Baixo nível do rio Jacuí causa transtornos à navegação

Baixo nível do rio Jacuí causa transtornos à navegação

Uma das causas é a falta de chuvas regulares em função do fenômeno climático La Niña

Otto Tesche

No balneário Porto Ferreira, em Rio Pardo, o nível baixo do rio surpreende veranistas

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A queda do nível do rio Jacuí nas últimas semanas inviabiliza a navegação com embarcações maiores, principalmente entre General Câmara e Rio Pardo. Pela segunda vez nos últimos 15 dias, a medição na jusante da Barragem do Anel de Dom Marco, em Rio Pardo, apontou mais de 1 metro abaixo do normal esta semanal. O fato é atribuído à falta de chuvas regulares em função do fenômeno climático La Niña, mas também ao escoamento da água pela barragem de Amarópolis, no distrito de Santo Amaro do Sul, em General Câmara, que está com comportas estragadas. A Administração Hidroviária do Sul (AHSul) ainda aguarda autorização para o início dos reparos.

O encarregado da Barragem de Amarópolis, Edgar da Silva Rosa, afirma que não há condições de navegação, pois o rio está com apenas 2,10 m de nível no local. Segundo ele, a dragagem de areia está sendo feita rio abaixo, mais próximo de São Jerônimo e Triunfo, onde o calado permite o carregamento pelos navios. Na Barragem Anel de Dom Marco, em Rio Pardo, onde as comportas também estão abertas, a situação é semelhante. O nível normal na jusante é de 7 m, mas na quarta-feira baixou para 5,97 m. Quinta-feira voltou a subir para 6,44 m. Com isso, apenas algumas embarcações com menor peso se arriscam. "Pode estragar a hélice, até encalhar. Está chovendo muito pouco e são pancadas em alguns dias", afirma o encarregado pela barragem Vito Custódio Pinto.

O nível do Jacuí surpreende até veranistas dos balneários ao longo do rio. O aposentado Ruy Pohl, 82 anos, afirma que a extensão da faixa de areia no balneário Porto Ferreira, em Rio Pardo, é uma das maiores nos últimos anos. Três cargas de areia depositadas pela Prefeitura de Rio Pardo auxiliaram neste panorama, mas o nível baixo do rio deixa a situação ainda mais evidente. "Ano passado chegou a dar enchente e praticamente não tinha faixa de areia. Já esse ano está bem diferente", explica Pohl. O aposentado Valter Fiúza, 71 anos, morou em Rio Pardo durante 18 anos, mas vive em Santa Maria há 23 anos. Apesar de visitar a cidade com frequência, também se espantou com o aumento da faixa de areia. "Para os veranistas é ótimo. Dá para aproveitar a areia, a água está ótima", disse.

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895