Apesar de ser proibido, homens pescam na Orla do Guaíba em Porto Alegre
Atividade não é permitida no Estado desde 1º de outubro do ano passado devido à reprodução de muitas espécies e será liberada em 1º de fevereiro
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Há poucos dias, três homens foram vistos pescando com redes na Orla do Guaíba, entre os trechos 2 e 3, durante o dia. A cena destoava do que se costuma ver no local, pessoas passeando e praticando exercício. No entanto, o grupo de pescadores, que mora no bairro Belém Novo, zona Sul de Porto Alegre, começou a atividade às 9h e terminou por volta das 18h. Um deles, que não quis se identificar, disse que se foi até o local para aproveitar o baixo volume das águas do Guaíba, o que permite que adentrem mais e possam manejar melhor as redes. “Estamos pescando tilápia, espécie criada em tanques ou açudes. Com as águas baixas, muitas vieram para essa parte que se parece com seu ambiente”, disse.
Pedreiro e sem trabalho, o homem disse que está pescando para sustento familiar. “Está muito difícil, hoje pegamos 15 quilos de peixe e vai nos manter por alguns dias”, afirmou. Esse relato também evidencia as consequências das mazelas sociais, como o desemprego.
Foto: Ricardo Giusti
Neste momento, a pesca não é permitida devido à piracema, fenômeno que ocorre com diversas espécies de peixes ao redor do mundo, considerada uma importante estratégia reprodutiva. A palavra piracema vem do tupi e significa “subida do peixe”, que remete a algumas espécies que nadam rio acima em busca de locais adequados para reprodução e alimentação.
O período de proibição da pesca é definido de forma diferente para cada território, conforme as características climáticas da região. No Rio Grande do Sul, o período começou de 1º de outubro de 2022 a 31 de janeiro de 2023, sendo liberada a partir de 1º de fevereiro.
Segundo o Comando Ambiental da Brigada Militar (CABM), a legislação sobre o tema pesca é extensa e específica para cada local, sendo que a determinação legal para uma área urbana e com ampla circulação de pessoas, como a orla, não se aplica na sua integridade para regiões distintas. No entanto, destaca que, historicamente, muitas espécies de peixes já foram extintas pelo descontrole da atividade na piracema. No momento, o CABM está atuando na Operação Verão, na fiscalização da pesca e demais temas de incumbência do patrulhamento ambiental da Brigada Militar.