Apesar do recuo no Guaíba, moradores das ilhas seguem receosos com retomada

Apesar do recuo no Guaíba, moradores das ilhas seguem receosos com retomada

Na Ilha Grande dos Marinheiros, alguns moradores estão organizando apenas o básico em suas casas, com medo de uma nova cheia

Rodrigo Thiel

A comerciante Grazielle Ramos limpou a entrada de sua loja de modas, na esperança de voltar a abrir as portas desde que fechou, em setembro

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Na manhã deste domingo, o nível do Guaíba estava em 2,26 metros na régua do Cais Mauá. Na Ilha da Pintada, o medidor manual apontava 1,98 metro, dois centímetros abaixo da cota de alerta no local. Ainda assim, os moradores do Arquipélago seguiam com medo de que uma nova cheia adie ainda mais sua tão esperada retomada à normalidade.

Na Ilha Grande dos Marinheiros, alguns pontos mais baixos da rua Aparecida seguiam alagados, com o Guaíba costeando os fundos das casas ribeirinhas. O medo de que a chuva prevista para o início desta semana, somado ao vento Sul, faz com que muitos dos moradores sequer tentem baixar seus móveis e voltem, de fato, a arrumar suas casas.

Um destes casos é o do morador Germiniano Alves. Ele relata que o nível do Guaíba anda muito instável e, por isso, mantém os móveis e eletrodomésticos levantados. “Nós fizemos uma limpeza para poder voltar para casa ao menos né, pois tinha muito barro dentro. Estamos com medo que volte a subir. Muitas das nossas coisas estão na casa da minha filha”, citou.

Na mesma rua, a moradora Juliana Feijó da Silva conta que, mesmo não tendo a casa atingida por ser mais alta, não sabe quando poderá organizar seu lar. “A gente nem tenta. Se não chegar no nível normal dele, é serviço perdido. Tu não sabe se amanhã a água beirará na rua de novo. E sobe muito rápido. É energia perdia, é tempo perdido, tudo porque o nível segue alto”, complementa.

A comerciante Grazielle Ramos é uma das poucas moradoras da Ilha Grande do Marinheiros que tentou limpar seu imóvel no final de semana. Dona de uma loja de moda na ilha, ela está na expectativa de poder voltar a abrir seu comércio durante esta semana. “Criei coragem para limpar e reabrir a loja, que está fechada desde setembro. Mas sigo com medo de que o Guaíba volte a subir”.

De acordo com a MetSul Meteorologia, um novo episódio de chuva volumosa deve atingir o Sul do Brasil, principalmente em Santa Catarina e uma parte do Rio Grande do Sul. A instabilidade maior deve ser registrada nesta segunda e na terça-feira, aumentando o risco de alagamentos e inundações repentinas. Em Porto Alegre, os prognósticos apontam uma chuva moderada, mas com risco de eventuais pancadas fortes.


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