Autoridades do Sul foram alertadas a tempo sobre severidade da chuva no Vale do Taquari, diz Cemaden

Autoridades do Sul foram alertadas a tempo sobre severidade da chuva no Vale do Taquari, diz Cemaden

Diretora do Centro Nacional de Monitoramento mencionou reunião no Ministério da Integração em que Defesa Civil do RS estava presente

Giovani Gaforelli / Rédio Guaíba

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As autoridades do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul foram alertadas sobre os grandes volumes de chuva e o risco de alagamentos no dia 31 de agosto. A A afirmação é da diretora do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), Regina Alvalá, que deu entrevista ao programa Bom Dia, da Rádio Guaíba.  

A tragédia climática que atingiu o Vale do Taquari, na Região Central do Rio Grande do Sul, causando 47 mortes, poderia ter sido evitada se os alertas tivessem sido dados com antecedência. A diretora do Cemaden, Regina Alvalá, explica que avisos e alertas quando dados de forma prévia podem auxiliar com que as pessoas saiam das áreas de risco de alagamentos.

“Nós alertamos. No dia 30 de agosto o Cemaden vislumbrou que as chuvas que estavam previstas por conta da frente fria mais ao sul da América do Sul trariam consequências mais severas para a Região Sul do Brasil. No dia 31 de agosto, o Cemaden faz rotineiramente reuniões com o Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos, do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional, e a Defesa Civil dos Estados do RS, SC, PR, e MS participaram de reunião, e foram alertados que as chuvas poderiam causar significativos impactos para a população”, afirmou.

Para a diretora do Cemaden, além dos avisos são necessários investimentos para prevenção e contingência de desastres naturais. “A gente precisa conhecer onde estão os riscos, precisa monitorar e alertar, precisa ter capacidade de resposta, precisa investir em educação, precisa ter planos de contingência e planos de prevenção, enfim, é um sistema que tem vários eixos e é uma engrenagem que precisa andar em conjunto pra que essa gestão seja mais eficiente e atenda melhor a população como um todo”, destacou Alvalá.

Questionada sobre a eficiência dos alertas por SMS (método adotado pelo Governo do Estado), Regina Alvalá explica que a maioria das informações contidas no SMS são informações meteorológicas, com poucas orientações sobre os riscos. “A eficiência do SMS é bem questionável. O que é fundamental é que os municípios, estados e união, precisam trabalhar em conjunto em ações focando então na concepção da percepção do risco pela população. Só assim, cidadãos e cidadãs vão estar preparados e treinados para entender aquele texto do SMS, pra que ele serve”, detalhou.

O Governo do Estado, explica em comunicado enviado à imprensa, que os alertas iniciaram ainda no dia 28 de agosto. “Desde o dia 28 de agosto até às 12h44 do dia 8 de setembro, a Sala de Situação produziu e enviou 20 boletins, três avisos hidrometeorológicos e 19 alertas que geraram mensagem via SMS à população”, detalha o comunicado. Porém, em consulta ao site da Defesa Civil gaúcha não foi encontrado nenhum alerta específico para o Vale do Taquari nas datas citadas no comunicado.

Confira o comunicado enviado pela Defesa Civil do RS

“O SGB, Serviço Geológico do Brasil – antigamente chamado de CPRM-, realiza o levantamento de áreas vulneráveis para deslizamentos, conforme classificação geológica e capacidade de resistência a eventos climáticos severos. No Rio Grande do Sul, o SGB já realizou mapeamento de áreas de risco em 59 municípios.

Com base nesses dados, o Cemaden, Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais, ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, monitora municípios em todas as regiões brasileiras.

Os alertas emitidos pelo Cemaden são encaminhados para as Defesas Civis estaduais que, por sua vez, repassam para as municipais. No dia quatro de setembro, o Cemaden emitiu 48 alertas entre 0h12 e 5h45, de risco moderado ou alto, para diferentes regiões do Rio Grande do Sul, alertas esses que foram repassados aos órgãos competentes.

Além disso, o Rio Grande do Sul possui a Sala de Situação, que presta serviço de monitoramento hidrometeorológico e atua de forma articulada com a Defesa Civil e a Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura Estadual. A equipe da Sala de Situação trabalha em regime de plantão 24/7 e é composta por meteorologistas e hidrólogos.

São empregadas diversas tecnologias de monitoramento e análise das informações obtidas por meio de radares, satélites e estações meteorológicas, propiciando o adequado monitoramento das condições de chuvas, nível de rios e incidência de ventos no Rio Grande do Sul. Quando são identificadas condições que ofereçam risco, são elaborados alertas, levando-se em consideração a severidade de cada evento adverso.

Assim, a Sala de Situação envia a informação de risco ao Centro de Operações da Defesa Civil (Codec), que emite o alerta às pessoas cadastradas no 40199. Os alertas também são publicados no site da Defesa Civil Estadual, bem como nas redes sociais institucionais e, por meio das nove Coordenadores Regionais de Proteção e Defesa Civil, também alcançam os municípios.

Desde o dia 28 de agosto até às 12h44 do dia 8 de setembro, a Sala de Situação produziu e enviou 20 boletins, três avisos hidrometeorológicos e 19 alertas que geraram mensagem via SMS à população.

O estado conta com um sistema eficaz de monitoramento e alertas para casos de eventos climáticos extremos considerados dentro da normalidade. No entanto, para os casos de situações climáticas como a que atingiu o Vale do Taquari, em que a gravidade não tem precedentes, o governo já havia iniciado um mapeamento de novas tecnologias e sistemas utilizados em outros estados e países, para verificar a viabilidade da implantação em território gaúcho o mais breve possível com o objetivo principal de preservar vidas humanas.

Estão previstas no Plano Plurianual a contratação de serviço de satélite para monitoramento meteorológico, a ampliação do número de áreas de risco a serem monitoradas pela CPRM – Serviço Geológico do Brasil e a criação do Centro Estadual de Gestão Integrada de Riscos e Desastres“.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895