Aparição de baleias-francas volta a trazer novo colorido ao mar de Torres

Aparição de baleias-francas volta a trazer novo colorido ao mar de Torres

Mamíferos migratórios foram vistos entre o morro das Furnas e a Guarita, na cidade litorânea gaúcha

Christian Bueller

Animais marinhos foram avistados nesta quinta-feira

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Nesta época do ano, moradores e profissionais que se dedicam a entender sobre a natureza marinha em Torres, no litoral norte gaúcho, já sabem que uma visita pode acontecer a qualquer momento: a das baleias-francas. Estes cetáceos migratórios procuram anualmente, entre o inverno e a primavera, as águas próximas da costa do Sul do país durante o período de reprodução, nascimento e amamentação de seus filhotes. Nesta semana, foram vistas novamente, próximo às margens da praia.

O show, desta vez, foi entre o morro das Furnas e a Guarita, avistado pelo fotógrafo profissional Gabriel Zaparolli. “Elas costumam aparecer por aqui entre junho e setembro, saídas lá da Argentina, em busca de águas mais quentes. Normalmente em grupos. Nesta quarta-feira, estavam entre seis baleias”, descreve o morador de Torres. Especializado em registrar eventos da natureza, ele foi avisado pelo Projeto Farol das Baleias, iniciativa desenvolvida pelo Grupo de Estudos de Mamíferos Aquáticos do Rio Grande do Sul (Gemars).

A instituição sem fins lucrativos tem diversas linhas de atuação, entre elas, monitorar e catalogar as baleias que aparecem no litoral gaúcho e catarinense para pesquisas posteriores. As baleias-francas, com calosidades no topo, cauda pontiaguda e esguicho de água em “V” estão entre os animais estudados. Em suas rede sociais, o Projeto Farol das Baleias relatam como são os avistamentos. “Iniciamos o monitoramento a olho nu, identificando a presença das baleias-francas na praia. Assim que ela é avistada, utilizamos binóculos para confirmar a presença e espécie. Por fim, decolamos o drone da praia e sobrevoamos até a localização da baleia, para coletarmos imagens”, diz o texto.

O mamífero pode chegar a até 18 metros, 60 toneladas e viver cerca de 80 anos. No sul brasileiro, além de Torres, costumam aparecer nas praias de Itapirubá até a Guarda do Embaú, no estado vizinho, tendo como parceiro o Instituto Australis. Além do Brasil, o animal chega, em maior número, aos golfos San José e Nuevo da Península Valdés, na Patagônia Argentina.

Apesar de os drones auxiliarem o trabalho dos pesquisadores do Gemars, moradores de Torres como Zaparolli puderam acompanhar o “desfile” das baleias-francas por mares gaúchos. “Fazer fotos delas é uma forma de mostrar para o grande público, que muitas vezes não consegue ver, a beleza de tudo isso”, conta o fotógrafo.

Em 13 junho deste ano, o projeto avistou e registrou uma baleia-franca adulta solitária no Morro do Farol, em Torres. Treze dias depois, veio a descoberta de seu filhote, em Itapirubá Sul, Santa Catarina, o primeiro filhote registrado na temporada de 2023. Seu tamanho pequeno, coloração acinzentada, flexibilidade da nadadeira caudal e pouca quantidade de ciamídeos (nome dos chamados “piolhos de baleia”) comuns na cabeça, indicou que se tratava de um recém-nascido.

Em seis anos de monitoramento, o Projeto Farol das Baleias segue com o seu trabalho, cada vez mais consolidado. Até o momento, em 2023, segundo o biólogo e pesquisador do Gemars, Daniel Danilewicz, foram registradas nove mães com filhotes e quatro indivíduos solitários, provavelmente machos. “Temos três equipes simultâneas trabalhando e investindo em capacitação de pessoas para atuar com drones. Não temos mais caças às baleias, mas ainda temos preocupação com o aquecimento global que afeta os alimentos delas na Antártica e reflete quando chegam no Brasil e Argentina”, conta o biólogo.


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