Ari divulga relatório de agressões sofridas contra imprensa em 2023

Ari divulga relatório de agressões sofridas contra imprensa em 2023

Cerca de 330 ocorrências foram registradas contra jornalistas em âmbito nacional e internacional

Vitória Fagundes

Relatório de Liberdade de Imprensa 2023 é apresentado na ARI.

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A Associação Riograndense de Imprensa (ARI) divulgou, nesta quarta-feira, um relatório contundente sobre os índices de violência contra jornalistas ao longo do ano de 2023. Foram registradas mais de 300 ocorrências, tanto no cenário nacional quanto internacional. Em 2023, a ARI publicou 12 boletins mensais pela Diretoria de Direitos Sociais e Imprensa Livre.

O relatório abrange dados de incidentes, incluindo ataques virtuais, agressões verbais e físicas, assédio judicial, censura e até mesmo casos de assassinato, evidenciando uma crescente ameaça à liberdade de imprensa no Brasil e no exterior. Esses dados foram registrados por meio da iniciativa "Tambor da Aldeia", criada em 2005, que mensalmente documenta casos de agressões contra profissionais de imprensa no Brasil e no mundo. Somente em 2023, aproximadamente 150 ocorrências foram registradas contra jornalistas.

Os detalhes das ocorrências foram apresentados no "Relatório de Liberdade de Imprensa de 2023". Segundo a ARI, o documento é crucial para a compreensão da realidade enfrentada pelos profissionais da imprensa globalmente. O encontro contou com a participação de profissionais e comunicadores, que debateram a urgência da defesa das liberdades de expressão e imprensa, assim como a salvaguarda do livre exercício da profissão de jornalista.

O presidente da Associação Riograndense de Imprensa (ARI), José Nunes, ressaltou a importância do relatório anual da ARI, que aborda questões cruciais relacionadas ao trabalho dos profissionais de imprensa, destacando as inúmeras agressões enfrentadas ao longo do ano. Nunes expressou sua preocupação com as dificuldades enfrentadas pelos jornalistas, incluindo a necessidade, por questões de segurança, de evitar identificações visíveis, como crachás e veículos da empresa.

“O relatório destaca as questões do trabalho do profissional de imprensa, principalmente as agressões sofridas ao longo do ano. Diariamente acontecem vários casos de agressões, onde o profissional muitas vezes não pode andar com veículo de comunicação da empresa, não pode inclusive muitas vezes andar com o crachá da empresa, com a credencial da empresa. E é muito frustrante, porque o profissional tem que se identificar. Em primeiro lugar, ele é jornalista, ele vai ter que se identificar como tal”, declara.

Vilson Antonio Romero, Diretor Sociais e Imprensa Livre da ARI, responsável pela publicação do observatório "Tambor da Aldeia", enfatizou a relevância dessa iniciativa para os profissionais da comunicação, destacando a conscientização sobre a crescente fragilização da profissão no Brasil e no exterior. Ele expressou grande preocupação com o ano eleitoral em curso, alertando para a possibilidade de ataques a profissionais, especialmente nas pequenas comunidades, em meio a um ambiente eleitoral polarizado. Romero ressaltou que, como jornalistas, têm noção do que está acontecendo, tanto no Brasil quanto no exterior, na fragilização da profissão, e destacou a importância de permanecerem alerta diante dos desafios enfrentados.

“Enquanto jornalistas temos noção do que está acontecendo, tanto no Brasil quanto no exterior, na fragilização da nossa profissão, do exercício da profissão, e isso, a gente viu, nós continuamos sofrendo ataques, e muito nos preocupa, inclusive esse alerta importante, que nós estamos num ano eleitoral, e esse ano eleitoral vai caminhar para que muitos dos profissionais, em especial nas pequenas comunidades”, diz.

Mais de 300 ocorrências foram registradas

Cerca de 330 ocorrências foram registradas contra jornalistas em âmbito nacional e internacional. O Observatório Tambor da Aldeia, em sua análise nacional, identificou quatro ocorrências de restrições ao trabalho, evidenciando uma preocupante limitação à liberdade de imprensa. As agressões físicas representam uma ameaça real, com 22 incidentes registrados, incluindo um aumento significativo de 16 casos em 8 de janeiro. As agressões virtuais totalizam 11, destacando a vulnerabilidade dos profissionais no ambiente digital, enquanto as agressões verbais somam 17, ressaltando a hostilidade verbal enfrentada pelos jornalistas. O registro de um assassinato destaca a gravidade das ameaças à vida dos comunicadores.

No âmbito internacional, o Observatório documentou 24 casos de prisões, ataques e ameaças a profissionais da imprensa. Treze assassinatos evidenciam a seriedade das ameaças à vida da comunidade jornalística, e na região de Gaza-Israel, foram registradas 94 mortes de profissionais da imprensa. O assédio judicial atingiu 11 casos, com um incidente de quebra de sigilo. As ocorrências institucionais, totalizando 21, destacam os desafios enfrentados pelos jornalistas não apenas em situações isoladas, mas também em contextos mais amplos. No total, foram relatadas 164 ocorrências.

Além disso, outras formas de restrição incluem seis ocorrências de retirada de conteúdo, sinalizando um ataque direto à liberdade de expressão. Por outro lado, destacam-se 36 julgamentos judiciais a favor do jornalista, indicando um reconhecimento da importância da liberdade de imprensa nos tribunais. No entanto, preocupam os dez julgamentos contra jornalistas registrados. Esses dados, compilados em 12 boletins mensais ao longo de 2023, oferecem uma visão abrangente das ameaças enfrentadas pelos jornalistas.Esses dados, compilados em 12 boletins mensais ao longo do ano de 2023, totalizaram 166 ocorrências.

No âmbito internacional, cerca de 24 casos de prisões, ataques e ameaças a profissionais da imprensa foram registradas e 13 assassinatos evidenciam a gravidade das ameaças à vida dos profissionais. Na região de Gaza-Israel foram 94 mortes de jornalistas. O assédio judicial contra a categoria atingiu 11 casos, com um incidente de quebra de sigilo.

Além disso, as ocorrências institucionais, que totalizam 21, enfatizam os desafios enfrentados pelos jornalistas não apenas em situações isoladas, mas também em contextos mais amplos. No total, foram relatadas 164 ocorrências. Outras formas de restrição incluem a retirada de conteúdo, com seis ocorrências, sinalizando um ataque direto à liberdade de expressão.


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