao Cais Mauá após as cheias nos rios Caí, Sinos, Jacuí e Taquari. 

Na última medição divulgada no domingo pelo Centro Integrado de Coordenação de Serviços de Porto Alegre, pouco antes da meia-noite, o nível do Guaíba estava em 2,74m no Cais Mauá. A água subiu 30cm em cinco horas e ganhou velocidade. Às 6h, já estava em 2,96cm e por volta das 8h alcançou a cota de transbordamento no Centro Histórico, de 3m. 

O sistema de fechamento de diques da cidade, contudo, foi acionado pouco depois das 7h. No bairro Navegantes, alagamentos já eram registrados pela força da água que vertia do sistema de bueiros. Com as comportas abertas, as águas que transbordavam do Guaíba na altura do Porto de Porto Alegre conseguiam avançar, alcançavam a Avenida Voluntários da Pátria e geravam correnteza. Antes do sistema de diques da Castelo Branco, até peixes trazidos pelas águas da enchente podiam ser vistos na rua. 

Portão em manutenção

Um dos maiores portões de todo o sistema de diques da cidade, o de número 13 na altura da avenida Cairú e que dá acesso da Voluntários da Pátria à Castelo Branco, estava fora dos trilhos, escorados na parede. Um cenário que se mantinha assim desde de setembro, quando houve o último acionamento do sistema. 

Com avarias na estrutura de trilhos, os dois portões que compõem a estrutura foram deixados encostados para manutenção e reparo. O Guaíba não esperou. Nesta manhã, uma grande mobilização dos funcionários do Demae foi necessária para conseguir fechá-los por completo. Além de um guindaste de grande porte para içar as estruturas, soldadores foram acionados para retirar o trilho avariado e conseguir ajustar os encaixes. Após, sacos de areia e lonas foram colocados junto aos portões para vedar a passagem de água.

Enchente já é histórica

Esta é a terceira vez neste ano que as águas extravasam no piso do cais. Já trata-se, portanto, de um fato inédito. Desde 1941, o Guaíba somente havia extravasado em 1967 e 2015. Em setembro deste 2023, contudo, foram dois os momentos de transbordamento. 

Segundo a MetSul Meteorologia, com o dado de 3,10m no final da manhã desta segunda-feira, esta se torna a terceira maior cheia do Guaíba desde a grande enchente de 1941 (4,76m), sendo superada apenas pelos 3,13m de setembro de 1967 e os 3,18m de 27 de setembro deste ano. “É fato absolutamente notável e extraordinário o Guaíba atingindo a cota de extravasamento no Centro em duas oportunidades em apenas três meses, sendo que nos últimos 80 anos a marca só havia sido atingido uma vez. Igualmente excepcional que duas das três maiores cheias desde 1941 tenham ocorrido com intervalo de apenas 50 dias”, analisa a MetSul.


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