Bloqueios nas rodovias preocupam setor de alimentos e do varejo

Bloqueios nas rodovias preocupam setor de alimentos e do varejo

Entidades saientam que problemas poder ser causados com a continuidade do fechamento das vias

Taís Teixeira

Manifestação contra o resultado das eleições

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O fechamento parcial e total de rodovias de várias partes do país pelos apoiadores do atual presidente Jair Bolsonaro (PL), como ato de protesto pela derrota à reeleição perdida para o opositor Luiz Inácio Lula da Silva (PT), deixou em alerta os segmentos econômicos que atuam no abastecimento de insumos para a população gaúcha. As manifestações têm impedido, e /ou atrasado, a passagem de veículos de carga, o que pode estragar matérias-primas e produtos e causar perdas financeiras.

Desde o último domingo de eleições, manifestantes estão ocupando alguns trechos de estradas federais e estaduais movimentadas e bloqueando a pista com pneus queimados, o que está exigindo trabalho redobrado do efetivo de policiais militares (PMS) e policiais rodoviários federais (PRFS). Mesmo com a determinação  do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, a desocupação tem sido  gradual. Antes que a situação piorasse, algumas entidades emitiram notas de posicionamento diante destes acontecimentos que demonstram repúdio e descontentamento dos bolsonaristas com a vitória do petista.  

O presidente da Federação Varejista do RS, Ivonei Pioner, disse que entende que as manifestações fazem parte do exercício da liberdade de expressão e são legítimas, desde que feitas de forma ordeira e pacífica. “Defendemos que não se limite o direito de ir e vir do cidadão, assegurado em nossa Constituição”, afirma, reforçando que a desordem e a desunião nada agregará. 

Essa também é a percepção do presidente do Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal do Rio Grande do Sul (Fundesa-RS), Rogério Kerber, o qual destacou que  está em  contato com os setores de produção. “Neste segundo dia já se sentiu  as limitações na movimentação dos animais, transporte de insumos para a produção de rações, e da ração para a alimentação dos animais alojados. O fluxo de contêineres tanto para chegar quanto para sair com comprometimento.Se permanecer situação poderá haverá agravamento da situação”, prevê.

O secretário-executivo do Sindicato do Sindicato da Indústria de Laticínios do Rio Grande do Sul (Sindilat-RS)  Darlan Palharini, disse que o momento é de atenção, pois o leite é um um alimento vivo e tem tempo máximo de 24 horas para ser coletado nos tanques resfriadores das fazendas. Ele esteve na tarde de terça-feira na região de Passo Fundo, onde se detectou pequenas perdas. O gestor relata que houve um bloqueio em uma das vias entre Ijuí e Cruz Alta, que preocupa o setor, pois o local concentra cerca de 50% da produção de leite do Estado. “Pelo que vi, o movimento se esvaiu pela tarde, mas percebi pessoas com barracas por ali, o que me preocupou”, contou. Palharini explica que se esses fechamentos completarem 48 horas, vai começar a ter prejuízo para produtores ( que somam 40 mil no RS) e indústrias (mais de 230 operando no setor de lácteos).  “Temos uma produção diária em torno de 12 milhões de litros, uma quantidade muito representativa que acaba tendo que transitar por todas as estradas e esses bloqueios têm efeito”, explica, ressaltando que o RS é o terceiro maior produtor de leite brasileiro. 

A Associação Gaúcha de Supermercados(AGAS) informou, por meio de assessoria,  que houve algumas questões pontuais de desabastecimento,mas que foram normalizadas ao longo do dia.


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