Bolsonaristas prometem virar a noite no Centro de Porto Alegre para dar seguimento a protesto

Bolsonaristas prometem virar a noite no Centro de Porto Alegre para dar seguimento a protesto

Apoiadores de Jair Bolsonaro não aceitam derrota do presidente e pedem intervenção federal

Taís Teixeira

Bolsonaristas vão passar na noite nas mediações do Comando Militar do Sul

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Churrasco, suprimentos, barracas, carro de som, discursos inflamados e orações. Esse é o cenário nas mediações do Comando Militar do Sul (CMS) na terça-feira por volta das 22h, no Centro Histórico de Porto Alegre. Tudo isso começou de dia e  foi organizado por um grande grupo de apoiadores do atual presidente Jair Bolsonaro (PL), que prometeram pernoitar no local como forma de protestos pela vitória do oponente, o petista Luiz Inácio Lula da Silva. O objetivo é manifestar repúdio ao resultado das eleições e exigir intervenção federal.

Foto: Fabiano do Amaral

Uma larga bandeira foi estendida e era balançada pelos apoiadores enquanto oravam. Depois, o principal símbolo nacional foi estendido no chão e crianças pequenas corriam e brincavam em cima.

Um caixão e um boneco representando o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, faziam alusão ao entendimento unívoco do movimento, que é de “morte à democracia”, com o retorno da esquerda ao governo federal. 

O cirurgião dentista Paulo Figueiró Sobrinho conta que a manifestação não tem liderança única e que se trata de um movimento orgânico de indignação pela forma como as eleições foram conduzidas. Segundo ele, a imprensa foi censurada e não pode mostrar o histórico de Lula e que houve interferência de outros poderes que favoreceram a vitória do adversário de Bolsonaro. Sobrinho conta que os apoiadores de todo Brasil estão unidos em torno dessa causa.

 

Um grupo de senhoras se organizou com gazebo, cadeiras e compras  para pernoitar. Elas estão inseridas nos protestos desde segunda-feira. A pensionista carioca Jane Vilella  entende  que o movimento é de não aceitação ao resultado eleitoral “que elegeu um ex-presidiário ao poder”, disse.

Foto: Fabiano do Amaral

A eletricista Florinda Andrade reiterou que não vão sair dali enquanto não forem ouvidos, evocando o artigo 1º da Constituição Federal/1988, que diz que “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos”. “Só iremos sair quando formos ouvidos. Não é pelo Bolsonaro, é pelo nosso país, amor ao nosso país”, clamou. 

A técnica de enfermagem, Luisenia Gomes Paz, disse que está morando na Alemanha e veio para votar “por amor ao Brasil”. Eu não voltei para lutar pela minha nação por respeitar meus pais que trabalharam anos no campo e não sairemos daqui enquanto não houver intervenção federal”, enfatizou.

Movimentos surgiram em todo o país desde que houve o anúncio da vitória de Lula, nas eleições presidenciais no último domingo. Bloqueios de rodovias federais e estaduais também estão entre os atos ordenados pelos apoiadores, que não aceitam o saldo das urnas. O presidente Jair Bolsonaro, que tentava a reeleição, fez  primeiro pronunciamento na terça-feira à tarde, quando disse que vai seguir a Constituição e criticou manifestações que impedem o direito de ir e vir. 


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895