Apesar de recuo, moradores de Alvorada seguem com medo de nova enchente

Apesar de recuo, moradores de Alvorada seguem com medo de nova enchente

Alguns pontos dos bairros Americana e Nova Americana continuam alagados e previsão de chuva assusta moradores

Rodrigo Thiel

Em Alvorada, morador trabalha para recuperar escada que dá acesso às peças onde ficou durante enchente do arroio Feijó

publicidade

“Eu não mereço isso aqui mais uma vez”. Aos 72 anos, Romana Trindade, moradora do bairro Americana, lamenta ao ver o chão da sua casa tomada pelo barro, trazido em mais uma enchente do arroio Feijó, em Alvorada. Ela reside há 30 anos na travessa 12 de Maio e conta que cansou de contar as vezes que sua casa foi atingida pela cheia. Apesar da melhora no tempo, ainda há acúmulo de água no pátio e dentro de sua casa. A previsão de chuva nos próximos dias também assusta a moradora, que decidiu aguardar mais alguns dias para começar – mais uma vez – a limpeza de sua residência.

“Ainda nem sei quando vou começar a limpar a casa. A gente precisa pedir pela boa vontade de vizinhos para ajudar. E é muito gasto também. O que nos salvou desta vez é que construímos umas peças em cima da garagem. Mas com essa idade, eu não estou aguentando mais. E a gente não consegue ir embora, porque ninguém quer comprar uma casa aqui. Todo mundo sabe que é área de enchente”, relatou a idosa.

Na mesma rua, o morador Sílvio Barbosa corria contra o tempo para reformar uma escada de madeira que dá acesso a outras peças construídas em cima de sua casa. Assim como na vizinha Romana, esta foi a alternativa encontrada para não ficar submerso durante enchentes. Entretanto, a estrutura da escada ficou danificada e a esposa de Sílvio ficou presa neste cômodo. A pressa em retomar o acesso é função de uma consulta médica agendada para os próximos dias.

“Eu fiz este segundo andar na correria em 2015, quando também teve enchente. Ainda nem deu tempo de terminar, mas conseguimos sair correndo para cima quando a cheia veio. A maioria das coisas ficou embaixo e apodreceram. Nem vou limpar a casa ainda, pois está marcando chuva de novo. Da outra vez (em setembro) eu limpei e veio chuva no outro dia. Agora vou esperar. E, quando melhorar, vou seguir construindo em cima da casa”, completou. Apesar do nível do arroio Feijó ter recuado em algumas quadras do bairro Americana, alguns pontos próximos à rua André da Rocha seguiam alagados. 

Em Cachoeirinha, todos os moradores que precisaram sair de suas casas em função da cheia do rio Gravataí já puderam retomar para suas residências. Conforme o diretor da Defesa Civil Municipal, Vanderlei Marcos, o foco dos trabalhos está sendo na retirada de entulhos, patrolamento e colocação de materiais em estradas que foram afetadas por alagamentos no bairro Meu Rincão. No bairro Parque da Matriz, há ainda um pequeno ponto de alagamento próximo da rua Pacaembu. Ele destaca ainda que o rio Gravataí segue em tendência de declínio gradual.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895