Bombeiros atendem a um vazamento de gás por dia em Porto Alegre em 2024

Bombeiros atendem a um vazamento de gás por dia em Porto Alegre em 2024

Síndico de condomínio atingido nesta semana explica atendimento da ocorrência e evacuação dos moradores

Felipe Faleiro

Condomínios precisam ter cuidados redobrados com instalações de gás

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Em 2024, o Corpo de Bombeiros Militar do RS (CBMRS) atendeu a uma média de uma ocorrência por dia em Porto Alegre relacionada a vazamentos de gás, conforme dados da corporação solicitados pela reportagem. Foram 12 desde 1º de janeiro até a manhã desta sexta-feira, contra 97 em todo o ano de 2023 e 103 em 2022. Emergências relacionadas a isto são relativamente comuns, segundo síndicos consultados, porém, no geral, os próprios condomínios têm protocolos de segurança para evitar acidentes ou pessoas feridas.

“Quando houve a explosão do (condomínio) Alto São Francisco, as pessoas dos demais ficaram muito alarmadas, e houve até uma certa desinformação no nosso caso”, afirmou Douglas Schena, síndico do Condomínio Jardim Boulevard, no bairro Sarandi, zona norte da Capital. O complexo em questão, construído pela Tenda, assim como o Alto São Francisco, sofreu um vazamento por volta do meio-dia da última quinta-feira e os moradores do bloco 4, em torno de dez famílias, chegaram a ser evacuadas pelos Bombeiros, porém a situação foi rapidamente controlada.

Schena disse que o problema, no caso do Boulevard, foi causado pelo escape de gás em uma válvula na central de GLP deste bloco, causando alarme nos habitantes acima. O procedimento, neste caso, envolve acionar técnicos da companhia fornecedora de gás, o que foi feito, porém, na opinião dele, como havia o trauma prévio da explosão de uma torre do Condomínio Alto São Francisco, os Bombeiros acabaram acionados. Explicando sobre a evacuação, ele contou que os agentes foram em cada apartamento e solicitaram para os moradores “aguardarem uma hora no lado de fora”.

“Saíram informações incorretas, como que estávamos sem gás havia semanas, ou que a evacuação teria sido caótica”, reforçou. O chefe do setor de Análise da Divisão de Segurança Contra Incêndio (DSCI) do CBMRS, capitão Gustavo Vasconcelos, ressalta que a apuração da responsabilidade das instalações de gás dentro dos apartamentos é dos moradores, e nos condomínios, do síndico e do responsável técnico do Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndios (PPCI), no caso, o engenheiro ou arquiteto.

“Toda a rede precisa ser testada antes da ativação, confeccionando-se o laudo de estanqueidade com amparo em todas as normas aplicáveis. As construtoras sabem disto e, por isso, raramente os problemas de vazamento se originam de falha da própria rede”, afirmou ele. O laudo de estanqueidade é emitido por um responsável técnico, segundo o capitão, depois do teste de pressão do sistema de gás. Caso não seja aprovado, pode haver interdição, o que chegou a acontecer no Boulevard, conforme Schena, porém não por uma falha em si, mas pelo prazo curto solicitado pelos Bombeiros.

“Não há como a fornecedora de gás terminá-lo em 24 horas”, disse o síndico, que protocolou pedido de revisão e foi inicialmente atendido. Ontem, funcionários da fornecedora estiveram no local para realizar novas análises. Vasconcelos justifica que o documento é importante pela segurança dos moradores. “Todos os condomínios com rede de gás natural ou central de GLP deveriam, no máximo de cinco anos, que é a validade máxima do APPCI (alvará do PPCI), providenciar novo laudo, o que implicaria revisão todo o sistema”, diz ele. No entanto, ele observa que o ideal e mais seguro é a inspeção anual da mesma,

De qualquer forma, as normativas que regem a segurança das instalações de gás a partir das redes internas para o interior das edificações e unidades residenciais estão previstos no item 4.6 da Resolução Técnica do CBMRS 01/2022, bem como normas do Inmetro e Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Sem isso dentro da conformidade, um prédio não pode ser liberado para habitação.

Cuidados e orientações em caso de vazamentos

O chefe do DSCI do Corpo de Bombeiros afirma que alguns dos cuidados para evitar vazamentos são a manutenção de itens como bocas de fogão sempre bem fechadas, e, em caso de dúvidas em condomínios, o morador pode pedir ao síndico o laudo de estanqueidade da rede. “Caso se sinta qualquer odor indicativo de vazamento, a orientação é não acionar nenhum equipamento elétrico, nem mesmo interruptor de luz. Também não desligar o disjuntor dentro da residência, pois pode produzir faíscas. As janelas e portas podem ser abertas e o local deve ser evacuado”, ressaltou Vasconcelos.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895