Aparecimento de plantas no Guaíba não deve afetar a qualidade da água, diz especialista

Aparecimento de plantas no Guaíba não deve afetar a qualidade da água, diz especialista

Dmae afirma que não recebeu relatos de gosto e cheiro no abastecimento neste verão

Felipe Faleiro

Possibilidade de assoreamento preocupa, mas nível ainda está alto, afirmam Dmae e professor da Ufrgs

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Ao se observar atentamente o Guaíba, é possível já perceber a presença de algumas áreas verdes onde antes não havia. Nesta quinta-feira, de acordo com os dados da régua de medição do Guaíba, mantida pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), o nível estava em 94 centímetros, o menor desde o último dia 4 de setembro. Porém, de acordo com o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), isto por ora não é uma preocupação.

Em outros anos, o cheiro e o gosto eram recorrentes, porém em 2023, tais problemas não foram detectados até o momento pelo Dmae. O órgão também negou que haja assoreamento no curso d’água, ou seja, o aparecimento de bancos de areia, semelhantes a pequenas ilhas, também destacou que o nível do Guaíba está “bastante alto” e que nem sempre os matagais visualizados são causadores de odor na água.

A crise de abastecimento que se abateu sobre parte de Porto Alegre e foi objeto de ações por parte do Dmae foi praticamente solucionada, ainda conforme o órgão, restando apenas alguns processos pontuais feitos em locais como o Morro da Cruz e a Lomba do Pinheiro, regiões que sofreram mais com o desabastecimento há algumas semanas. Tais moradores destas regiões inclusive chegaram a receber caminhões-pipa.

Na opinião do professor Fernando Dornelles, doutor em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e professor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da mesma universidade, a baixa acentuada em pouco tempo no nível do Guaíba é reflexo do vento noroeste que sopra hoje na orla.

Ele concorda que o nível pouco abaixo de um metro ainda era alto e reforça que as plantas vistas não têm potencial para afetar a qualidade da água. “Não apenas não afetam como até ajudam a consumir um pouco dos nutrientes e evitam o surgimento das microalgas. É preciso também observar a temperatura da água do Guaíba. Se estiver alta, é indicador para o problema, pois significa que não há muita renovação da mesma”, afirmou.


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