Ato protesta contra projeto do Trecho 2 da Orla do Guaíba, em Porto Alegre

Ato protesta contra projeto do Trecho 2 da Orla do Guaíba, em Porto Alegre

Grupo aponta danos ambientais e exploração meramente comercial de área, até então, aberta

Vitória Fagundes

O evento contou com 17 organizações não-governamentais e ambientais que incluem sindicatos, coletivos e movimentos sociais.

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Um grupo de manifestantes, representantes de movimentos ambientais e políticos, estiveram na tarde deste domingo junto ao trecho 2 da orla do Guaíba, na região do Anfiteatro Pôr-do-Sol, em Porto Alegre, para protestar contra as ações de privatização do espaço pela prefeitura. Os participantes se reuniram do lado do anfiteatro e debateram ideias, soluções e problemas de intervenções propostas pelo município.

Segundo os organizadores, a proposta de concessão elaborada pela Secretaria de Parcerias da Prefeitura impede a recuperação do anfiteatro abandonado e pretende transformar a área em um ambiente comercial e espaços de empreendimento. Eles afirmam que isso prejudicaria a fauna nativa e os animais como tartarugas e aves ciliares que habitam a região. O evento, que começou às 15h, contou com 17 organizações não-governamentais e ambientais que incluem sindicatos, coletivos e movimentos sociais.

A Manifestação contou também com a participação da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural. | Foto: Ricardo Giusti

Durante a manifestação, o professor do departamento de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Paulo Brack, membro do Instituto Gaúcho de Estudos Ambientais (InGá), enfatizou que a concessão do espaço a iniciativas privadas pode gerar um problema ambiental à cidade de Porto Alegre. “Tem tartarugas que colocam os ovos nesse espaço. A destruição da mata ciliar que tem muita vegetação e aves é preocupante. Essa zona é importante e o projeto que a prefeitura quer visa o desmatamento. Esse projeto visa a impermeabilização do solo para grandes prédios”. O professor ressalta que cerca de 50 aves, que viviam nas margens do Parque Harmonia, em Porto Alegre, se refugiaram para as matas no entorno do Anfiteatro, por conta desarborização do parque. “Acreditamos que muitas aves que estavam lá, vieram para o anfiteatro”.

A manifestação contou também com a participação da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural. A vice-presidente da associação, bióloga Simone Portela de Azambuja, destaca que a privatização e concessão de espaços ambientais, pode gerar um dano ambiental a cidade. “A nossa segurança em relação à mitigação das mudanças climáticas estão nos espaços verdes de Porto Alegre. As árvores representam uma regulação da temperatura climática, infiltração de água no solo e isso faz com que não haja alagamentos na cidade de grande proporção”.

A representante destaca ainda que Anfiteatro é uma área de preservação permanente da cidade e de proteção em relação às mudanças climáticas. E que o projeto proposto pela prefeitura de Porto Alegre não passou pelo comitê municipal do meio ambiente. “Essa concessão, além de não escutar a população, não passou pelo comitê municipal do meio ambiente, que decide tudo o que tem a ver com a questão ambiental da cidade. Passou pela Câmara de Vereadores, passou pela Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano, mas não pelo comitê do meio ambiente”.

O projeto da Marina da Orla, também chamada de Marina Pública, junto ao trecho 2 da orla do Guaíba, na região do Anfiteatro Pôr-do-Sol, em Porto Alegre, tem 134,4 mil metros quadrados e 850 metros de extensão. A prefeitura de Porto Alegre estuda desde o ano passado a possibilidade de construir uma marina pública para visitação, além de um centro de eventos, entre outros empreendimentos relacionados.

A Secretaria Municipal de Parcerias disse que o projeto ainda está em estudos e passará por diversos órgãos competentes até a sua definição final. "Estão previstas audiências e consultas públicas, conforme prevê a legislação, e todo o projeto será amplamente discutido com a sociedade", afirmou a pasta em nota enviada na segunda-feira, 18.


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