BM cumpre medida judicial e pede saída de manifestantes das imediações do CMS em Porto Alegre

BM cumpre medida judicial e pede saída de manifestantes das imediações do CMS em Porto Alegre

Comandante do 9º Batalhão solicitou a retirada das barracas que estão no local

Felipe Faleiro

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Manifestantes seguiam reunidos na manhã desta quinta-feira entre as ruas Sete de Setembro e Padre Tomé, no Centro Histórico de Porto Alegre, junto ao Comando Militar do Sul (CMS), no 18º dia seguido de mobilizações após o segundo turno das eleições, vestidos de camisetas verde-amarelas e portando bandeiras do Brasil. As barracas montadas na via continuavam, assim como as barreiras instaladas pela Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), que continham faixas postas pelos integrantes do protesto.

Cumprindo uma medida judicial, o comandante do 9º Batalhão da Brigada Militar, tenente-coronel Schmidt, pediu mais cedo a manifestantes insatisfeitos com o resultado das eleições a desobstrução das vias do entorno. "Eu falo em nome da Brigada Militar, é uma fala institucional. Sei que é um movimento pacífico, no entanto, nós temos uma determinação judicial para a desobstrução da via. Nós precisamos que as barracas sejam retiradas daqui", disse ao grupo. Porém, a ação foi frustrada, de acordo com os manifestantes, após diálogo entre eles, BM e Exército, da mesma forma como ocorreu na noite do último dia 11.

Nas redes sociais, pessoas que participam do protesto classificaram a ação como “boicote”, e disseram que “ninguém sai da porta dos quartéis”. Desde o término das eleições, que decretaram a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva na presidência da República, apoiadores do candidato derrotado, Jair Bolsonaro, se instalaram nas imediações do CMS para protestar por conta do resultado.

No começo desta semana, durante o feriado de Proclamação da República, a mobilização ganhou mais força, com muitas pessoas munidas de bandeiras do Brasil, camisas da Seleção Brasileira e entoando músicas patrióticas. Na ocasião, uma marcha de veteranos militares foi realizada, reunindo dezenas deles. Pessoas de vários locais da região Metropolitana estiveram presentes, a partir de chamamentos feitos em grupos de redes sociais. No protesto, os manifestantes alegam ser contra o que chamam de “fraude nas urnas eletrônicas” e à “ditadura do Judiciário”, além de pedir o “fim do comunismo” e o apoio das Forças Armadas. 

No final da tarde de ontem, a Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP) afirmou, em reunião do gabinete de crise criado pelo governo do Estado especificamente para tratar dos protestos, que a manifestação, em frente a sede do Tribunal de Contas do Estado (TCE), e que ocupa uma quadra da Padre Tomé, era o principal ponto de atenção. A ação da BM na manhã de hoje sucedeu a decisão do colegiado em “ampliar a negociação com os manifestantes” visando a desobstrução da via.

O gabinete segue determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), do dia 11, portanto na data da ação anterior da BM em Porto Alegre, para que fossem desbloqueadas todas as vias ocupadas por manifestações no país. O governador Ranolfo Vieira Júnior, coordenador do grupo, disse na ocasião que o governo pretendia “seguir nessa linha do convencimento até a liberação total da via, conforme indica a lei”, bem como identificar, e eventualmente responsabilizar, “pessoas que financiam toda a infraestrutura que ainda mantém esses protestos”, afirmou Ranolfo.

Já o diretor-presidente da EPTC, Paulo Ramires, afirmou que a aglomeração na via não apresentava “relevância para o trânsito do entorno”, e o comandante-geral da BM, coronel Cláudio dos Santos Feoli, disse que há o monitoramento diário da Padre Tomé e entorno, além de haver um contato direto com todas as demais forças de segurança. “As manifestações com um maior número de pessoas são sazonais no local. Por isso, estamos investindo na negociação, e o número de pessoas está reduzindo”, comentou Feoli.


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