Ato nacional pede fim da violência policial

Ato nacional pede fim da violência policial

A ação foi realizada simultaneamente em diferentes cidades do Brasil e foi organizada por entidades dos movimentos negros

Paula Maia

Em Porto Alegre o ato ocorreu na Esquina Democrática, no centro

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Entidades dos movimentos negros brasileiros promoveram um ato nacional de Luta pelo Fim da Violência Policial. Em Porto Alegre, a atividade ocorreu na Esquina Democrática, no centro, e reuniu pessoas de diferentes idades, movimentos, organizações, coletivos e parlamentares, nesta quinta-feira.

De acordo com a presidente da União de Negros pela Igualdade do Rio Grande do Sul (Unegro/RS), Elis Regina de Vargas, esses atos realizados em todas as capitais do Brasil, marcam o início de uma jornada de atividades que seguem até o mês de novembro. Entre as ações estão previstas audiências públicas, encontro nas comunidades, debates com as forças de segurança. 

“Estamos todos nas ruas para dizer para Porto Alegre que nós não suportamos mais a violência policial contra os nossos corpos, contra o povo preto. Nós precisamos de políticas pública de verdade. As balas perdidas sempre encontram pessoas de cor negra”, desabafou.

Além de destacar o impacto desproporcional da violência policial sobre a população negra, Elis declarou: “O estado nos mata quando nega política pública, quando nega escola, quando fecha creche. Nós não queremos que abram mais presídios. Reforma os que têm e abre escola. É essa política pública que nós queremos”.

Ela lembrou que neste ano, no RS, mais de 70 pessoas já morreram vítimas de chacinas. Ela também pontuou os últimos acontecimentos na Vila Cruzeiro, em Porto Alegre. De acordo com Elis, uma das solicitações dos movimentos é que os agentes de segurança, de todas as esferas, usem câmeras corporais e que a identificação do agente não seja removida.

Os atos iniciados nesta quinta-feira marcam o início de uma jornada de atividades que seguem até o mês de novembro|Foto: Ricardo Giusti

 

Sobre o ato ocorrido na Esquina Democrática, a Secretaria da Segurança Pública do RS (SSP) declarou: “As forças de segurança do Estado garantem a todos a livre manifestação e reforçam o compromisso de garantia da segurança da população gaúcha. Sua atuação é pautada pela manutenção da ordem pública, sem tratamento diferenciado a quem quer que seja. Dentre os principais objetivos da segurança pública, está a redução de mortes violentas, como registrado no último mês de julho, quando o RS computou o menor número de homicídios dos últimos 13 anos.”

A SSP ainda destacou que está em processo de licitação a compra de 1,1mil câmeras corporais. A licitação teve quatro empresas interessadas. Duas já foram desclassificadas e a terceira está em fase de análise.

De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2023, no ano passado o Brasil registrou 47.398 mortes violentas intencionais (MVI). Na região Sul foram registrados 5.328 mortes em 2022; 5.127, em 2021; 5.334, em 2020.

Essa categoria foi criada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e agrega as vítimas de homicídio doloso (incluindo feminicídios e policiais assassinados), roubos seguidos de morte, lesão corporal seguida de morte e as mortes decorrentes de intervenções policiais.

O anuário registra que em relação ao perfil étnico-racial das vítimas, 76,5% dos mortos eram negros. O documento ainda registra que os negros são o principal grupo vitimado pela violência independente da ocorrência registrada, mas chegam a 83,1% das vítimas de intervenções policiais.

 


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