Após recorde de óbitos em 2022, RS anuncia de plano de ação de enfrentamento ao Aedes aegypti

Após recorde de óbitos em 2022, RS anuncia de plano de ação de enfrentamento ao Aedes aegypti

Entre as medidas, serão emitidos Comunicados de Risco às 30 regiões de saúde do RS para auxiliar municípios

Christian Bueller

Evento ocorreu na Famurs, em Porto Alegre

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Comunicação, monitoramento, comparação com outros anos e engajamento dos municípios. Com a soma destes esforços, a Secretaria Estadual da Saúde (SES) lançou, na tarde desta quarta-feira, na sede da Federação das Associações de Municípios do RS (Famurs), em Porto Alegre, um novo plano de atuação, nomeado “Estratégias de enfrentamento ao Aedes aegypti e às doenças por ele provocadas”. As medidas compreendem todas 30 regiões gaúchas e visam combater o avanço da proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, chikungunya e zika vírus.

O ano de 2022 foi de recorde de casos notificados (99,4 mil), confirmados (mais de 66 mil) e de óbitos (66). Devido à situação epidemiológica vivenciada e não repeti-la em 2022, o Estado do Rio Grande do Sul vai emitir Comunicados de Risco semanais, levando em consideração Diagramas de Controle de casos notificados de Dengue. Desta forma, será possível sinalizar quais as regiões de saúde com maior risco para epidemia de dengue e outras arboviroses. Conforme o painel de casos da Dengue RS, já foram notificados, até o dia 16 de janeiro desse ano, 146 casos, sendo seis confirmados (2 deles em UTI), 20 descartados e 120 em investigação.

Durante o evento na Famurs, com a presença de gestores e profissionais de diversos municípios gaúchos, foram apresentadas recomendações aos prefeitos e suas secretárias de Saúde. “Até o momento, 296 cidades estão com seu plano de enfrentamento de arboviroses atualizadas, precisamos que as outras também o façam. Queremos incentivar a criação de comitês municipais e a promoção de formações continuadas aos servidores”, disse a titular da SES, Arita Bergmann. “Temos que sair com o compromisso de que 2023 será um ano em que vamos nos orgulhar por diminuir o número de casos notificados e confirmados da doença, além das mortes. São muitas estratégias enquanto a vacina contra a dengue não vem”, enfatizou.

O diretor adjunto do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), Marcelo Valandro, apresentou o plano de ação, destacando que a alta de casos não acontece apenas no Estado. “Foi o pior ano epidêmico dessa doença. O Brasil bateu o recorde de óbitos, quando 1.016 brasileiros morreram por conta da dengue”, relatou. Segundo ele, há alguns fatores que contribuem para o avanço da doença. “Há risco de nova epidemia e o risco de expansão da doença por uma população suscetível, planos de contingência desatualizados nos municípios, condições climáticas favoráveis ao vetor, acúmulo de lixo nas cidades, redes de assistência despreparadas pelo país e falta de planejamento nas cidades, sem uma boa articulação entre as equipes de vigilância”, elenca Valandro.

Foi lançada no encontro desta quarta-feira, ainda, a capacitação sobre arboviroses Manejo Clínico da Atenção Primária à Saúde (APS), direcionada a profissionais de saúde do Estado, desenvolvida pelo Telessaúde RS, Ufrgs e SES. O Estado possui, atualmente, 91% do seu território infestado pelo vetor Aedes aegypti (454 de 497 municípios). Em 2022 houve a circulação dos sorotipos virais 1 e 2 de Dengue. A circulação de sorotipos diferentes aumenta a chance da ocorrência de casos graves, tornando ainda mais importante as medidas de controle do mosquito Aedes aegypti.

Recomendações gerais da SES aos municípios:

- Os municípios devem construir e aplicar o Plano de Contingência Municipal, espelhando-se no Plano de Contingência Estadual para Enfrentamento das Arboviroses Dengue, Zika e Chikungunya 2022/2023;

- O município deve manter consultas ao Plano de Contingência Estadual, bem como as ferramentas disponíveis nos painéis da SES para que possam avaliar em qual Nível de Alerta está situado para empreender esforços;

- As equipes que atuam na Atenção Primária à Saúde dos municípios, ao suspeitar de arboviroses, devem aplicar o Protocolo de manejo clínico e classificação de risco, evitando casos graves e óbitos;

- As equipes que atuam na Atenção Primária à Saúde devem informar oportunamente a Vigilância Epidemiológica Municipal (VEM) quando da suspeita de casos;

- A VEM deve informar oportunamente a Vigilância Ambiental Municipal (VAM) para que as medidas em relação ao vetor sejam adotadas tão logo da identificação do caso suspeito;

- A VEM deve realizar a notificação oportuna dos casos suspeitos em no máximo 72h, bem como o fechamento de casos no sistema, para oportunizar uma melhor avaliação do cenário epidemiológico dos municípios, regiões e do estado;

- Independentemente da situação da infestação do vetor e da ocorrência de casos de arboviroses nos municípios, é importante que a população continue seu papel fundamental de manter os cuidados de eliminação de criadouros e prevenção a arboviroses.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895