Caminhoneiros gaúchos aguardam liberação de pista na Cordilheira dos Andes após ponte desabar

Caminhoneiros gaúchos aguardam liberação de pista na Cordilheira dos Andes após ponte desabar

Estragos provocados por nevasca e queda de pedras interrompem trânsito na divisa entre Chile e Argentina

Felipe Samuel

Aduana de Uspallata, na província de Mendonza, na Argentina, abriga cerca de 600 caminhões

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Por conta dos estragos ocorridos na Cordilheira dos Andes há mais de duas semanas, caminhoneiros brasileiros, uruguaios, paraguaios e bolivianos estão parados na estrada que cruza os Andes, entre Mendoza, na Argentina, e Santiago, no Chile. Devido a nevascas e deslizamentos de pedras, uma ponte localizada na Ruta 60, do lado chileno, desabou. Em função disso, as autoridades bloquearam o trecho, que é utilizado para acessar o Caminho Internacional de Cristo Redentor. Outras rodovias também estão com trânsito interrompido em função da presença de pedras na via, deixando cerca de 4 mil motoristas empenhados.

Após semanas de limpeza, o trânsito deve começar a ser liberado nesta sexta-feira do lado argentino. Por conta dos problemas enfrentados pelos caminhoneiros gaúchos na região das cordilheiras, o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Carga de Linhas Internacionais do Rio Grande do Sul (Sindimercosul) mantém contato com o governo federal em busca de auxílio para a categoria. O presidente da entidade, Plínio Fontella explica que a ponte do lado chileno caiu em função de uma enxurrada e da nevasca, deixando milhares de caminhões parados na divisa entre os dois países.

É o único caminho para chegar a Los Andes. Mas do lado argentino, onde fica boa parte dos caminhões, a a situação crítica. São cerca de 4 mil caminhões, dos quais 40% de uruguaianenses, afirma. Conforme Fontella, o Sindimercosul buscou apoio do consulado brasileiro em Mendonza. Por ora, os brasileiros contam com ajuda do sindicato dos motoristas argentinos. “De dois em dois dias eles entregam meio quilo de batata e meio quilo de cenoura, além de água mineral. Muitos não têm como sair do local porque roubam caminhão”, afirma.

Parado há duas semanas na aduana de Uspallata, na província de Mendonza, na Argentina, o gaúcho Luiz Evandro Corrêa Antunes deixou Uruguaiana com uma carga de produtos químicos e chegou ao local em 23 de junho, quando foi obrigado a interromper a viagem até Santiago, no Chile. A parada se deve por conta da nevasca que atingiu a região. Outros colegas chegaram dias antes ao local, quando o trânsito já estava bloqueado. “Recebemos apoio do Exército e da polícia argentinas. Todos os dias ao meio-dia um caminhão distribui sopa ou alguma comida diferenciada e água”, observa.

Mas para quem está desprevenido, os desafios da viagem são maiores. “Tem colegas que vêm só com o básico para quatro dias. Quem não está preparado já começa a passar trabalho e procurar suporte”, alerta. Em Uspallata, onde cerca de 600 caminhões estão parados, os motoristas contam com uma estrutura de seis chuveiros. Todo dia o pessoal toma banho, mas tem momentos que fica gelado, porque a água é aquecida”, destaca. No inverno tem que vir preparado tanto com comida quanto com coberta. Ontem fez - 4 ºC. Não tem o que fazer, é um fenômeno da natureza”, completa.

Segundo comunicado de autoridades chilena, o trânsito no chamado Sistema Integrado Cristo Redentor, que envolve a ruta 60, deverá ser liberado parcialmente nesta sexta-feira do lado chileno. Com isso, caminhões, ônibus e automóveis serão liberados para seguir em direção à Argentina. Em função do grande número de veículos na Argentina, nos dias 8 e 9 serão permitidas a passagem a passagem apenas de caminhões em direção ao Chile. O fluxo seguirá intercalado nos dias seguintes. Nos dias 10 e 12, os veículos poderão se dirigir da Argentina ao Chile, e nos dias 11 e 13, no sentido contrário.  

 


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