Barragens do Rio das Antas não têm capacidade de regular o fluxo da água

Barragens do Rio das Antas não têm capacidade de regular o fluxo da água

Equipamentos da Ceran não conseguem reduzir altas afluências e mitigar os impactos no entorno do rio

Correio do Povo

As barragens do Rio das Antas não tem capacidade de regular o fluxo da água, pois possuem vertedouro do tipo soleira livre e tem a característica a 'fio d’água'

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Logo após as chuvas que causaram destruição e mortes de mais de quatro dezenas de pessoas no Vale do Taquari, a Companhia Energética Rio das Antas (Ceran) divulgou nota se solidarizando com todos que foram afetados pela água na região e também informou que desde o início do evento climático vem cumprindo todos os protocolos para garantir a integridade das barragens e, por consequência, a segurança da população.

Porém, alertou que, com o alto volume de água, o maior desde a construção das usinas, com uma das maiores vazões que se tem registro, o equipamento não conseguiu impedir a passagem sobre as barragens. Até porque, segundo a empresa, elas não foram construídas com esse intuito.

“Infelizmente, as barragens não conseguem reduzir altas afluências e mitigar os impactos no entorno do rio, pois as barragens da Ceran possuem vertedouro do tipo soleira livre e tem a característica a 'fio d’água', ou seja, não tem capacidade de armazenamento e nem de regular o fluxo do rio, pois todo o excedente de água passa por cima da barragem”, escreveu a empresa em nota.

O Ministério Público Federal (MPF) instaurou inquérito civil para apurar as providências adotadas em relação às enchentes que atingiram a região serrana e do Vale do Taquari no início de setembro. O objetivo é averiguar possíveis responsabilidades quanto a medidas que poderiam ter sido adotadas para mitigar e prevenir os efeitos adversos das inundações, bem como proporcionar ações de comunicação e resposta no auxílio à população atingida.

No inquérito, o MPF solicitou à Defesa Civil cópias de todas as comunicações recebidas da Ceran, sobre o monitoramento do aumento do nível das águas do rio, em decorrência das recentes chuvas. Na nota da empresa, ela garante que o monitoramento das estruturas ocorreu em tempo real e que “em nenhum momento, elas apresentaram anomalias que indicassem risco de rompimento, o que não levou ao acionamento das sirenes de emergência. Reforçamos que todos os protocolos de segurança de barragem foram cumpridos durante o evento, incluindo as comunicações com as Defesas Civis dos municípios, que atuaram junto à população”.


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