Base Aérea de Canoas deu asas à inclusão neste sábado

Base Aérea de Canoas deu asas à inclusão neste sábado

Atividade voltada às pessoas com deficiência intelectual e motora mostrou que todos têm direito a momentos de alegria e diversão

Christian Bueller

Evento Asas pela Inclusão ocorreu em Canoas

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Com origem no latim, a palavra “inclusão” vem do verbo ‘includere’ e significa “colocar algo ou alguém dentro de outro espaço”, “entrar num lugar até então fechado”. É uma demanda de uma faixa significativa da população brasileira: mais de 18 milhões de pessoas (8,9%) têm algum tipo de deficiência, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em consonância com os tempos atuais, em que barreiras têm sido quebradas contra o descaso e a discriminação, um evento na Base Aérea de Canoas (Baco), na região metropolitana, voltou os olhos para assistidos por associações especializadas da cidade. O “Asas pela Inclusão” divertiu centenas de crianças, adultos e idosos neste sábado.

Baco e V Comando Aéreo Regional (V Comar), com apoio da Prefeitura de Canoas, realizaram a segunda edição da atividade institucional, voltada às pessoas com deficiência intelectual e motora, disponibilizando uma série de atrações desenvolvidas pela Força Aérea. Entre elas, oficinas recreativas e de atendimento hospitalar e de educação de saúde, promovida pelo Hospital de Aeronáutica de Canoas (Haco), a exposição de aeronaves e equipamentos militares, além da demonstração operacional dos Cães de Guerra e da Equipe de Contra-incêndio da Base.

Segundo o comandante V Comar, major-brigadeiro do ar Marcelo Fornasiari Rivero, a ação, exclusiva para pessoas com deficiência e acompanhantes, foi uma forma de dar um espaço com a tranquilidade e acolhimento necessários para que pudessem aproveitar o passeio. “Pensamos, inclusive, nos pais, que costumam sofrer ao verem os filhos discriminados, sem poderem levar seus filhos a visitas como esta. Espero que entre no calendário, cada vez com mais participação e estrutura. O brilho no olho deles não tem preço.”, afirmou.

Para o major-brigadeiro Rivero, eventos como este também fazem bem para quem os promove. “Trabalha nossos valores internos. O militar, de modo geral, tem uma vida saudável e confortável e, muitas vezes, não convivemos com muitas destas situações por que passam a sociedade. Isso aquece a nossa alma”, confessa. A exposição estática contou com aeronaves F-5M Tiger, do 1º/14 Grupo de Aviação (1º/14 GAV), Esquadrão Pampa, o P-95 Banderulha, do 2º/7º Grupo de Aviação (2º/7º GAV), Esquadrão Phoenix, o C-95M Bandeirante e o C-98 Caravan, do 5º Esquadrão de Transporte Aéreo (5º ETA), equipamentos do 1º Grupo de Defesa Antiaérea (1º GDAAE). O Exército Brasileiro participou, expondo uma viatura blindada Guarani, uma viatura Agrale Marruá e duas motocicletas batedoras da Polícia do Exército.

Felicidade estampada no rosto

Logo que adentraram ao hangar do 1º/14 Grupo de Aviação, os gêmeos Rodrigo e Leonardo, nove anos, em meio a tantas aeronaves em exposição, correram direto para uma réplica do 14 Bis, avião construído pelo inventor brasileiro Alberto Santos Dumont em 1906. “É muito legal”, suspiram, quase em uníssono. Levados pela mãe, Deize, e a irmã mais velha, Eduarda, 14 anos, quase não piscavam, de tanta empolgação.

Em uma cadeira de rosas, a sorridente Mariana Dias, 12 anos, respondia com cumprimentos com a palma da mão sobre o bem-estar que sentia naquele momento. Atendida pela Associação Pestalozzi de Canoas, ela era conduzida pela mãe, Simone. “A inclusão está se expandindo, hoje em dia, com coisas que nossos filhos não tinham oportunidade antigamente”, saúda, sem deixar Mari perder nenhuma atração do evento, que incluía a participação da Banda de Música da Baco.

Alessandra Teixeira tirou fotos e filmou o filho Bernardo, de cinco anos, que foi um dos que entraram em uma das aeronaves expostas no evento. “É muito bom uma atividade assim porque se é aberta a todos os públicos assustam eles”, conta a mãe do menino atendido por um dos Centros de Capacitação, Educação Inclusiva e Acessibilidades (Ceia) de Canoas.

Coordenadoras de Ceias na cidade, Emília da Costa e Tatiana Cardoso, atendem, em cada local, mais de 300 pessoas. “Batalhamos pela inclusão total, mas este tipo de evento é maravilhoso e eles vieram com muita ansiedade e alegria”, opinou Emília. Nos Ceias, os assistidos têm acesso a profissionais dos ramos de Psicopedagogia, Psicologia, Fonoaudiologia, Psicomotricidade e os pais participam de grupos. “Os militares estavam bem preparados para receber os nossos meninos”, diz Tatiana.

A segunda edição do “Asas pela Inclusão” contou, ainda com a parceria da Federação das Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais do Estado do Rio Grande do Sul (Feapaes), Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apaers), Associação Pestalozzi de Canoas e o Conselho Municipal dos Direitos das Pessoas com Deficiência (Comdip) de Canoas.


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