Após perder tudo na enchente, morador de São Leopoldo passa a viver na passarela da PRF

Após perder tudo na enchente, morador de São Leopoldo passa a viver na passarela da PRF

Ari Nunes é mais um dos milhares de afetados pela devastação das cheias no município

Felipe Faleiro

trabalho de agentes de outros estados na enchente concentrados em São Leopoldo

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Ari Nunes, 45 anos, morava no bairro Rio dos Sinos, em São Leopoldo, na região metropolitana, até o último sábado. Agora, vive provisoriamente na passarela da Polícia Rodoviária Federal (PRF), na BR 116, em razão da enchente que devastou sua casa e milhares de outras no município. Conta que trabalhava fazendo alguns bicos e ajudava a sustentar sua família, composta ainda por sua esposa e filho, mais um sobrinho, que também estão no local.

Eles perderam tudo, e conseguiram primeiramente abrigo em Estância Velha, onde recolheram algumas roupas antes de voltarem a São Leopoldo. “Nós pedimos para o pessoal da Polícia Rodoviária para ficar aqui, e eles deixaram. É a natureza, né? O que vamos fazer”, contou ele, que recusou a ida a outro abrigo. Deitado ao lado dele, na manhã desta quinta-feira, estava o inseparável cão Amarelo, também resgatado da enchente.

O animal, com certo ar de preguiça, parecia alheio à situação caótica, e queria mesmo aproveitar o sol fraco que se escondia em meio às nuvens. Abaixo deles, dezenas de pessoas se movimentavam no ponto improvisado montado junto ao posto da PRF, no bairro Scharlau, em que há a movimentação de barcos atendendo a região. Pessoas já resgatadas, e em busca de buscar pertences ou animais, viam nos botes um elo com suas residências, alagadas ou não. Voluntários distribuíam água e frutas.

PRF abre caminho precário na BR 116

Não muito distante dali, a PRF liberou, no começo da manhã, um caminho precário entre Novo Hamburgo e São Leopoldo pela BR 116, sobre a ponte do rio dos Sinos, no quilômetro 246, mas que exigiu paciência dos motoristas. Até certo ponto, os condutores precisam acessar a contramão da via, local sinalizado pelos agentes, gerando congestionamentos. A rota, por ora, somente pode ser utilizada por veículos de emergência, serviço público e abastecimento/doações, pequenos e grandes. Uma faixa está liberada por vez, no sistema pare e siga, e a velocidade é limitada a 20 quilômetros por hora.


Correio do Povo
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