“As pessoas estão perdendo o pouco que têm”, desabafa moradora da zona Norte de Porto Alegre

“As pessoas estão perdendo o pouco que têm”, desabafa moradora da zona Norte de Porto Alegre

Moradores da avenida João Ferreira Jardim, no bairro Rubem Berta, estão sofrendo com alagamentos e com o acúmulo de lixo

Paula Maia

Moradores do bairro pedem providência da prefeitura de Porto Alegre em relação a limpeza e recolhimento de resíduos

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Os alagamentos na avenida João Ferreira Jardim, no bairro Rubem Berta, em Porto Alegre, estão deixando muitas moradores revoltados. O que ocorreu nesta quarta-feira marcou devido à quantidade de água acumulada e a demora escoar. O volume de água chegou a mais de um metro dentro das residências e o Corpo de Bombeiros realizou o resgate de pessoas que ficaram ilhadas. Um vídeo de um homem em uma canoa, passando pelo bairro, foi divulgado nas redes para mostrar a gravidade da situação.

Moradores contam que acordaram assustados e que já havia água desde cedo na frente das residências. Até a chegada do Corpo de Bombeiros, alguns moradores idosos foram retirados das suas casas por vizinhos. Uma moradora contou que teve que arrancar o forro do teto do quarto para colocar os animais de estimação. E que mesmo com o passar do dia, a água na sua residência estava pela cintura.

 

A indignação entre os moradores da rua é grande. Eles afirmam que o maior problema é o acúmulo de lixo e a falta de limpeza em uma área de preservação permanente, que fica próximo ao número 138 da avenida João Ferreira Jardim.

A síndica do condomínio Porto Farroupilha, Ana Cecília Froehlisch, declarou que já ocorreram quatro alagamentos em cinco meses no local. E que a situação está insustentável. Ela afirma que há tempos o condomínio vem cobrando da prefeitura a limpeza no terreno e que nenhuma ação efetiva foi realizada e os danos só aumentam. “Em cinco meses sofremos quatro alagamentos, as pessoas estão perdendo o pouco que têm”, desabafou. Ela garante que o condomínio faz a reciclagem dos descartes e pede providências urgentes do município.

 Arlete Silva afirmou que as pessoas do bairro ficaram totalmente desassistidas. Que pediram apoio para órgãos da prefeitura e nada foi feito. Ela contou que desde cedo os moradores estavam tentando bloquear a rua para evitar a passagem de carros. " Quando os carros passavam, mais água entrava nas casas devido as ondas que se formavam”,explicou

Ela contou que ontem o Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAE) esteve no local fazendo as limpezas das bocas de lobo, mas, segundo ela, não adiantou nada. " O que deve ser limpo é esse terreno, tem que passar a retroescavadeira, mas não pode por causa de uma árvore e precisa de autorização para retirar”, declarou.

Marina Borges atravessou as águas para alimentar os cachorros que ela cuida|Foto: Mauro Schaefer

Agentes do DMAE estavam no bairro fazendo a verificação da situação. O gerente da distrital Norte, Ícaro Cezimbra dos Santos, informou que foi identificado outro foco de acúmulo de lixo, que até então era desconhecido pelo departamento, e que a limpeza do local será providenciada com urgência. Quando questionado por moradores sobre a limpeza da área de preservação ele afirmou que é necessário baixar a água para que uma equipe possa atuar no local.

Marina Borges tem 70 anos e também mora na rua João Ferreira Jardim. Ela afirma que o local sempre alaga, mas desta vez a água estava “custando a descer”. Ela cuida de seis cachorros que foram abandonados e não pensou duas vezes em atravessar as águas para alimentá-los. Quando saiu do local ela afirmou, com sorriso no rosto, que estavam todos estavam bem. "Eles estão bem. Estão secos e alimentados. Lá tem um lugar alto onde eles ficam bem", explicou aliviada.
 


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