Após quatro anos sem shows, Anfiteatro Pôr do Sol sediará Festival Turá em novembro

Após quatro anos sem shows, Anfiteatro Pôr do Sol sediará Festival Turá em novembro

Organização do evento afirmou que mudança foi motivada por "princípios de sustentabilidade"

Matheus Chaparini

Sebastião Melo irá apresentar proposta para o governador nesta sexta-feira

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Sem uso há quatro anos, com o palco condenado e em situação de abandono, o Anfiteatro Pôr do Sol voltará a ganhar relevância no cenário cultural de Porto Alegre. Em novembro, o espaço receberá o Festival Turá, que seria realizado no Parque Harmonia e foi transferido. A organização do evento anunciou a mudança do local nesta sexta-feira, 20.

O festival, que ocorre dias 18 e 19 de novembro, tem entre os artistas confirmados Caetano Veloso, Alceu Valença e Emicida. Inaugurado em 2000, o tradicional palco e grandes eventos na capital não recebe um show desde novembro de 2019. A realização é da produtora Time For Fun (T4F).

De acordo com a organização do evento, a mudança foi uma sugestão do Instituto Curicaca, ONG que atua na conservação da biodiversidade, salvaguarda cultural e promoção do ecodesenvolvimento e foi motivada por "princípios de sustentabilidade". "Poder sugerir e ajudar a T4F nessa escolha, alinhada com os princípios de sustentabilidade que o evento e a empresa estão adotando, é fazer parte da busca por uma cidade e uma comunidade sustentável. É comprometer-se e agir, pelos objetivos da ONU, com um planeta que grita por maior responsabilidade da sociedade, governos e empresas”, afirma Alexandre Krob, coordenador técnico do Instituto Curicaca.

Evento terá estrutura de palco própria 

O palco do Anfiteatro não tem condições de uso. Uma estrutura provisória será montada no local. Para a realização do evento, toda a área do Anfiteatro ficará isolada entre os dias 11 e 22 de novembro.

De acordo com a Secretaria do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus), foram estabelecidas regras de proteção da Fauna, como realizar o monitoramento de aves e répteis nativos 15 dias antes do evento e durante o evento e executar a implantação de sinalização nas áreas isoladas para os animais. Para o uso da área, a organização terá de pagar uma compensação de cerca de R$ 33 mil, informa a Smamus.

Em março de 2020, o palco foi atingido por um incêndio. As chamas iniciaram embaixo do assoalho de madeira e atingiram a estrutura. Foi necessário dois caminhões dos Bombeiros para controlar as chamas. Duas semanas depois, o local deveria receber parte da programação da Semana de Porto Alegre, que acabou cancelada em função da pandemia de Covid-19.

No ano passado, a Prefeitura anunciou a decisão de demolir a estrutura. Em maio de 2023, a Prefeitura anunciou um projeto de reforma para a o trecho 2 da Orla, que inclui a área do Anfiteatro.

O projeto compreende a instalação de uma marina, para a realização de eventos náuticos, com arquibancada; um centro de eventos; e uma esplanada, com passarela para caminhada, e uma rambla, ligando a calçada e a ciclovia à beira do rio, áreas comerciais e restaurantes. O projeto prevê ainda a construção de um anfiteatro. O custo estimado da obra é de R$ 400 milhões.

Ambientalistas fizeram apelo aos artistas 

Em meio aos protestos contra o projeto de concessão e reforma do Parque Harmonia, uma carta assinada por 30 entidades foi encaminhada aos artistas que se apresentarão no festival. A carta, enviada em julho, pedia aos artistas que não participassem do evento.

O grupo fazia um relato sobre os impactos das obras na fauna e na flora do local. A mensagem reforçava a existência de um pedido de suspensão das obras para, de acordo com o documento, “frear a destruição deste importante parque da cidade”.

Quatro anos depois

Em novembro de 2019, o Anfiteatro recebeu seu último show. O espetáculo Gigantes do Samba contou com os shows da Banda Raça Negra e  do cantor Alexandre Pires. O festival foi realizado na área do Anfiteatro Pôr do Sol, mas sem utilizar o palco do local. Uma estrutura foi montada para receber os shows.


Correio do Povo
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